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ROGER

A minha vida e da minha irmã nunca foi fácil, perdemos nossa mãe muito cedo e tudo que temos desde então, é o amor um do outro.

Meu pai é um merda, daqueles que se finge de morto pra boiada passar e depois levanta, como se nada tivesse acontecido. Moramos um tempo com a fodida da minha madrastra, passamos o pão que o diabo amassou.

Aguentei coisa pra caralho lá, mas tudo por causa da Laura. Tudo pra não deixá-la sozinha, porque se fosse por mim, eu teria metido o pé cedo.

Eu me envolvi porque não aguentava ficar muito tempo dentro de casa, passava a maior parte do tempo na rua e acabei fechando com os caras e ganhando conceito. Até que surgiu uma oportunidade e cargo maior aqui e eu vim, sem pensar duas vezes.

Errei em ter deixado a Laura pra trás, mas eu não sabia se conseguiria sobreviver, como seria a minha vida, e pelo menos lá, mesmo sofrendo, ela tinha um teto. Na época, já trabalhava e tinha as coisinhas dela, não ia ter mistério.

Eu nunca fui de demonstrar sentimento, sou sangue frio em último grau, mas com ela não tem jeito, é Deus e minha mãe no céu, e a Laura na terra.

Nunca fui fã desse João Henrique, sempre fui contra a essa história deles e ela sabe, mas o maluco serve à mesma firma que eu, então engulo algumas paradas pra não deixar os assuntos embolarem. Mas tá ligado que quando ele se emociona demais, eu tenho que pular no miolo e dar uma chamada nele pra realidade. Vai ficar brincando com a minha irmã não, pacero, perco a razão mesmo, saio de lógica e foda-se.

RD: Bora, Laura. Vai casar não, porra.

Laura: To indo, calma.

RD: To cheio de fome, porra. — saí em direção ao carro e logo depois ela veio.

Laura era "nova" na área, e as mulheres que eu me envolvo aqui não acreditam que ela é minha irmã. E isso ta meio que me trazendo um certo problema, mas tem caô não.

Fomos comer na lanchonete nova, tinha um xtudo regado e eu era apaixonado pela caixa de lá.

Saímos de lá e fomos pro General encontrar com os caras, Laura não gosta muito de socializar, meio bichinho, mas aceitou.

RD: Colfoi, rapaziada. Trouxe dona esponja pra beber com a gente. — apontei pra minha irmã e apresentei pras meninas que estavam lá.

Ela não é de se enturmar, mas parecia estar em casa e eu fiquei tranquilo. Laura tem depressão, tratava esses bagulho na psicologia e tudo, já tentou se matar uma vez, mas graças a Deus não conseguiu.

Ela não é de muitos amigos e atura tudo o que fazem com ela, sem reclamar. Meu maior medo nessa vida é que ela tenha outra crise e eu a perca de vez.

Decidimos comprar umas cervejas e subir lá pra casa, o General tava muito cheio e é meio chato essa muvuca.

Laura: Chamei a Maria Fernanda pra vir pra ca. — disse quando chegamos em casa.

RD: Caô.

Laura: Ela disse que vem quando fechar lá. Vou encontrar com ela ali no beco.

RD: Tu nem avisa.

Laura: Tava com outros planos?

RD: Sempre tenho.

Laura: Agora não tem mais.

ANDANÇAS - PARTE IOnde histórias criam vida. Descubra agora