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João Victor ☢

Eu tinha mais ninguém da minha família vivo, era tudo envolvido na real. Minha coroa a patroa que mandava mais nos bagulhos que o meu pai, que era o dono de vários morros do Rio e até de fora também. Meu avô, minha vó, família todo envolvida que morreu nesse meio.

Meu irmão era o que salvava, moleque estudou e meteu o pé pra longe pra estudar, não olha na minha cara. Por um lado meto marra no orgulho, apesar de tudo preferiu ir atrás do dele, por outro, eu quero que se foda por ter metido o pé e virado as costas pra mim.

Não que eu precisasse dele pra porra nenhuma, mas quem ajudava a pagar os bagulhos quando precisou, fui eu. Com o dinheiro sujo mermo, que ele negava, mas quando não tinha saída, corria atrás. Papi dez, sei nem o que vagabundo é, sei que ganha bem pra caralho pra se bancar lá fora sozinho.

Tava na Rocinha hoje, um dos meus morros e eu decidi ficar na minha casa daqui já que os moleques tudo eram daqui, maioria pelo menos. Art me chamou pra resenha na casa dele e eu fui, chegando lá tinha pouca gente, metade era mulher e outra era os mano conhecido.

Paola: Não sabia que tava por aqui.- Olhei pra ela, que entrou no meu caminho sorrindo.

Jv: De passagem.- Balancei a cabeça.

Paola: Quando for embora, me avisa.- Nem respondi, passei por ela e me sentei perto do mano Pt.

Pt: Lá vai o gato fugindo da cachorra.- Me gastou e eu neguei.

Art: No dia que esse mulher desistir desse garoto, o mundo nunca mais será o mesmo.- Peguei meu whisky e fiquei bebendo ali.

Gastei a onda até com os moleques, mesmo eu sendo o mais fechado eles sempre falavam algum bagulho e tinha nem como segurar risada. Sempre falei e geral sabe que eu não tenho amigo, confio em ninguém, pode ter crescido comigo, falsidade vem do que mais tá do teu lado!

Tava tudo tranquilo quando começou a movimentação, escutei o raidinho tocando e era aquele aviso, os foguete voando no céu. A gente meteu o pé dali e eu fui pra minha laje, não participava de guerra nem nada não, meus soldados são treinados pra isso pô.

Me sentei ali e fiquei olhando a movimentação, os cana subindo na maior agressividade, gritando com os morador e até derrubando porta. Quando uns me viram em cima da laje, gritaram comigo perguntando o que eu tava fazendo e eu só observei calado.

Meu raidinho tocou e eu me afastei, coloquei no ouvido e escutei o Art falando, " ficando sem saída porra, chega uma tropa pro beco 15."

Respondi pros no rádio geral pros moleques subirem pra lá e fui entrando em casa. Coloquei meu boné, coloquei minha camisa no rosto e peguei minhas armas, indo brincar com a cara dos cuzão.

Coração vagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora