VANESSA
Saímos do bar e fui direto pra casa, com sangue nos olhos. Tomei um banho e dei um dinheiro pra minha mãe levar a Manu na pracinha, pra tomaram açaí.
O Vagner estava de folga, maravilhoso dia. Fui na cozinha, desbloqueei o celular nas fotos e entreguei na mão dele.
Vagner: O que é isso, Nessinha?
Vanessa: Dá uma olhada, vê se você reconhece as pessoas dessa foto.
Ele ficou branco.
Vagner: Toma essa merda. — ia saindo da cozinha e eu o parei.
Vanessa: Não encosta nela, fala o que você tem que falar, mas a porrada quem vai dar, sou eu. — ele assentiu e foi pra sala, sentou em um sofá e eu no outro. Ela ainda não havia chegado.
Ouvi barulho no portão e logo me ajeitei. Hoje eu mato essa mulher! Deus proteja as minhas mãos.
Mayla: Oi meu príncipe. — entrou e foi logo tentando dar um beijo nele, que se esquivou.
Vagner: PRÍNCIPE É O CARALHO, MAYLA. — gritou. — Tira essa porra dessa aliança. VOCÊ TEM 30 SEGUNDOS PRA PEGAR AS SUAS COISAS QUE ESTÃO AQUI.
Mayla: O que tá acontecendo, amor? — ela começou a chorar e eu fiz logo o favor de trancar a porta — Vamos lá no quarto conversar.
Vagner: NÃO CONVERSO COM PUTA! — empurrou e me olhou. Deve ter lembrado do que eu disse. — SEU TEMPO TÁ PASSANDO, VOU QUEIMAR TUDO.
O Vagner nunca na vida ia botar a mão em uma mulher, ele não foi criado assim e mesmo na pior das humilhações, ele não conseguiria.
Ela foi andando pro quarto, ele ia atras, mas nao deixei, eu fui. Quando passei pela porta, fiz questão de bater a mesma. Ela virou imediatamente, com os olhos arregalados, e quando ia falar alguma coisa, dei o primeiro na boca.
Andou um pouco pra trás e eu dei logo uma banda, o barulho que ela fez caindo no chão foi muito alto. Fui pra cima, só soco de mão fechada. Ela tentava me pegar, mas meus anos de Muay Thai e Jiu-jítsu não tinham sido em vão. Acabei com ela e só parei, porque seu corpo não tinha mais reações...
Vanessa: Levanta daí, porra. — dei um chute na costela dela, que gemeu — Você não vai levar nada daqui. Tá me ouvindo? NADA! — cuspi em sua cara. — LEVANTA, PORRA! — dei outro bico na costela.
Ela se levantou com muita dificuldade, ia meter a mão no carregador que tava na tomada, mas dei um tapa na mão dela e a empurrei. Assim foi até a sala.
Mayla: Vagner... — ele estava sentado na sala e nada respondeu.
Vanessa: Vaza, filha da puta. — empurrei com força, fazendo com que ela caísse na rua — E quando passar por qualquer um de nós aqui, finge que não nos conhece, se você sonhar em fazer algo, lembra que eu posso te aleijar. — fechei o portão e voltei pra dentro.
Não disse nada ao Vagner, só sentei ao lado dele e o abracei.
Minha família é tudo pra mim. Tudo mesmo! Eu fico cega quando o assunto é esse. Não meço esforços por eles.
Quando eu engravidei da Manu, o primeiro a saber foi o Vagner, nosso pai ainda era vivo e eu não sabia como contar. Minha mãe vivia dizendo que me expulsaria de casa, porque eu vivia aí pela rua, dando pra todo mundo, até pra mais de um no mesmo dia.
Não foi por falta de aviso, não foi por falta de orientação. Engravidei porque quis, engravidei porque queria dinheiro e fiquei aí, na merda. Apanhei pra perder filho, e quem foi me buscar foi ele... o Vagner. Ele é o meu melhor amigo, sem dúvida alguma.
Naquele dia, eu falei pra ele que ninguém no mundo o faria mal e carregamos esse lema até hoje. Eu sou mais velha, ele vai ser sempre o meu bebê, vai ser sempre o meu primeiro amor e eu nunca vou permitir que ele seja enganado por piranha na rua.
Deixei ele chorar, extravasar, só não deixei sair, meu medo era ele trombar com o João Henrique por aí e a merda ser maior.
Vagner: Quem te contou isso?
Vanessa: Não posso falar.
Vagner: Agradece por mim.
Vanessa: Tá bom. — dei um beijo na cabeça dele. — Você tem que dar um tempo de mulher, chega de sofrer.
Ficamos juntos na sala até minha mãe e a Manu chegarem. O clima ainda estava meio estranho, minha mãe tinha sacado, mas a Manu... Essa menina é melhor encomenda.
Manu: Tio? — parou na frente dele. — Que cê tá com olho vermelho? Chorou? — ele balançou a cabeça que sim.
Vanessa: Manu, deixa seu tio quieto.
Manu: Por favor, mamãe. Particular! — segurei o riso — Tio, vou te contar uma coisa, tá?
Vagner: Fala gordinha. — botou sentada na barriga dele.
Manu: Você é o melhor dindo, melhor tio e melhor pai desse mundo. Você pode chorar? Pode, mas você tem que sorrir. Eu te amo um tantão assim — abriu os braços — E não posso ver você triste porque dói no meu coração. As bruxas não podem fazer mal pra você. — rimos todos.
Vagner: Eu te amo, gordinha. O tio vai melhorar! — deu um beijo nele.
Manu: Você tem que namorar minha dinda Laura, ela não vai te fazer chorar, só sorrir. — virou as costas e veio pro meu lado — Mãe, eu quero comida!