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Resolvi tudo, escolhi a roupa dela, avisei as meninas para desmascarem minhas coisas e fiquei lá no velório.

A Kelly chegou, me cumprimentou e foi no João. Ele tinha se acalmado um pouco, já tinha comido e parado de chorar.

Sentei perto do meu irmão e da Maria, encostei numa parte acolchoada dos bancos e acabei cochilando.

Maria Fernanda: Laura! — senti me cutucar depois de um tempo. — Olha, vai dar merda.

Abri os olhos um pouco grogue e vi a Sheila entrando lá, balancei a cabeça negativamente e a Kelly logo levantou de onde estava.

Roger: Vai ter que separar.

Laura: Eu não estou aqui. — dei um sorrisinho de lado, e voltei a olhar a cena.

Kelly pôs a mão nos peitos da Sheila, falou algo e Sheila cresceu pro lado dela. Como pode isso? A mulher apanhou, passou vergonha e ainda vem no velório criar caso, gente.

Laura: Ô Sheila, por favor. . Você vai me desculpar, mas se for ficar fazendo cena aqui, é melhor sair fora. — falei baixo.

Sheila: Ninguém te chamou aqui, Laura. Não se mete!

Kelly: Ela tá certa! — falou antes que eu pudesse pensar e deu um tapa na cara dela. — Você não deveria estar nem aqui, não é nada de ninguém, foi só lanchinho... — meu irmão chegou tirando a Sheila e a Kelly voltou pra onde estava.

Eu odeio velórios, não vejo necessidade de prolongar o sofrimento da família, sabe? Acho que a necessidade é pouca, já disse que no meu são 2 horas no máximo e já era.

Quase na hora de fechar o caixão, o Kaio chegou. Único dos filhos, além do João que estava lá.

Quando eles foram carregar o caixão até a gaveta, eu fiquei lá embaixo mesmo. Meu irmão foi auxiliando meu pai e os meninos.

Kelly: Você merece o mundo, sabia? — aproximou-se. — Cuidou de tudo tão bem, fez por ela o que nenhuma filha fez. Deixou o orgulho de lado, passou por cima de todo o sofrimento que ela te causou... Deve ser por isso que o João é tão apaixonado por você. Você é uma pessoa extraordinária, tem o coração tão puro. Acho que eu não conseguiria nem metade.

Laura: Fiz pelo meu pai, Kelly. Mas obrigada pelas palavras. — sorri amarelo.

Kelly: Se algum dia, você e o João se acertarem, eu vou estar em paz. Porque sei que vai ter alguém do bem cuidando dele e dos nossos filhos.

Laura: Tira isso de ideia, Kelly. — neguei com a cabeça.

O pessoal voltou, ela se despediu de mim e foi falar com o João. Peguei minhas coisas, chamei meu pai e saí, precisava de um banho, comer algo e descansar.

ANDANÇAS - PARTE IOnde histórias criam vida. Descubra agora