Capítulo 16. - Confuso.

618 43 2
                                    

William.

Como é de se esperar, estou muito confuso sobre os sentimentos que estão me tomando desde a noite de ontem. E como não posso desabafar sobre isso com quase ninguém, chamei meu amigo Juan para beber na casa da minha mãe, pois, sim, ainda estou na casa da minha mãe e ela na casa do irmão.

_ Vocês o quê? –Grita meu amigo animado ao saber que Julie e eu passamos a noite juntos. _ Finalmente se entregou ao que sente. Parabéns amigo

_ Não é nada disso. Isso não pode mais acontecer. –Esbravejo irritado. Mais irritado comigo do que com ele. _ Esse casamento tem data de validade. É apenas um contrato. Não pode ser mais do que isso.

_ Acho que a essa altura já é meu amigo.

Droga! Ele tem razão.

_ Mas aqui para nós. Como se sentiu?

Ele não precisa entrar em detalhes para que soubesse do que a pergunta se trata

_ Incrível. –Me lembro com um sorriso. _ A nossa entrega, seus beijos, toques, sussurros. Era como se ela derretesse em meus braços e mesmo que não percebesse eu fiz o mesmo. Era como se não houvesse mais ninguém no mundo.

_ É amigo. –Disse Juan em um sorriso. _ Você já está apaixonado. Só não admite isso ainda.

Pausamos a conversa, pois, minha mãe, que havia ido ao mercado havia voltado.

_ Juan, meu querido! O que faz aqui? –Pergunta em sorriso carinhoso.

_ Conversando com meu amigo. '

_Ótimo. Almoce conosco.

Ouvir minha mãe falar em almoço, me fez pensar se Julie já havia comido. Mesmo me repreendendo por isso, resolvo mandar uma mensagem.

'' Você já comeu?

''Não. Por quê?

''Quer almoçar? Posso levar alguma coisa para você.

Por que mesmo estou oferecendo isso? Eu não sei. Mas já foi.

''Pode ser. ''

Antes que possa me perguntar novamente o porquê, pego as chaves e a carteira e saio garagem afora em direção a casa de Fernando. Onde Julie está hospedada. Durante todo o caminho, penso no que devo dizer, mas não chego nas palavras certas. Antes de chegar passo em um Drive Tru e peço dois combos de lanches para nós.

Em torno de uma hora e meia depois, estou em frente ao portão da casa de Fernando e como é de se esperar, os portões são abertos e entro com o carro, saio dele e pego os sacos com comida, os coloco em um dos braços e bato na porta com a mão livre.

Quem abre para mim é; Cristal, que me sauda com sorriso.

_ Olá William. Boa noite. Julie está lá em cima.

_ Obrigada.

Enquanto subo as escadas e ando pelo corredor até a porta do quarto que ela está ficando e de novo, uso a mão livre para abrir a porta. A vejo sentada na cama, com as pernas estendidas e costas na cabeceira, enquanto lê um de seus amados romances. Ao ouvir a porta se abrir, ela se desvia da leitura e olha para mim.

_ Oi. – Falo sem graça. _ Trouxe lanches.

Ela sorri e me olha com ternura, me convidando a entrar. Entro sento e abro sua embalagem, enrolando seu lanche em guardanapo e dando a ela.

_ Temos que conversar. –Disse tenso. _ Por que não me disse que vai ser operada?

Ela cora e fica visivelmente incomodada com meu comentário.

_ Sim. Seu irmão me contou. –Continuo. _ Mas gostaria que você tivesse me contado.

_Sim. Eu sei. Me desculpe anjo. –Pede frágil. _ Mas não quero ser um peso para você.

Meu coração se aperta com sua resposta.

_ Ei, não diga isso. –Peço fazendo carinho em seu rosto. Ela fecha os olhos e sorri por um momento. _ Você é minha esposa agora. Temos que nos apoiar nas dificuldades.

_ Mesmo assim, preciso que me desculpe.

Depois de comer o lanche e lhe passo as batatas fritas.

_ E pelo que exatamente tenho que te desculpar? –Pergunto carinhoso.

_ Por ter me apaixonado por você. Aliás eu havia me proibido de sentir algo assim, mas não pude evitar. –Termina em um sorriso triste. _ Você apareceu em um dos tantos momentos em que estava me sentindo triste e iluminou tudo com seu sorriso. Sabe, eu costumo esconder minhas emoções com humor, mas ás vezes me sinto perdida.

Sim. Eu sei de tudo isso. A conheço melhor do que ninguém.

_ No momento em que chegou na minha vida, você passou a me tratar com tanto carinho, com tanta gentileza, amor, quem sabe. –Ri sem humor. _ Mas eu sabia que as chances de que me desse uma oportunidade eram nulas, pois, você além de tudo se tornou meu melhor amigo e sabe muito sobre mim, inclusive grande parte das minhas dificuldades com minha deficiência e meus problemas com minha família. Isso deve ter assustado você. E é por isso que não planejava te contar sobre a cirurgia.

Fico emocionado com suas palavras e sou tomado por uma ternura que não posso evitar.

_ Você não tem que pedir desculpa por algo tão bonito quanto me amar. –Sorri. _ Sou eu quem te devo desculpas por muitas vezes não saber entender seus sentimentos por mim e entendo os motivos pelos quais não me contou. Mas as coisas são diferentes agora.

_ Será?-Pergunta em dúvida. _ Tenho medo que com minha realidade instável e com as dificuldades da minha deficiência, você se afaste e me abandone.

_ Isso não vai acontecer. Eu prometo.

Após comer as batatas e beber nossos refrigerantes, junto os lixos e coloco em um canto no chão, voltando a sentar na beira da cama. Julie sorri para mim e bate nas pernas estendidas, como um convite para deitar em seu colo. Assim, eu faço.

Ela passa a acariciar meu moicano e sorri. Ficamos um tempo em silêncio por um tempo, mas finalmente o quebro.

_ Então, me explica como é isso da cirurgia?

_ Quer mesmo falar sobre isso? –Pergunta em uma careta.

_ Sim. Eu quero. –Sorri a encorajando.

_ Ainda não sei direito, mas pelo que entendi com minha maioridade meus ossos pararam de crescer e acompanhar meus músculos. Isso exige uma cirurgia de alongamento de tendões.

Sua voz sem vida me quebra o coração.

_ Entendi. –Falo sem jeito. _ E ela já tem data? –Pergunto preocupado.

_ Não. Não tem. Apesar de ser um fato. _ Aline disse que é necessário que faça um exame computadorizado e passe com um cirurgião ortopedista da sua equipe para que ele avalie esse exame e aí finalmente marque a cirurgia.

Apesar de ficar aliviado por termos um tempo, fico preocupado com o quanto ela está abalada com isso.

_ E quando será esse exame? –Pergunto apreensivo.

_ Ainda não foi marcado. –Responde angustiada. _ Aline disse que vai telefonar para minha mãe e dizer a data.

_ Quando for marcado, eu vou com você. – Falo rapidamente e percebo que iria dizer algo. _ E antes que diga qualquer coisa, isso não está em discussão.

Saga William &  Julie. -Contratado Para Amar. I.  Concluído.Onde histórias criam vida. Descubra agora