Saga William & Julie. -Contratado Para Amar. I. Concluído.

Capítulo 10. -Como Romeu & Julieta.

William.

Na saída do cartório, tudo está muito silencioso. Tão silencioso que chega a ser constrangedor.

Paro sua cadeira de rodas próxima a lateral do carro, abro a porta do passageiro e a pego no colo. Tudo ainda em silêncio e quando a sento no banco, me inclino rápido e coloco o cinto nela, fechando a porta depressa, a fim de sair dessa situação rápido. Embora saiba que isso é impossível.

Depois de colocar sua cadeira de rodas no porta malas e entrar, tomando meu lugar no banco do motorista. Dou partida, percebendo que a tensão e o desconforto ainda são sentidos dentro do veículo.

_ O que acham de irmos almoçar?- Sugiro em um sorriso amarelo.

Mas eu nem sei o porquê de estar fazendo tanta questão de tentar contornar a situação tensa. Afinal, não deveria me importar.

_ Acho uma ótima ideia. –Julie fala sorrindo.

_Pessoal, não querendo estragar a comemoração de vocês. –Nos interrompe Letty. _ Mas vocês já pensaram no que vocês vão dizer a família de vocês. –Completa temerosa.

Minha esposa olha para mim, e, suspirando, pergunta.

_ Acha que temos que contar para ela que nos casamos?- Pergunta receosa.

_ Se quisermos levar isso como uma relação de verdade, sim. –Respondo tenso.

_ E você quer levar isso como uma relação de verdade? –Devolve em dúvida.

_ Sim. –Minto. _ Desculpe se dei a entender que não.

_ Está tudo bem. –Responde em um sorriso carinhoso. _ O importante é que ao menos você me deu essa chance.

Assim, novamente meu coração diminuí de tamanho por suas palavras.

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Após nosso casamento no civil, Fernando nos oferece um jantar em sua casa para comunicarmos as nossas famílias que nos casamos e com isso, estamos na sala de estar, esperando a família de Julie chegar e enquanto isso, a estou observando discretamente. Observação que é interrompida por meu melhor amigo.

_ Admirando sua mulher. –Ouço a voz de Juan.

_ Não. Claro que não. –Tiro os olhos dela rapidamente

_ Por que não deixa seu orgulho de lado e se joga de verdade nesse casamento? -Pergunta em tom de conselho.

_ Eu não posso. -Respondo angustiado. _ Não consigo esquecer o engano em que fui colocado para estar aqui. -Completo magoado.

_ Esse ressentimento pode te fazer perder a chance de ser feliz.

Nossa conversa é interrompida com a chegada da família da minha esposa, que é recebida por Fernando e convida a se acomodar na sala e então, ele começa a discursar.

_ Boa noite as duas famílias. Estou oferecendo esse jantar em homenagem a Julie e William. Isso porque ele é meu presente para eles. Presente de casamento, pois, eles já estão casados no civil. Isso quer dizer que já são Senhor e Senhora Gold.

As expressões dos membros de nossas famílias são as mais diversas possíveis. Mas a que mais me preocupa é a da mãe de Julie. Pois, mesmo com a iluminação vinda de luminárias cilíndricas e arranjos de rosas vermelhas presos a elas, dá para ver a fúria e a irritação nos olhos dela.

Olho para minha esposa e vejo sua expressão apreensiva. Assim, mesmo com os sentimentos contraditórios que ela pode me trazer, eu tenho carinho por ela e não a deixaria ser humilhada.

_ Podem me explicar que palhaçada é essa que vocês se casaram? –Pergunta sua mãe entre dentes, visivelmente alterada, já de pé a nossa frente.

Imediatamente, puxo a cadeira de rodas de Julie para perto, a mantendo próxima de mim, entre minhas pernas, em uma espécie de proteção invisível.

_ Olha o escândalo mãe. –Responde minha esposa com uma falsa calma que sei que não sente. _ Estamos em público. –Completa com ironia.

_ Não estou vendo graça Julie. –Ralha minha sogra. _ Como assim você casou?

_ Ah mãe. –Exclama ela rolando os olhos. _ Não aja como se estivesse sendo pega de surpresa, pois, já sabia que estávamos noivos.

_ Sim. Noivado esse que não concordei.

Julie rola os olhos novamente.

_Você não tem que concordar com nada. Sou maior de idade. – A corta séria. _ Além disso, depois da sua ameaça velada contra meu relacionamento, não vimos outra saída a não ser nos casarmos.

_ Mas isso não é certo. –Fala inconformada. _ Sou sua mãe. Tinha o direito de saber.

Minha mulher está prestes a responder, quando Fernando se aproxima de nós.

_ Então mãe. –Começa Fernando se sentando no sofá ao meu lado, com Julie a nossa frente, entre minhas pernas. _Imagino que o motivo da sua histeria foi ter descoberto que Julie e William se casaram no civil.

_ Sim. E pela sua ironia e pelo motivo desse jantar, você já sabia.

_ Sim. Eu não só já sabia como os ajudei a se casarem. –Responde como se não fosse nada.

_ Como pôde fazer isso pelas minhas costas? –Esbraveja Lucrécia.

_ Ah, mãe. –Fala como se estivesse com tédio. _ Sem drama. Não é como se o relacionamento deles fosse novidade. Você já sabia do noivado deles.

_ Sim. Mas não esperava que fossem se casar tão rápido.

_ E o que você esperava?-Pergunta retoricamente. _ Você a deixou apavorada com sua postura no jantar de noivado. Ela obviamente ficou com medo de ser separada do homem que ama e me pediu ajuda.

_ Mas eu sou sua mãe. Tinha o direito de opinar. –Retruca novamente.

_ Para quê? Para dizer que é passional demais... Que sonha alto demais...Não precisa. Ela já ouviu isso demais.

_ Vocês não entendem. –Fala perturbada. _ Ela não está pronta para se casar e ter uma relação de homem e mulher. –Completa sem conter suas palavras. _ Ela não sabe como será sua vida sexual ou se poderá ter filhos. Ela tem que entender que sempre precisará de ajuda e que nunca poderá se virar sozinha.

Meu sangue ferve a cada frase. Como uma mãe podia dizer coisas tão ofensivas para uma filha? Fico ainda mais irritado quando olho para minha esposa e vejo lágrimas escorrendo por suas bochechas.

_ Me desculpe minha senhora. –Me pronuncio pela primeira vez. _ Mas nossa vida de casados não é da sua conta. –Completo impassível. _ E se não gosta da ideia de sermos casados, não vejo o que possa querer fazer aqui. Afinal esse jantar é para celebrar nosso casamento.

E essa noite, eu soube que eu e Julie seriamos uma versão moderna de Romeu e Julieta.