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João Victor 💸

Jv: Que foi pô? Tu tá ficando maluca.- Falei colocando as coisas no canto escondido.

Ayla: Nada...- Falou balançando a cabeça e colocando o Gustavo de lado.

Jv: Fala comigo, Ayla.- Fechei a porta e cobrir as janelas, me sentando do lado dela.- Abre o bico.

Ayla: Não tá acontecendo nada, meu Deus.- Limpou o nariz.

Jv: Eu sou teu marido, tu não vai falar comigo? - Olhei pra ela.

Ayla: Eu não tô feliz, João.- Falou limpando o rosto.- O Gustavo deveria ser a maior felicidade da minha vida, mas eu não estou feliz. Não tô me sentindo bem em estar aqui no morro, em estar ao seu lado, em estar sendo mãe, não estou bem.

Jv: Tá dizendo que num quer mais nada disso, pô? - Falei sem jeito.

Ayla: É por isso, eu amo você, amo o Gustavo, mas eu não estou me sentindo bem com nada disso, eu não tô entendendo.

Jv: Então é só tu meter o pé pô, se não tá feliz.- Ela passou a mão no rosto.

Ayla: Você me chamou pra conversar, inferno.- Dei os ombros.- Não estou confortável aqui.

Jv: Num sei o que te falar, pô. Nunca me vi cuidando de criança, tá maluca?! Mas é meu filho pô, bagulho mais importante pra mim agora.- Falei olhando pra ele.- E papo reto mermo? Num poderia ter acontecido isso com pessoa melhor que tu, porra. Pago de malandro, mas tu deveria saber que eu tô feliz demais vivendo essa porra contigo.

Ayla: Eu não consigo ser uma boa mãe...- Falou chorando.- Eu não mereço ter o Gustavo.

Jv: Merece mesmo não, tá fazendo pouco caso do meu filho.- Falei colocando ele no colo, quando ele começou a chorar pro causa dos tiros.

Ayla: Você não tá entendendo, né? - Olhei pra ela, enquanto me levantei e fiquei balançando o Gustavo.- Eu só preciso me acostumar com essas ideias, tipo, eu sei que já faz quase um ano de tudo, mas eu nunca me imaginei nisso. Agora que a ficha tá caindo, eu tô ficando sem reação, eu não quero me afastar, eu não quero te deixar nem deixar meu filho. Eu só quero entender, eu quero passar dessa fase ruim junto com você.

Jv: Num parece.- Ela riu, limpando o rosto.

Ayla: Eu amo vocês, só que olha, pra mim o tempo tinha parado e eu pisquei os olhos e cara, sou mãe, moro num morro com traficante. Deu pane no sistema aqui, cara.- Eu sorri de lado.- Apesar de tudo eu também não poderia ter escolhido pessoa melhor, gatinho. Ou talvez, só um velho rico salva.

Jv: Vai tomar no cu, eu sou rico e num sou velho salvo pra caralho, filha da puta.- Ela gargalhou.

Ayla: Vem aqui, eu só tava confusa por todas minhas ideias.- Estendeu a mão.- Muita coisa me assusta.

Jv: Pô, se tu não fala, eu não advinho.- Me sentei ao lado dela e ela colocou a cabeça no meu ombro.

Ayla: Eu acho que posso aguentar tudo sozinha as vezes.- Falou baixo, pegando o Gustavo.- Mas não dá, né.

Dei os ombros respirando fundo e escutei gente correndo pelo beco, ela se encolheu e o Gustavo voltou a chorar, fazendo a gente tentar acalmar ele.

Coração vagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora