LAURA
Sabe quando te dá aquele apagão? Então, foi isso que me aconteceu. Eu não sabia o que tava acontecendo, fiquei tão nervosa que por segundos, fiquei sem saber onde estava.
@: Moça? — uma mulher me segurava e me abanava com alguma coisa.
Laura: Oi. — respondi sussurrando.
@: Você é a filha do Alex, né? Você tá indo pra lá?
Laura: Sou, não precisa. Não moro mais aqui, quero ir embora. Obrigada. Desculpa. — levantei com dificuldade, peguei a chave do carro no bolso e abri o carro. — Moça, obrigada! — ouvi de longe uma discussão, dois homens brigando, sei lá.
Fechei a porta do carro, conferi o bolso, botei a chave na ignição e arranquei dali. Minha cabeça doía a beça e eu respirava com certa dificuldade, mas mesmo assim, fui dirigindo, mesmo com a vista estava embaçada de tanto chorar.
Parei o carro sei lá onde, mas sabia que tava dentro do meu lugar, inclinei o banco pra trás e fiquei ali por um tempo, tentando me recuperar do estresse. Nem me dei conta que na curva da frente, tinha uma boca e não precisou de muito tempo pra alguém "me achar".
@: Coé RD, tá fazendo o que aí? — batiam no vidro.
Laura: Não é o Roger, sou eu. — disse depois de abrir o vidro. Era o Boca.
Boca: Coé Laura, que porra é essa?! Tá chorando por quê? Fala comigo. — disse assustado ao me ver. — NEM! — gritou um parceiro deles. — PASSA O RÁDIO PRO RD OU PRO JH AÍ.
Nem: Qual foi, bandido?
Boca: Passa logo, demoe. Muita pergunta, po. — tava nervoso. — Coé Laura, me fala qual é disso aí.
Laura: Boca, me leva pra casa, por favor? — passei pro banco do carona, minhas pernas tremiam.
O Boca estava assustado comigo, saiu arrancando com o carro e quando chegamos, meu irmão estava me esperando no portão.
Eu estava deitada, de banho tomado, enquanto todo mundo lá embaixo não parava de falar. Liara e Maria Fernanda entraram, e eu continuei olhando pra TV, sem parar de chorar.
Liara: Amiga, você precisa falar o que tá acontecendo. O RD vai ter um negócio lá embaixo.
Maria: Foi o JH? — fiz com a cabeça que não. — Seu irmão acha que é, ninguém acha ele nesse morro.
Liara: Fala, amiga. Foi quem?
Laura: Marcos Vinícius. — eu disse baixinho em meio aos soluços.
Na hora, a Maria levantou e foi falar com o meu irmão. Liara se ajeitou na cama e eu deitei no colo dela.
Laura: Amiga, até quando eu tenho que passar por isso? — eu chorava e falava.
Liara: Você não merece passar por isso, de forma alguma. Você merece e vai ter o melhor.
Laura: Eu sempre sou enganada, sempre apanho, sempre saio como errada. Será que eu nunca vou ser feliz? Será que minha hora de viver um amor de verdade nunca vai chegar?
Liara: Sei que é difícil, mas você tem que parar de aceitar certas coisas por medo de ficar sozinha, tem que parar de se entregar pra qualquer um que diz coisas bonitas. Você é uma mulher e tanto, Laura. Não tem motivos pra passar por isso. — ela fazia carinho na minha cabeça. — Agora, rapidinho, o que o JH tem a ver com isso? Eu não entendi.
Porra! Eu tinha esquecido, não tinha contado pras meninas sobre ele, não gostava que ninguém soubesse.
Laura: Eu já tive um romance com ele, amiga. Mas não temos mais nada, as vezes, ele da de maluco e vem atrás de mim, mas não fico com ele não.
Liara: Eu acho que ele tá na Sheila, amiga. Por isso que ninguém acha ele.
Laura: Entendi, amiga. Tem nada a ver isso não, deixa eles.
Liara: Morreu aqui o assunto, ela não precisa saber que vocês já ficaram. Enfim, vamos comer algo?!
Laura: Tô sem fome, só quero dormir. — sai do colo dela e me ajeitei com os travesseiros. — Amiga, pode trocar o canal da TV, fica a vontade.
Liara: Tá bom, amiga. Só vou lá embaixo pegar meu celular e volto pra ficar aqui contigo.
Eu sei que nem vi a Lia voltar, apaguei mesmo de verdade. Sonhei com nada, graças a Deus, era o sono que eu precisava.