Parece que eu já havia visto em algum lugar, mas eu não me lembrava onde. Forcei a memória e nada, eu vejo tanta cara de mulher que nem sei. Ela tinha um semblante triste, olhos fundos e uma barriguinha, aparentemente de gravidez, já começava a apontar.
@: Aqui é o salão da Laura? — ela falava baixo.
Laura: Sim, é sim. — sorri.
@: Meu nome é Laís, não sei se você me conhece, mas eu precisava falar com você.
Ah, lembrei de onde a conhecia, ela era mulher do Marcos Vinícius. Espero que não esteja aqui atrás de problema.
Fui até mais perto e ela parecia frágil, com medo, olhos arregalados e toda hora olhava lá pra fora, como se alguém estivesse a seguindo.
Laura: Você tá bem? Quer uma água? — fez que sim com a cabeça e eu fui buscar a água. Todos estavam olhando pra ela, assustados e com uma certa preocupação. — Quer conversar aqui ou quer ir pra outro lugar?
Laís: Se puder, quero ir pra outro lugar. — assenti e fomos pro segundo andar.
Laura: Pode sentar aí. — apontei pra maca de depilação e me sentei na cadeira em frente.
Laís: Desculpa por vir te procurar. — respirou fundo. — Depois do dia em que o Marcos te bateu, seu irmão e seu namorado, foram atrás dele.
Laura: Não é namorado, é amigo da família. — a interrompi.
Laís: Então, acho que você não ficou sabendo, mas eles bateram muito no Marcos, ele teve afundamento do crânio... — começou a chorar. — E os ossos do lado esquerdo do rosto dele, viraram quase farelo. Ele não enxerga mais da vista esquerda e parece que vai perder a direita também. Muitas coisas aconteceram com ele. Está com problemas sérios, esqueceu de muitas coisas, e o tratamento dele é caro demais. A maioria do tempo, ele está em coma induzido, sente muitas dores e perdeu também alguns movimentos, regrediu no comportamento, sabe? Precisa de ajuda pra comer, pra fazer as necessidades, tudo. — a essa hora ela já soluçava. — Eu não sei mais o que fazer, preciso da sua ajuda. O pai dele tem trabalhado de sol a sol e isso tem ajudado um pouco. Como você pode ver, estou grávida e as coisas são um pouco difíceis.
Eu gelei por dentro, as lágrimas rolavam incessantemente pelo meu rosto. Era perceptível o desespero dela, e eu, mais uma vez, me senti culpada.
Laura: Eu vou te ajudar! Quanto vocês precisam? — ela secava as lágrimas, inutilmente, mas pegou uma nota da farmácia, uma do hospital e me entregou. — Você tem alguma conta onde eu possa depositar?
Laís: Não tenho, mas posso vir buscar e trazer as notas pra você.
Laura: Vou fazer melhor. Peço um dos meninos pra levar lá pra você, pra não precisar ficar vindo aqui de barrigão. — ela assentiu.
Laís: Posso te dar um abraço?
Laura: Claro que pode. — levantamos e nos abraçamos.
Descemos novamente, ela se despediu e me agradeceu, trocamos números e ela foi embora.