41. Reencontro com Sada

37 5 1
                                    

Na mente de Jungkook, depois de deixar o laboratório de Namjoon, todos os fatos pareciam flashes desconexos consecutivos. Jimin encerrou os preparativos por Jungkook e em seguida todos se reuniram na biblioteca novamente, eles entraram num carro e saíram da propriedade, indo parar em um pequeno heliporto particular, não muito longe da área afastada onde viviam. Yoongi tomou controle de um helicóptero que esperava por eles, e em pouco tempo estavam em Daegu, onde Sada havia sugerido que se encontrassem.

Se ela estava escolhendo aquele ponto de encontro, queria surpreendê-los. Mas Yoongi era de lá, e ao retornar à Coreia sempre passava os primeiros dias por lá. Podia não conhecer mais a região tão bem quanto nos períodos que vivera ali, mas ainda tinha na memória conhecimentos sobre a geografia do lugar que os cidadãos atuais do local já não tinham por terem se entregue às limitações da vida urbana. Nessas visitas ao lugar onde uma vez vivera a séculos atrás, Yoongi compartilhava com seus conterrâneos alguns conhecimentos sobre como a cidade estava atualmente.

Ao pousarem, Seokjin, que havia tagarelado por toda a viagem, tentando animar os passageiros do helicóptero com suas melhores frases encorajadoras, calou-se. Era um sinal de que tudo estava sério demais. O pouso noturno havia sido feito em um heliporto no alto de um prédio. Não havia mais ninguém no local, como exigido por Yoongi, que usou apenas sua própria habilidade para fazer as manobras.

Os funcionários daquele hotel luxuoso estavam acostumados a satisfazer as vontades de seus hóspedes sem questionar muito, então usando apenas a influência monetária, foram convencidos a realizar os desejos incomuns daquele grupo de homens. Jimin desceria o elevador acompanhando Danbi para encontrar com Sada no primeiro andar, no saguão da recepção. Enquanto isso, Jungkook e Yoongi iriam descer pelas escadas, longe de câmeras que pudessem denunciá-los casa Sada estivesse exercendo sua influência sobre o hotel também, e assim estivesse os espionando pelas câmera. Eles entrariam no quarto que Jimin havia reservado, usando uma chave que já esperava por eles. Jungkook não precisava estar lá, mas todos concordaram que ele poderia ir, caso desejasse. Embora estivesse ansioso, ele queria entender o que estava acontecendo já que seu próprio sangue era a arma principal e o destino de sua família podia estar ligado a como os fatos se desenrolassem naquela noite. Ficar longe daquilo provavelmente o deixaria ainda mais inutilmente ansioso.

Embora temessem que tudo pudesse estar sob o controle de Sada, tinham que se arriscar e crer que eles é que estavam armando uma armadilha para ela e não o contrário. Era a única opção deles. Namjoon e Seokjin iriam descer alguns andares pelas escadas de serviço do lado de fora, até que estivessem numa altura paralela à cobertura do prédio ao lado. Eles tinham um equipamento para conectá-los ao outro prédio, e da cobertura dele desceriam também sem ser vistos pelo elevador e esperariam nas laterais do saguão de entrada, onde teriam visão privilegiada para acompanhar o encontro inicial entre Jimin e sua antiga captora.

Jungkook havia descido as escadas para o quarto enorme e extravagante, em um dos andares superiores. Enquanto Yoongi trancava as janelas e portas, Jungkook viu pela janela, as silhuetas de Namjoon e Seokjin cruzando o céu noturno, alguns andares acima deles. Os olhos humanos provavelmente não enxergariam com tanta clareza naquela escuridão, mas era aterrorizante ver suas roupas sendo fortemente agitadas pelo vento. Os dois, acostumados com a imortalidade e confiando no equipamento de alpinismo comprado e adaptado por Yoongi, caminhavam com confiança. Jungkook olhou para baixo e percebeu que a altura era grande. Ele não costumava ter medo de altura, mas sentiu-se enjoado e a vertigem o aterrorizou, embora estivesse seguro. Provavelmente estava apenas nervoso.

Yoongi percebeu que Jungkook se afastava de maneira não muito confiante da janela, e depois de trancá-la, puxou o mais jovem por uma porta camuflada na parede, quase imperceptível, a qual ligava o quarto a um cômodo lateral, onde se esconderiam. Ele fez Jungkook se assentar no chão ao lado da porta.

-Você vai ficar bem? – perguntou, vendo que Jungkook tremia e suava frio. – Não tem realmente perigo nenhum, você pode ficar tranquilo.

Jungkook abraçou as pernas e respirou fundo, tentando pensar o mais friamente possível. Talvez Yoongi tivesse perdido sua sensibilidade a vidas humanas, muito mais frágeis que as deles. Realmente, não havia perigo para eles, no entanto suas pernas não paravam de tremer porque Jungkook pensava o tempo todo que se algo desse errado sua família poderia se ferir... ou pior. Apesar de não correr nenhum risco no momento, e ainda por cima estando seguro ao lado de Yoongi, saber que Jimin e Danbi se aproximavam de Sada também era aterrorizante, mesmo que houvesse um plano praticamente infalível para vencê-la.

-Se você não for ficar bem, Jungkook, - Yoongi havia se abaixado e estava com os olhos na mesma altura que Jungkook - é melhor que saia.

-Vocês precisam de mim! – Jungkook suplicava, não por achar que era importante naquele plano, mas porque queria estar por perto e saber o que aconteceria. – Eu vou ficar!

-Então respire fundo e fique calmo. – aconselhou Yoongi, dando algumas palmadinhas no ombro do outro - Se for pra estar aqui, você tem que estar concentrado, pronto para ouvir meu comando e agir conforme eu falar.

Ele tinha razão. E Jungkook seguiu o conselho dele. Respirou fundo algumas vezes e deixou os músculos das costas, até então tensos, relaxarem contra a porta.

Yoongi sentou-se ao seu lado para esperarem a chegada de Sada e Jimin. Entregou a Jungkook cordas resistentes e carregava na mão um disparador de dardos com tranquilizantes em alta dose, para que Sada fosse levada discretamente. Não demorou muito e ouviram uma voz feminina entediada conversando com Jimin em japonês. Jungkook não entendia nenhuma palavra do diálogo, mas o tom das vozes era suficientemente amigável. Haviam combinado com Jimin palavras-chave que indicasse quando pudessem entrar no quarto. Yoongi olhou o relógio, colocando-se silenciosamente a postos para interromper a conversa e imobilizar Sada e indicando que Jungkook também se preparasse. Em breve, executariam a parte final do plano. Mas Jimin nunca dizia que "Tóquio não para de crescer.", a frase que haviam combinado como sinal. Jungkook duvidou se Yoongi havia prestado atenção suficiente naquela conversa e questionava se ele havia deixado passar a deixa por ser em outra língua. Mas a expressão facial dele era de atenção plena, e com o tempo a testa do mais velho começou a se franzir. Ele também estava se perguntando porque Jimin não dizia sua frase. Do lado de fora, Namjoon e Seokjin já deviam ter derrubado a guarda que esperavam que acompanhasse Sada e provavelmente já estavam esperando que a porta fosse aberta por Jimin para que se juntassem a eles para remover Sada dali.

Yoongi tirou o celular do bolso e digitou algumas palavras, e depois mostrou a tela do aparelho para Jungkook. Era uma mensagem que havia enviado a Namjoon e Seokjin. "Ela está se despedindo. Vai se deparar com vocês na entrada." Não fazia sentido. O plano era tão claro e simples, porque Jimin havia mudado de ideia?

Yoongi parecia pesar cada possibilidade que havia e acabou se decidindo por invadir o quarto mesmo assim. Indicou com um gesto que Jungkook se preparasse e este imediatamente obedeceu. Calmamente, abriu a porta com o máximo de silêncio, então saltou para dentro do quarto rapidamente e atirou um dardo tranquilizante que acertou Sada nas costas. Ela ainda deu alguns passos e se agarrou à maçaneta, mas logo cedeu e caiu de joelhos e depois de frente para o chão. Danbi permaneceu estática, mas Jimin estava exaltado e gritava repetidamente "Não, não! Ela precisa estar acordada!". Namjoon e Seokjin haviam passado pela porta que Sada começara a abrir. Carregavam nos ombros os corpos inertes de um homem e de uma mulher e os deixaram sobre a cama.

E então Jungkook passou por Danbi, e foi obedientemente na direção da mulher caída no chão. Virou-a para si e percebeu como ela, contrariamente à fama que a precedia, era bonita e delicada. Seus lábios eram pequenos e cheios e os olhos arredondados semiabertos pareciam vivos, mesmo que ela estivesse quase sem consciência. Enquanto a amarrava, conforme havia sido instruído a fazer, percebeu como ela era pequena. Apesar de não parecer ser tão jovem, vestia-se de algum modo lembrando uma boneca, com um vestido de lã azul claro de mangas compridas que ia até abaixo de seus joelhos e meia-calça branca. O casaco também azul que acompanhava as roupas tinha uma gola que tornava o visual clássico, e estava agora jogado no chão, ao lado da mão já sem forças para segurá-lo. A única coisa que indicava que havia algo de pouco convencional naquela mulher eram as mechas de cabelo cor de prata que pendia solta do lado direito de seu cabelo preso em um rabo de cavalo.

Ali, frágil e sem consciência, ela não tinha nada de amedrontador, e agora Jungkook questionava se era por isso que Jimin não quisera que ela fosse atacada como planejado.

Noites vivas - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora