ALGUM TEMPO DEPOIS
Tem uns 3 meses que as coisas estão muito calmas por aqui, o que me assusta um pouco, já que a minha vida nunca para.
Conheci a mãe do Boca, ela me amou, mas nós não conseguimos ficar juntos. Ele quer parar as doideiras, mas não quer abrir mão delas, ou seja, ele não quer nada e eu quero sossego.
Sobre o Vagner? Também não sei. Nos afastamos bastante, já encontrei com ele algumas vezes por aqui e acompanhado. Vanessa disse que é só fachada, que ele vive falando de mim em casa, mas entre falar em casa e falar pra mim, existe um grande abismo.
E além do mais, eu não posso exigir nada de nenhum dos dois, sabe? Tenho mesmo é que ficar sozinha, me dedicar a mim, fazer o bem e é isso, quando for a hora certa, não terei dúvidas de quem quero ao meu lado.
Tenho ajudado o meu pai como posso, e ele tem se redimido bastante. Também mando o dinheiro da Laís, que a propósito, está com uma barriguinha linda. E assim, seguimos a vida...
Laura: Lia? — veio até mim. — Tô pensando em dar uma aumentada aqui, o que acha?
Liara: Acho que merecemos e podemos abrir vaga pra mais uma ou duas, né?
Laura: Concordo. Eu, você e Vanessa já estamos bem cansadas. Mas, temos que selecionar muito bem...
Liara: Muito mesmo!
Saí cedo do salão, era dia de levar meu pai ao médico. Fui em casa num pulo, almocei, me arrumei e já ia saindo, quando o Buiu apareceu no portão.
Laura: Fala comigo! — me entregou uma caixa vermelha. — Que porra é essa?
Buiu: Mandaram entregar pra tu.
Laura: Quem mandou?
Buiu: Patroa, tu é minha parceira, mas do memo jeito que a gente tem segredo, também tenho em outro lugar. — riu e entrou no carro.
Laura: Obrigada! — falei mais alto e como estava atrasada, enfiei a caixa no banco de trás e fui buscar meu pai.
Com a graça de Deus, ele tem se recuperado bem e não vai precisar amputar. Já a minha madrasta, esteve internada e foi liberada pra qualidade de vida, ou seja, os médicos já esgotaram as possibilidades do tratamento, e ela só está esperando a hora dela.
Nada mudou, continua arrogante, ruim, esnobe, prepotente e parece que vai ser assim até o final dos dias.
Laura: João tem ido visitar vocês, pai? — perguntei quando voltávamos.
Alex: Vai sim, filha. Hoje ele foi cedo lá, Kátia arrumou um problema com ele, como de costume e ele saiu até sem se despedir.
Laura: Eu tenho pena dele, e dela. Mais dela, porque não consegue dar amor aos filhos... — parei no posto de gasolina. — Ele tenta de tudo pra ficar perto dela, diferente dos outros filhos e ela o trata super mal.
Alex: Concordo, os outros desde que a gente mudou, nem ligam. E ela vive falando deles, acredita?
Laura: Acredito, pai. Só quem não presta é quem vale pra ela. — saí do posto e fui em direção ao MC. — Vamos fazer um lanchinho? — olhei pra ele e os olhos brilhavam, parecia uma criança ao receber um presente das mãos do próprio Papai Noel.
Meu pai amava MC Donalds, mas desde que teve esse pico na diabetes, ele não comia, conversei com os médicos e eles me liberaram para trazê-lo uma vez a cada dois meses.
Quando voltamos pra casa, ele me agradeceu muito, e como de costume, choramos.