Capítulo 36

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Cap 36  

Por Melina

Contar para a Sol sobre a morte da nossa mãe foi a coisa mais dolorosa que fiz na vida, ver aquele rostinho rechonchudo tomando pela dor e pelas lágrimas é terrível,ela é tão pequena,não devia passar por isso,não é justo.

A Zoe me ajudou a acalmar nossa irmã mas passamos a noite toda consolando ela,a Sol estava com medo de ficar sozinha,não queria de jeito nenhum dormir no quarto de hóspedes então acabamos ficando as três juntas em um dos quartos,não pregamos os olhos,só ficamos respondendo as perguntas da pequena.

O velório foi lindo,se é que dá para chamar um velório de lindo,mas tinham muitas flores, muitas margaridas - eram as preferidas da minha mãe -,o caixão era até bonito e ela foi sepultada no jazigo da família Makarov,o Sebastian disse que ela era da família,assim como eu e minhas irmãs somos.

Quando voltamos para o castelo decidimos nos revezar para ficar com a Sol,ela ainda está abalada e um pouco assustada,não queremos deixá-la sozinha. A Zoe ficou com nossa irmã e eu subi para tomar um banho, depois coloquei uma roupa leve - um short preto de tecido grosso e uma blusa branca larguinha de algodão que tem uma pequena amarração na barriga - e desci para ficar na minha sala,é bem tranquilo aqui e vou ter tempo para pensar um pouco.

O Sebastian tem sido ótimo desde ontem,me ajudou no hospital,fez tudo o que pôde pela minha mãe,cuidou do velório,liberou o jazigo e está se esforçando para nos consolar,não é nenhum príncipe mas ele é carinhoso do jeito dele,só que suas palavras de ontem de manhã não saem da minha cabeça.


Sebastian : se veste logo,você não è vadia para ficar desfilando de lingerie por aí,já me deu problemas demais por isso - ele disse com tanta raiva e tanta autoridade que me deixou devastada,como se a culpa de ter fotos íntimas divulgadas fosse minha.

Sebastian : seu corpo é meu - ele falou com autoridade,um pouco de orgulho e muita determinação e possessividade - eu sou o único que tem livre acesso a ele,deixei isso bem claro quando fizemos nosso acordo e não devia estar te lembrando agora. - essa frase doeu,doeu muito. Odeio pensar nele como meu dono,mas no final das costas ele é,eu fui condenada a ele sem nem ter a chance de me defender,ele pode não ser a pior pessoa do mundo mas me machuca muito sempre que diz que sou sua propriedade,que devo satisfazê-lo e que não tenho que ter opinião própria,só obedecer suas ordens.

As lágrimas jorram dos meus olhos enquanto sinto minha mente enlouquecendo devagar. Todas as mudanças de humor do Sebastian, nossos altos e baixos,as atrocidades que ouço e depois a forma com que meu corpo se rende ao dele...isso está me matando aos poucos,está me quebrando.

Ontem de manhã eu me senti uma puta suja e usada,me senti péssima,descobri que tem fotos minhas nas mãos daquele verme desprezível que me atacou,fui humilhada pelo meu marido e depois durante a tarde descobri que minha mãe está morta,acho que minha cabeça está pirando.

Me sento na área estofada da janela e me encolho como se pudesse me proteger,estou tão assustada e machucada. Queria reagir e ir consolar minhas irmãs,mas mal consigo sair do lugar,não posso consolar as duas se estou pior que elas,minha vida está nas mãos de uma Fera cruel,bipolar e que tem o poder de destruir meu coração. Ele brinca com os meus traumas,promete que não vai mais fazer e volta a me magoar,e o pior è que agora não tenho mais minha mãe para me aconselhar,mesmo sem saber da verdadeira situação ela sempre sabia o que dizer.

Condenada a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora