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HOJE

Ouvi barulho nas escadas e o Wellerson estava de banho tomado, arrumado, entendi foi nada.

Laura: Já vai sair de novo? — pegou as coisas dele e nem me respondeu. Ok, que assim seja.

Desliguei a TV e subi pro quarto, deitei só de calcinha e fiquei trocando mensagens com a Carol.

📱 preferida 🖤 📱

P: você gosta dele?
P: gosta dele a ponto de entender que ele é assim, que você o conheceu dessa forma e ele não é obrigado a mudar por sua causa?
P: mas que você também não é  obrigada a aceitar nada do que ele faz, só aceita se você quiser...
P: de longe, você é uma das mulheres mais fodas que eu já conheci, prima. digo com plena certeza de que você não precisa de submeter a isso, não precisa aceitar migalhas, pq nem em todas as galáxias esse cara vai achar alguém como vc

Laura Patrícia ✨: Assim eu não aguento, haha.
Laura Patrícia ✨: Eu gosto dele, mas eu gosto mais de mim. Eu não queria que a Joice crescesse com os pais separados, não queria que ela crescesse no meio desse conflito todo, já que a vida não foi fácil pra ela desde cedo. E sei que o Wellerson não é maduro o suficiente pra me ajudar com isso.

P: cara! minha mãe criou a gente sozinha, você sabe. o único problema que ela teve foi que preciso ser pai também, mas tirou de letra.
P: sei que vc também consegue, caso ele não te ajude.
P: Laura, vc se criou sozinha no meio de todas as turbulências dessa vida e ainda duvida da sua força? pensa bem aí...
P: amanhã quero vc animada, decidida a viver pra vc e pra suas escolhas, não à mercê dessa vidinha de merda. eu te amo, prima.
P: pensa bem em tudo, só seja feliz
P: até amanhã

Laura Patrícia ✨: Obrigada por me escutar. Te amo, amanhã espero estar melhor.

     ——— fim da conversa ———

Acordei disposta a dar um fim nisso tudo e dessa vez, pra valer. Escutei barulho na sala e era Joice, que já estava acordada, fazendo merda.

Joice: Mãe! — veio na minha direção e eu a peguei no colo.

Laura: Tá bem pesadinha hein. — dei um cheiro nela — Vamos tomar café?

Joice: Tomei "quik". — me deu um beijo na bochecha.

Laura: Ué, com quem? — estranhei.

Joice: Papai. — sorriu e eu a botei no chão pra voltar a brincar.

Fui até a cozinha, e o Wellerson estava em pé na porta, fumando. Peguei meu suco na geladeira e voltei pro balcão, me servindo.

Boca: A gente precisa conversar. — me olhou da porta.

Laura: Bom dia pra você também! — encostei no balcão e tomei um gole do suco — Pode falar.

Boca: Vamo lá fora. — apontou a cabeça pro jardim.

Laura: E a Joice? — arqueei a sobrancelha.

Boca: Deixa ela brincando aí. — assenti e o segui.

Ele ficou em pé, andando de um lado pro outro e eu sentei em uma das cadeiras de madeira, com meu suco na mão.

Boca: Não dá mais. — falou de forma rápida.

Laura: Oi?

Boca: Não dá mais, Laura. O sentimento esfriou, a gente só briga, te peço desculpas, mas não quero mais. — estava virado pra mim.

Laura: Mas assim, sem tentar consertar?

Boca: É, não tem conserto. — respirou fundo, acho que tava segurando o choro. — Você realizou meu maior sonho que era ser pai e eu vou sempre te ajudar com a Joice, se você quiser, ela pode até morar comigo, porque sei que praticamente te forcei a ficar com ela. — deu um trago no cigarro — Você é incrível, como mãe, como mulher, como pessoa, mas não dá mais pra mim. Do jeito que estamos, já sabemos o resultado e não quero vacilar com você.

Laura: Se você acha que é melhor assim, não sou eu quem vai te forçar a ficar. — terminei o suco — Espero que você seja feliz com as suas escolhas. — engoli o choro e voltei pra dentro.

Lavei o copo e umas louças que estavam na pia, peguei a Joice na sala e subi pro quarto dela, fechando a porta.

Ouvi uns barulhos no meu quarto, e devia ser ele. Enquanto ela brincava, eu via TV e mexia no celular.

A tarde, depois que almoçamos, mandei mensagem pras meninas e fomos com as crianças pra praça. Segunda-feira, tudo vazio, dava pra elas brincarem, enquanto a gente conversava.

Liara: E você vai atrás?

Laura: Não, né? Ele quis ir. Levou tudo dele, tudo. O lado do closet está vazio.

Vanessa: Não deixou nem uma cueca pra contar história? — falou pra descontrair.

Laura: Nem a escova de dentes, filha.

Liara: É amiga, se você quiser, vai ter que ir atrás.

Vanessa: Liara, de verdade, em que mundo você vive? — rimos de novo — Laura, vai vivendo um dia de cada vez, vê até onde você suporta, se é isso  mesmo que você quer. Vive! Nada é pra sempre mesmo e a gente sabe.

Liara: Vai mandar a Joice pra ele?

Laura: Claro que não, né? — olhei pra ela brincando com as outras crianças e sorri — Vai ser do mesmo jeito de sempre, enquanto eu trabalho, ela fica com a dona Sônia, se ele quiser vai ser de 15 em 15 dias o final de semana.

ANDANÇAS - PARTE IOnde histórias criam vida. Descubra agora