Noites vivas - Jikook

70. No quarto

 Jungkook e Jimin atravessaram o saguão lado a lado. Jimin pretendia deixar que Jungkook tomasse a iniciativa de cada movimento, então deixou que ele escolhesse se iriam andar de mãos dadas ou não, se parariam para falar com Danbi que acenou sorridente da recepção ou se seguiriam direto em direção ao elevador. Fazia-o feliz deixar o outro experimentar e acompanhá-lo no que quer que fosse.

Jungkook não se sentia completamente confortável na posição de escolher tudo o que fazer, mas queria usar aquela noite para de fato descobrir um pouco mais do que gostava e o que queria. Estava aprendendo que queria dividir essas decisões, por menores que fossem, com Jimin e estava decidido a falar sobre todas as expectativas e hábitos que os dois pudessem ter. Depois do sexo, claro. Até então, no caminho do parque até o hotel, os dois falaram pouco e em nenhum momento haviam se desconectado. Jimin acariciara discretamente sua coxa no banco de trás do carro e cada toque de Jimin havia se tornado quase que um impulso elétrico percorrendo todo seu corpo. Ao descerem do carro e adentrarem a recepção, Jungkook considerava cuidadosamente se sentia-se confortável ou não para caminhar ao lado de Jimin de mãos dadas. E então, ao pararem lado a lado para esperar o elevador, ele tomou a mão do mais velho. A sensação era boa, então experimentou também beijá-lo rapidamente nos lábios. Jimin sorriu e as meias lua formadas pelos olhos dele brilhavam. Quando a porta do elevador se abriu e revelou o espaço vazio, olhou o reflexo dos dois no espelho. Jimin parecia muito mais sofisticado e maduro do que ele e suas roupas tinham uma sutileza que realçavam ainda mais a beleza de seu rosto e a simetria daquele rosto tão bonito. Jungkook tinha uma aparência menos sofisticada, rústica e informal, quase de um adolescente e, apesar de maior que o outro, sua postura evocava uma ingenuidade que Jimin não tinha. Ainda assim, com aparências completamente distintas, os dois ficavam bem juntos. A imagem deixou Jungkook satisfeito, assim como todo o resto da noite.

-Eu gostei dessa noite – afirmou Jungkook – E gostei de tudo que eu experimentei com você. Acho que pelo menos em relação a você, já sei um pouco mais do que quero.

-Eu gosto de te ver se descobrindo. – Jimin falou. – E te ver livre me faz bem. Gosto de acompanhar as suas descobertas... e redescobertas também.

-Redescobertas?

-Eu te vi dançando, entrando no mar novamente... Eu acho que é quando você está no auge da sua beleza: Livre e entregue. Me lembra o dia em que eu te vi finalmente se libertando, depois de todo o tempo que você passou... – Jimin raramente se encabulava. Sentia-se envergonhado em relembrar o passado cruel com Jungkook, mas também não queria deixar de falar daquilo - bem, você sabe... depois que você saiu da cela naquele tempo em que eu te prendi.

Foi quando viu Jungkook livre que descobriu que queria sempre vê-lo daquele modo. E foi quando começou a germinar em seu peito a consciência de que tudo que havia feito ao mais novo era realmente cruel. Jimin gostava bem mais do presente, em que não havia mais ressentimentos entre os dois ou mesmo aquela relação de poder e dominação.

-Eu gosto que você esteja testemunhando isso tudo. – Jungkook prosseguiu, escolhendo não dar atenção ao arrependimento que sombreava o rosto de Jimin. – Eu acho que o reencontro de qualquer pessoa com as coisas e pessoas que ela gosta são mágicos.

Jimin sorriu tímido. Jimin era uma das coisas que Jungkook gostava e com quem ele estava se reencontrando? Já o mais novo preferia ver o outro sorrindo, então beijou Jimin novamente nos lábios, rapidamente, e antes que Jimin aprofundasse aquele toque dos lábios, Jungkook acrescentou.

-E ah, como eu senti falta disso! – Jimin sorriu lisonjeado, passando a mão que não estava segurando a de Jungkook pelos próprios cabelos, então Jungkook prosseguiu – passei esse tempo todo sem nenhum contato desse tipo e agora eu percebi o quanto isso me fazia falta.