Assim que ele terminou de falar, eu saí, montei na moto e fui no meu pai. Sabe quando tu sente que é a tua hora? Mesmo que não seja, tá ligado? Eu tô nessa. Toda hora eu penso nessa porra, penso nas crianças, penso no meu pai e penso na minha doida, bagulho não tem explicação.
Depois de passar no meu pai, fui lá na Kelly, peguei as crianças e fui de rolê na praça, tomamos sorvete, açaí, eles brincaram pra caralho nos brinquedos lá, depois pra completar, fomos pra lanchonete.
JH: Papai ama vocês, tá? – abracei os dois no portão de casa. – Nunca esqueçam disso.
Caíque: Eu te amo mais, pai. – me apertou.
Julia: Amo papai. – me deu um beijo na bochecha.
A Kelly logo chegou abrindo o portão, ficou me encarando um tempo, botou as crianças pra dentro e pediu pra que eu esperasse. Encostei no portão, peguei o telefone, mandei mensagem pra Laura e guardei de novo.
Kelly: Você tá estranho. O que tá acontecendo?
JH: Nada, pô. Pra isso tu pediu pra esperar? Doidona. – fui no carro, peguei uma grana e entreguei na mão dela.
Kelly: Você já me deu dinheiro essa semana, João.
JH: Tá ruim? Guarda esse aí, vai que acontece alguma coisa.
Kelly: Eu hein. Que papo torto! Vou entrar, amanhã eles tem aula.
JH: Já é. Fica com Deus aí. – entrei no carro e meti o pé pro meu cafofo.
Tomei aquele banho, botei uma cueca e deitei, tava tentando relaxar, mas tava foda. Cabeça a mil, várias coisas passando e eu mais perdido que surdo em bingo. Peguei o telefone, conferi as paradas e nada de respostas da Laura.
Eu sei que fui muito errado com ela nessa vida, que poderia ter sido sincero e ter feito mais por ela, quando ela vivia aquele inferno lá na minha mãe. Queria só que ela me olhasse e dissesse que me desculpa, mesmo que a gente não fique junto, tá ligado?
Não preguei o olho essa noite. 3h00 eu já estava andando pela casa, fazendo minhas orações, pedindo máxima proteção a Deus e muito sabedoria pra enfrentar esse desafio.
Botei uma roupa, peguei minhas peças e fui pra boca. Cheguei e já dei de cara com o RD, mais nervoso do que eu, falamos nada um com o outro, só nos cumprimentamos mermo e esperamos dar a hora. Os caras foram chegando aos poucos.
Peguei meu telefone, e mandei a última mensagem pra Laura. Apaguei tudo, botei na gaveta da mesa e fui terminar de equipar pra saída.
Demos as mãos, fizemos nossas orações, nos dividimos nos carros e motos e partimos.