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Laura: É mesmo? — entrei no quarto. — Quem? — cruzei os braços.

Boca: Ué, minha preta. Chegou?

Laura: Não, não. Tô lá. — respondi seca, já estava estressada por causa do João, chego na dona Sônia e encontro com essa cena. Só pode ser teste!

A tal da Carlinha ficou de todas as cores possíveis quando me viu, fez o favor de caçar as coisas dela e já ia saindo do quarto.

Laura: Meu amor, acho bom que você faça somente o seu trabalho dentro dessa casa, nada além. Wellerson não precisa de tinder, ok? — ela assentiu e saiu do quarto.

Boca: Você viaja.

Laura: Eu viajo? A sua sorte é que você tá aí, se não, a porrada tinha cantado. — sentei na cadeira.

Boca: A gente tava trocando ideia, Laura.

Laura: Trocando ideia meu cu. Quer conversar? Pago um psicólogo pra você. — me alterei — Eu devo ter cara de trouxa nessa merda, né? Venho aqui todo dia, fico contigo, dou meu máximo.  Coisa que você não merece, coisa que as piranhas da rua não fazem e tu quer me dar diploma de otária?

Boca: Preta... — o interrompi.

Laura: Preta é o caralho. Eu tô cansada de pensar só no bem dos outros, no que os outros vão achar, se minha atitudes vão machucar as pessoas, magoar... Mas na hora de pensar em mim, ninguém pensa não. Eu que me foda e aceite as desculpas mesmo. — respirei fundo e ele me olhava assustado.

Acho que eu precisava mesmo botar aquilo tudo pra fora, eu precisava me ouvir, precisava fazer com que aquilo se tornasse verdade pra mim e a partir daí, sair dessa posição. Parar de permitir!

Boca: Preta... — pôs a mão na minha perna — Calma. Eu não fiz nada! Eu não quero fazer nada, eu quero melhorar e estar com você.

Laura: Desse jeito? — neguei com a cabeça — Do mesmo jeito que você era quando nos afastamos? Você, até de repouso, consegue se contradizer. Consegue vacilar... — tentei levantar e ele fez força, segurando na minha perna.

Boca: Vai deixar eu falar?

Laura: Fala aí. — revirei os olhos.

Boca: Desculpa. Desculpa por tudo, por todos os vacilos, por todas as vezes que eu disse uma coisa e fiz outra, por todas as vezes que eu preferi as doideiras a ficar com você. Olha pra mim, Laura. — virei o rosto. — Eu quero melhorar por você, pô. Eu quero mermo, de verdade. Acredita em mim, me dá só essa chance.

Laura: Vou pensar! — tirei a mão dele da minha perna.

Boca: Pensa direitinho. Pensa com carinho! Só essa chance e eu não te peço mais nada... — pegou na minha mão e deu um beijo. — Se eu não melhorar, tu nunca mais olha pra mim.

Laura: Tá bom, tá bom. Mas não to satisfeita com essa mulher aqui não. — revirei os olhos.

Boca: E vamos fazer o quê? — segurou minha mão próxima ao peito.

Laura: Eu não sei, Wellerson. Não sei. — ele riu.

Boca: Tá nervosinha, tá? Tá com ciúmes?

Laura: Não testa a minha fé, cara. — revirei os olhos.

Boca: Vem pra cá, deita aqui do meu lado.

Levantei, dei a volta na cama, e recostei do lado vazio. Ele me puxou pra perto, me fazendo encostar com a cabeça em seu peito, ficamos assim, vendo TV e conversando.

Acabei cochilando e ele me acordou, na hora de jantar. Acordei no susto e fiquei até um pouco tonta.

ANDANÇAS - PARTE IOnde histórias criam vida. Descubra agora