POV Any Gabrielly
Vocês já tiveram a vida mudada, literalmente, da noite para o dia? Pois é, eu tive.
Ontem eu estava na casa da minha tia, no Brasil, quando de repente eu recebi a noticia de que iriamos recomeçar a nossa vida em Los Angeles. Apenas eu, a minha irmã e a minha mãe.
Agora estou aqui, deitada em uma poltrona de classe econômica em um voo internacional pago pelo governo brasileiro na tentativa de deixar eu e a minha família segura.
Eu não tenho muita roupa, então tudo que eu sabia que era importante para mim eu coloquei na minha mochila da escola. Deixei para trás a minha família, meus amigos... praticamente toda a minha vida.
Quando chegamos ao aeroporto, um homem todo vestido de preto nos levou até a nossa futura casa. Uma casa de apenas um andar, com três quartos, dois banheiros, uma cozinha e uma sala de estar.
- Aqui é seguro? - minha mãe pergunta segurando sua bagagem e a da minha irmã.
- Sim, é extremamente seguro. -o homem de preto com cara de poucos amigos fala. A minha irmã, Belinha, estava completamente assustada, não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo. Mas infelizmente nós não poderíamos contar para ela, como contaríamos para uma criança de 6 anos que o seu super herói é um monstro?
- Ao lado das camas tem um botão de pânico. Na cozinha esse botão fica ao lado da geladeira e na sala é ao lado do sofá. Se vocês clicarem nele, um aviso de emergência será enviado para a policia estadual da Califórnia, eles já estão cientes de todo o procedimento. - diz o homem.
Olhei para todos os lados. Era ali que se iniciaria mais uma etapa da minha vida. Uma etapa em que eu finalmente estaria livre dele.
- Será necessário a troca de nomes? -minha mãe pergunta depois de ter feito toda a vistoria pela casa.
- Não. - o cara responde.
- Mas a casa tem todo esse sistema de segurança. - comento. Durante todo o tour, aquele homem nos mostrou os alarmes, as cercas, botões de pânico e até uns quartinhos escondidos no subi solo daquele lugar.
- Essa é a casa padrão que o governo oferece, não importa o nível de segurança. No caso de vocês não será necessário trocar os nomes. Vocês podem seguir a vida normalmente. Nos primeiros meses, o governo dará um auxilio de 900 dólares e a Srta. Gabrielly será matriculada em um colégio publico junto com a Isabelly. - o homem diz e eu apenas concordo.
- Então nós podemos seguir e a nossa vida normalmente? - minha mãe pergunta e o cara assente.
- Tambem serão pagas duas sessões por semana com uma psicóloga. Mais alguma coisa? - o cara diz.
- Não, obrigada. - a minha mãe diz e o leva até a porta. Aproveito esse momento para ir até o meu mais novo quarto. Preciso urgentemente decora-lo, não quero deixar ele todo branco.
- Você não vai mais dividir o quarto comigo? - tomo um susto quando eu ouço a voz da minha irmã vindo da porta.
- Não. Agora você tem o seu quarto e eu tenho o meu. Não é legal? - ela nega
- Eu não quero dormir sozinha. E se o bicho papão me pegar? - diz com a voz manhosa.
- O bicho papão ficou no Brasil, ele não vai pegar a gente aqui. - ela me fez jurar de dedinho e depois foi embora. Comecei então a desarrumar as minhas malas. Coloquei as minhas meias calças de bolinhas ao lado das de listras. Os meus casacos estampados foram colocados no cabide junto com os meus vestidos de babado.
As minhas bermudas foram colocadas ao lado das minhas blusas com estampas de animais e os meus, poucos, sapatos.
Eu gosto do jeito que me visto, eu tive que aprender a gostar.
Não uso roupas curtas, muito justas ou decotadas. Não finalizo o meu cabelo, uso pouco perfume e nem tenho mais furos na orelha. Aprendi a me adaptar com isso com o tempo.
Quando terminei de arrumar tudo, deitei na cama. Olhei em volta e imaginei vários quadrinhos que poderiam ocupar aquelas paredes brancas. Voltei o meu olhar para a janela, havia um pássaro.
Será que agora eu realmente estou livre? Livre igual um pássaro?
Mas aí eu lembrei que tinha as grades das janelas.
Não, eu não estava 100% livre. Por toda a minha vida eu viveria com aquele medo.
- Posso entrar? - minha mãe pergunta após ter dado duas batidinhas na porta.
-Claro que pode. - respondo. Ela vem até mim e senta ao meu lado.
-Nós estamos bem, nós vamos ficar bem. É uma nova fase da nossa vida que está começando, Any. Você entende isso? - diz segurando a minha mão.
- Entendo, mas vai ser tão difícil.
- Nada nessa vida é fácil, filha. Mas pelo menos agora, a nossa vida vai ser mais fácil do que antes. Vai voltar a ser colorida. - sorrio.
- Eu vou sentir falta das minhas amigas. - sussurro.
- Eu vou sentir falta da minha família, mas eu fiz tudo isso para o nosso bem. - ela diz e eu a abraço. - Vai dar tudo certo.
- Promete? - digo baixo.
- Prometo.
Dois meses depois...Eu nunca imaginei que crianças teriam tanto folego.
Eu fui inventar de levar a minha irmã para o parquinho, e agora eu estou sofrendo de desidratação do tanto que eu corri.
- Vamos embora. - digo sem folego.
- Só mais um pouquinho. - a Belinha diz fazendo biquinho.
-Já está anoitecendo, anjo. - ela dá de ombros meio contrariada e me segui até em casa. Quando chegamos lá, a Belinha segue para o seu quarto e eu vou para a cozinha.
-O que está fazendo? - pergunto para a minha mãe que estava na mesa com uma calculadora e um monte de papeis.
- Estamos com dividas, Any.- responde - Eu não consegui um emprego fixo, nunca imaginei que o custo de vida nos EUA seria tão alto. - abracei a minha mãe. Eu sabia como era ruim passar por uma situação dessas.
Acontecia direto com a gente quando estávamos no Brasil.
Fui para o meu quarto e entrei em alguns jornais regionais na expectativa de encontrar alguma vaga de emprego.
''Procura-se babá de três crianças de 5 anos.
Requisitos:
Idade: 15 - 18 anos. Sexo: Feminino. * Ter experiência com crianças pequenas.
Endereço: xxx xxx xxx - Casa dos Beauchamp's
Número para contato: xxx xxx xxx''
Marquei uma entrevista para o dia seguinte. Não poderia deixar essa oportunidade escapar tão fácil, eu precisava ajudar a minha família...
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Espero que tenham gostado!
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Até amanha!!
Xoxo, Camila.20/07/2020
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Just a Nanny || Beauany♡ {Completa}
Fanfic❗CLASSIFICAÇÃO: +16❗ ❗A HISTÓRIA NÃO RETRATA NENHUM TIPO DE RALACIONAMENTO ABUSIVO❗ Any Gabrilly é uma menina de 16 anos completamente fora do padrão de uma adolescente. Do dia para a noite, literalmente, Any se vê obrigada a sair do território bras...