Ayla 🥀
Tinha passado a tarde na praia, já eram quase oito da noite e eu não conseguia nem me levantar e entrar em casa, tava me sentindo mal demais e aqui me trazia calmaria, que eu sabia que eu precisava ter pra enfrentar tudo que iria vim pela minha frente. Minha mãe no meu ouvido o tempo todo falando merda e sinceramente, eu tinha que fazer alguma coisa pra reverter isso.
Quando cansei, me levantei arrumando minhas coisas e ao olhar pra frente vi o Caio, como sempre com um cigarro na mão todo estilosinho, respirei fundo e fui até ele, ficando na sua frente e fazendo ele me encarar.
Ayla: Aí, me indica um tatuador?! - Falei colocando as mãos na cintura e ele sorriu de lado.
Jv: Afim de ser expulsa de casa, pô? - Balancei a cabeça.
Ayla: Já tô na confusão, só vou colocar um pouco mais de fogo.- Ele pegou o celular do bolso e desbloqueou, abriu numa conversa e eu olhei o plano de fundo, como pela curiosa que sou.
Mas foi de cara mesmo, como eu tava perto dele conseguir olhar fácil e tive a sensação de já ter visto aquela foto em algum lugar, ele saiu rápido dali e entrou nos contatos, peguei meu celular e ele me olhou.
Jv: O bagulho é que o moleque se garante, mas ele mora no Vidigal e o Studio é lá.- Eu sorri.- Mas tu pode marcar com ele fora, eu boto fé.
Ayla: Eu ainda tenho amor as minhas coisas, bandido dentro da minha casa...- Falei em um tom enjoado e ele me olhou, soltando a fumaça.
Jv: O menor é honesto e trabalha pra não ser bandido, muito pelo contrário garota.- Olhei pra ele.
Ayla: Continua morando em um morro, tendo amizade com bandido, logo, se iguala.- Ele me olhou por um tempo.
Jv: Tu já pisou num morro? Pra conhecer mermo, sem caô? - Neguei.- Então num abre o bico pra falar merda, é simples demais!
Ayla: É a mesma coisa de galera que julga polícia, pô.- Sentei do lado dele.- As pessoas que julgam, não conhecem um por um, nem sabe a intenção.
Jv: Papo reto? Bandido não invade casa de policial, sai matando morador inocente não.
Ayla: E quantos policiais já foram mortos por bandidos injustamente? Quantas famílias foram desfeitas? - Ele me encarou impaciente.
Jv: E tu já viu algum traficante, tô falando patente alta, já viu invadindo moradia de policial pra matar? - Repetiu a pergunta.
Ayla: Quem defende bandido é um também.- Ele riu, me encarando.
Jv: Não preciso ser bandido pra defender um bagulho que eu vejo, que eu sinto na pele sendo morador de favela.- Falou olhando nos meus olhos.- Tu olha pra mim e fala que só por que o cara mora em favela vai te assaltar porque é bandido? Vai se fuder, garota.
Ayla: Porque tu tá certo em julgar policial, né?!
Jv: Eu perguntei quem tá certo? Só tô te falando, teu julgamento é errado, tu não vivência, não procura saber e fala merda.
Encarei ele e ele me encarou, ficamos nessa por uns minutos abri minha boca pra falar mas ele se levantou e saiu me deixando sozinha, cocei a cabeça e fui pra minha casa também, só estresse na minha vida.
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Coração vagabundo
Ficção AdolescenteDois mundos diferentes, duas vidas, ou melhor, dois opostos. A vida é meio louca e a gente nunca sabe o que tá escrito, mas em meio de tanta opção, tem aquele ditado que diz que sempre escolhemos a mais difícil e complicada de lidar.