Noites vivas - Jikook

67. A história de Taehyung

 Taehyung era destemido, espontâneo e inteligente. A peculiaridade de seus gestos era adorável e ele era muito doce comigo. Quando pedi que fechasse todas as portas e janelas, ele me ouviu sem questionar e me perguntou se havia algo mais que eu quisesse e ele prontamente o faria. Eu não conseguia entender como eu o havia atraído, até mesmo porque, tirando a minha confissão sobre a minha solidão, tudo que eu havia dito a ele sobre mim eram mentiras. Se ele estava apaixonado, mesmo que eu fosse deixá-lo logo, achava justo que soubesse um pouco mais de mim. Sem especificar que tipo de criatura eu era, expliquei sobre o grupo que eu acompanhava, porque estávamos ali e como teríamos que ir embora muito em breve. Taehyung se entristeceu um pouco ao ouvir que realmente não me teria ali com ele por muito tempo, mas mesmo sabendo daquilo, voltou a se aproximar de mim. Eu ainda negava os beijos na boca, mas não pude evitar o desejo que ele me causava. Nunca ninguém havia se aproximado de mim daquele jeito. Foi muito surpreendente ver cada reação dele a mim e a forma como ele se entregava me deixou encantado. Eu acho que foi ali que me apaixonei de verdade, mas só percebi muito tempo depois. Naquele no momento eu só queria sentir tudo que ele podia me oferecer, todo aquele mundo novo de sensações.

Passamos a manhã e depois a tarde toda juntos. Eu mal percebi o tempo passando, e Taehyung havia escolhido deliberadamente esquecer suas obrigações. À noite, nos despedimos e voltei para a propriedade onde estávamos abrigados naquele período. Os hyungs estavam preocupados. Disseram que ouviram boatos de que um destacamento militar japonês estava na região. Era difícil ter certeza, mas talvez estivessem nos procurando em retaliação ao que fizéramos à Sada, já que ela tinha seus contatos no exército, então deveríamos ser mais discretos. Decidimos que iríamos embora dali a um dia.

Eu tinha medo, muito medo. Não queria deixar meus hyungs em risco e tinha agora a responsabilidade que tomara para mim de cuidar de Jimin e novamente ajudar Seokjin. No entanto, não podia pensar em deixar Taehyung me esperando na manhã seguinte, já que havíamos combinado de fazer assim. Mesmo com medo, eu havia me decidido a ir vê-lo, usando de toda cautela possível para não ser visto.

Naquela manhã, eu queria apenas dizer que não íamos nos ver mais. Mas acabei fazendo com que ele tomasse uma escolha difícil.

Taehyung chegou em sua bicicleta. Tinha duas flores do campo nas orelhas e ao me ver sorriu, me beijou a bochecha e colocou uma das flores na minha orelha. Senti meu coração apertar ainda mais. Ele queria que eu subisse em sua garupa novamente e eu, com o coração aflito, disse que só tinha vindo me despedir. Taehyung segurou meu braço, olhou nos meus olhos, pediu pra eu me despedir dele direito e eu, mais uma vez, não resisti. Eu não sentia medo ao lado dele e esqueci todos os problemas. Voltamos a seu quarto, passamos lá toda a manhã. Taehyung não queria que eu fosse embora e eu não podia mais ficar ali, porém também não podia sair do lugar porque a luz do sol me queimaria. Eu tinha que aprontar minhas coisas para partir. Os hyungs e Jimin deviam estar me procurando novamente, e não queríamos ser pegos.

Insisti que Taehyung me deixasse dormindo e voltasse para seus afazeres. Eu também não queria que ele deixasse de estudar ou trabalhar por minha causa. Eu planejava roubar os lençóis dele e usá-los para me cobrir do sol assim que ele me deixasse sozinho, mas ele queria ficar comigo cada minuto que nos restasse. Enfim, Taehyung decidiu buscar comida com sua mãe. Eu menti dizendo que estaria ali, dormindo no sofá, quando ele voltasse.

Fui embora a tempo de vê-lo voltar, carregando sorridente um de seus irmãos no braço, e um pote com comida no outro braço. Não fosse o sol queimando minha pele, eu teria voltado imediatamente para aquela visão adorável.

Me desculpei com os hyungs quando nos reencontramos e começamos a nos preparar para sair. Namjoon cuidou das minhas queimaduras que foram brandas por eu ter me coberto, mas ainda faziam minha pele arder e limitava meus movimentos. Ele me deu uma bebida que preparou com pétalas de mugunghwa e colocou emplastros onde as feridas eram mais graves. Até que fosse noite novamente, eu estava bem.