JH: Pô, Alex porque não entrou em contato?
Alex: Tenho nem cara de pedir ajuda pra você ou pros meus filhos. Tanto sofrimento vocês passaram com ela aí.
JH: Tá certo! Eles não tem que ajudar não, mas eu posso, po. — meti a mão no bolso e dei tudo que tinha lá pra ele. — Isso é pra tu e pra ela. O resto não quero saber de nada. — olhei pra perna de novo. — Que porra é essa na tua perna também? Tá cuidando da diabetes não?
Alex: Tenho nem tempo. — olhou o curativo e o olho marejou.
JH: Coé Alex, vai cuidar disso aí também. Vou dar o papo no Roger pra ele e a Laura te ajudarem também. — levantei.
Alex: Eu fui todo errado com eles, vão ajudar não.
JH: Custa nada falar. — fui pro quarto da minha mãe e bati na porta.
Katia: Quem é?
JH: João Henrique, mãe.
Katia: Se veio pra me encher o saco, pode ir. — abri a porta assim mesmo. Não é possível que nem no final da vida ela vai deixar de ser assim. Não gostei nada do que vi, minha mãe estava só pele e osso, um caco, olho fundo, quase careca, doideira demais.
JH: Como tá aí? — perguntei no automático.
Katia: Só de me olhar já deu pra ver que não tá nada bem, né? Veio fazer o quê aqui? Ver minha desgraça? Já viu, pode ir embora.
JH: Caralho, que coração é esse hein?! — bufei. — Vim te ajudar, ver o que vocês precisam e tu me recebe assim.
Katia: Não quero nada. — virei as costas e saí.
Não dá pra trocar ideia com ela nunca e encontrar com ela, acaba meu dia, se foder. Passei batido, dei um salve no Alex, subi na moto e segui sentido Kelly.
Kelly: VOCÊ VAI CONHECER O INFERNO AGORA! — ela gritava, enquanto eu estava deitado com a Júlia no colo.
JH: Menos! Tá assustando a nossa filha.
Kelly: Agora ela é a nossa filha? Na hora de vir me ajudar com criança doente, levar pra escola, dar carinho, explicar os porquês da vida, ela é só minha filha. Na hora do sufoco é só eu por eles, tu é só dinheiro.
JH: Eu sei que eu tô errado, amor, me perdoa. — bati do meu lado na cama. — Fica aqui com teu nego, po.
Kelly: João Henrique, tu vai se foder pra lá. Não sou as piranhas que você engana na rua não. — levantou e foi trocar de roupa. — Se você puder ficar com a Júlia 5 minutos, vou buscar o Caíque na minha mãe. — saiu.
Fiquei cantando pra Júlia e quando percebi, dormimos. Acordei com o Caíque se juntando a mim.
Caíque: Que saudade, papai. — dei um beijo na cabeça dele e o envolvi no meu braço.
JH: E ai, moleque. Também tava com saudade!
Caíque: Você vai dormir aqui hoje?
JH: Se sua mãe deixar. — olhei pra ela que acabava de entrar no quarto.
Caíque: Mãe, meu pai pode dormir aqui? — sentou. — Pai, se ela não deixar, você dorme escondido no meu quarto. — sussurrou e deitou de novo no meu braço.
Kelly: Só se for na casa do cachorro. — deu de ombros e saiu bolada.
Fiquei com eles lá no quarto até a hora da janta, ajudei a Kelly e dei comida pro Caíque, depois disso os botei pra dormir e voltei pra conversar com ela.