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Partimos pra casa da Kátia e estar lá me deixava um pouco incomodada, mas eu precisava deixar um pouco isso de lado.

Laura: Tu não vai entrar não? — eu já estava em pé ao lado de fora do carro.

Roger: Não.

Laura: Ah, mas vai... Anda! Ideia tua e do João Henrique. — olhei pros lados — Inclusive, cadê ele?

Roger: Vai chegar, po. — meu irmão estava aparentemente nervoso, e pra eu que bem o conheço, isso era nítido.

Em menos de 10 minutos, o João chegou, ele e meu irmão trocaram uma ideia, e eu fiquei esperando pelos dois, até que entramos.

JH: Alex? — deu um grito e logo depois meu pai apareceu na porta, mancando, com uma aparência de dar dó.

Juro que não imaginei aquela cena, nem nos meus piores pesadelos.

Laura: Benção, pai. — cumprimentei com dois beijos e meu irmão nada falou.

Alex: Senta aí.

JH: Como estão as coisas aí? — meu pai sentou e coçou a cabeça. Eu já sabia que tava tudo uma merda.

Alex: Pior que daquela vez, João. A doença da tua mãe tá em um grau muito elevado, pouca chance de reversão. — ele tentava secar as lágrimas.

Laura: Tu não tá comendo não?

Alex: Tô, com o pouco que sobra da grana dos remédios.

Laura: Então, viemos os três aqui pra te ajudar. — respirei fundo. — Ajudar vocês. Não adianta falar pra mim que não vai, porque vai. Amanhã duas pessoas da nossa confiança virão pra cá ajudar vocês com a mudança, e pra ficar mais fácil de manter o olho em você, já alugamos uma casa perto da nossa, tem alguém pra ajudar com as coisas de casa e eu farei as compras, como sempre fiz. João e Roger vão ajudar com os remédios.

JH: Mas são só vocês dois. — me interrompeu. — Não vai levar Kaio, Kamila, Kezia, ninguém.

Alex: Não sei se a Kátia vai querer ir.

Roger: Ela não tem escolha, pai. — olhei assustada, ele nunca tinha chamado o nosso pai assim. — Não dá pra viver dessa forma não.

Conversamos e o João foi ver a mãe dele. Eu nem me atrevi, ela já era amarga antes, imagino agora que depende da gente. Deixamos tudo resolvido com meu pai, voltamos pra casa, fiz o almoço e cai no sofá mesmo pra aproveitar aquele cochilo.

Acordei, tomei um banho e fui conferir as mensagens no wpp, respondi as meninas, as clientes, dei uma olhada nas mensagens do Boca, mas não as respondi.

No mais, minha segunda-feira foi resumida em pagode nas alturas e faxina na casa.

Roger: Preta? — bateu na porta.

Laura: Entra.

Roger: Obrigada por tudo! — me deu um beijo na cabeça.

Laura: Eu por você e você por mim, lembra? — deitou ao meu lado e ficou vendo TV.

Roger: Sempre mermo. Fala tu, cadê o Boca?

Laura: Sei de Boca não.

Roger: Ah, qual foi Lau. — debochou. — Qual a ideia?

Laura: Ah, ele disse que ficou com uma mulher no baile que eu não fui e a bonita tava debochando ontem. — revirei os olhos. — Até parece que vocês perdem a viagem.

Roger: Vocês é casa cheia, po. — riu. — Qual que é?! O cara gosta de tu.

Laura: Aí Roger, gosta mermo? Quando a gente gosta de alguém, a gente abre mão de certas coisas, tu não acha não?

Roger: Acho, po. Tá errada não, mas como, o cara também não sabe qual é a tua, tu tá ligada no passado dele. Dá uma pensada aí.

Laura: Homens... — revirei os olhos e ele me puxou pra um abraço. Ficamos juntos ali conversando até um de nós pegar no sono e eu não sei quem foi o primeiro.

ANDANÇAS - PARTE IOnde histórias criam vida. Descubra agora