William.
Na manhã seguinte, sou o primeiro a acordar e fico um tempo observando Julie ainda adormecida. Novamente penso em como entrei nesse casamento certo de que não me apaixonaria e agora aqui estou eu: apaixonado e completamente encantado por aquela que jurei que não amaria.
Pensando melhor, talvez Fernando sempre teve razão. Não se conhece aquilo que nunca se teve e hoje sei que nunca amei Karina. Acho que nem ela me amou, talvez só tenha o ego ferido por eu ter me casado com Julie. Com suas últimas atitudes, penso que era apenas um troféu e sei que para mim, ela foi apenas um ''tapa buracos, pois, já penso que amava Julie desde a época da nossa amizade.
Engraçado, Julie sempre pensou que não era boa o suficiente para mim, e, até hoje deve pensar que foi por isso que escolhi Karina em um primeiro momento. Mas a verdade é que Karina era a opção mais fácil na época. Enquanto Julie era o desconhecido, o difícil e o assustadoramente intenso. Minha ex noiva era o carnal, o fácil. Além disso, tinha e ainda tem a diferença social entre nós. Minha mulher pertence a uma família de classe média alta e pelas dificuldades financeiras da minha família saímos dessa classe. Sendo assim, sei que nunca poderia oferecer a vida com a que sempre esteve acostumada e que precisa ter por sua cara reabilitação. Por essas coisas acho que nunca teria coragem de me assumir apaixonado antes e se esse contrato não tivesse me obrigado a encarar esses sentimentos isso nunca aconteceria. Sou grato por ele e nunca pensei que pensaria assim quando esse acordo começou.
Entretanto, sei que hoje ele também pode matar o amor de Julie por mim e pensar nisso me apavora, pois já experimentei a sensação de ser abandonado por quem mais amava e não quero passar por algo assim de novo. É por essa razão que ainda não posso dizer em voz alta que amo, pois, sei que quando fizer isso, será mais difícil me separar dela.
Saio dos meus pensamentos quando sinto minha princesa acordar e quando a olho, ela está se espreguiçando e cochando os olhos. Quando finalmente eles os abrem, sua mirada apaixonada me atinge assim como seu sorriso e meu coração se aquece.
_ Bom dia amor. –Fala manhosa e deita em meu peito.
_ Bom dia meu anjo. –Devolvo com um sorriso na voz. _ Que bom que acordou, porque logo temos que levantar. Não esqueça que hoje você tem consulta com seu possível novo cirurgião ortopedista.
Ela apoia o queixo em meu peito e não contem a careta.
_ Eu sei coisa linda. É chato e você está cansada dessa situação. Mas vamos pensar nela como um obstáculo para passarmos juntos, está bem? –Peço e ela assente sorrindo. _ E pense que já estamos aqui, então basta se arrumar e comer algo na lanchonete.
_ Está bem. –Sorri. _ Obrigada por estar comigo.
_ Estamos aqui para isso.
Aproveito que a hidroterapia ainda está fechada para sessões e pego uma cadeira de rodas de banho, contornando o tablado e a pego um pouco antes. Assim, a pego no colo em seguida e a sento na mesma. Logo, estamos no vestiário e como ambos já estávamos nus foi mais fácil e rápido colocar sua cadeira em baixo da ducha, ligá-la, voltando apenas para pegar seus frascos de sabonete liquido, sabonete, shampoo e condicionador, que estavam em nossa mala. Retorno ao vestiário com os produtos, me ajoelho diante dela e coloco os produtos ao meu lado no chão.
Abro o frasco de sabonete, coloco um pouco do liquido e esfrego uma mão na outra, usando a palma como esponja e a acariciando ao mesmo tempo em que, lavo seu corpo. Há muito tempo, o banho havia se tornado algo intímo e caloroso entre nós. E agora é uma coisa que não abro mão de fazer por ela. Assim, como ajudá-la a se trocar, pentear seus cabelos e calçar suas sapatilhas. Coisas que agora faço com amor.
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Depois de vestidos e banhados, descemos para a lanchonete e começamos a notar que instituição começava a encher de pacientes, familiares e profissionais de medicina. De repente, tive medo de que encontrássemos Vinícius. Porque me lembro que não sabe que já temos conhecimento do seu erro e que Julie trocou de médico.
Mas não quero pensar nesse canalha hoje, então me concentro em achar uma mesa para nós e assim, tomamos café da manhã e esperamos que chegue o horário da consulta.
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Cerca de um hora e meia depois, estamos no carro e voltando para casa. Volta essa que está tensa e não é para menos. Primeiro passei a manhã inteira nervoso com a possibilidade de Vinícius nos ver, o que não aconteceu e isso é um alívio. Mas apesar disso, o possível novo médico não foi muito otimista no diagnóstico.
Basicamente, ele disse que provavelmente a haste em sua canela está sendo rejeitada por seu corpo. Talvez, porque foi colocada em um espaço muito pequeno e isso pode estar prejudicando a circulação de sangue, fraturando alguns ossos. Por isso, ela tem a sensação de muitas vezes sua pele estar sendo perfurada de dentro para fora. Saber que seu corpo está passando por isso, fez eu entendesse quanta dor ela está sentindo e sua intensidade. Mas, também faz meu ódio por Vinícius aumentar.
_ Quer conversar? -Pergunto receoso.
_ Não sei colocar o que estou pensando em palavras. -Responde em um suspiro.
_ Tente. Nunca teve esse problema comigo. -Brinco, tirando os olhos das marginais por um momento e vendo um sorriso aparecer em seus lábios.
Isso. É isso que eu quero.
_ Estou me odiando nesse momento. -Começa irritada. _Eu sabia que havia algo errado. Deveria ter gritado e fazer com que alguém me escutasse.
Aproveito que paramos no sinal vermelho e olho para ela.
_ Não. Não. Você não vai fazer isso. Não vai se culpar. Não quando é a vítima. -Disse intenso.
É o que basta para que ela desabe diante de mim.
_ Eu estou com medo anjo. -Sussurra com a voz embargada.
Vê-la tão frágil e quebrada, me faz querer chegar mais rápido para abraçá-la.
_ Eu sei coisa linda. -Digo com ternura. _ E não sabe o que daria para te abraçar agora. - Confesso tocado.
Ela me lança um sorriso triste e uma mirada cheia de amor. Acabamos não dizendo mais nada durante o resto do caminho. Mas permanecemos em um silêncio confortável e eu não deixo de lhe oferecer apoio, entrelaçando nossos dedos sempre que possível. De repente, ela joga a cabeça a cabeça para trás no banco e olha para janela. Então meu coração se aperta quando percebo pelo reflexo do vidro que está chorando. Minha urgência em consolá-la se torna ainda maior.
Assim, entro em um estacionamento a céu aberto, parando na primeira vaga que encontro e saindo do carro em seguida. Dou a volta e abro sua porta. Ela me olha confusa e intrigada quando tiro seu cinto e peço que gire o corpo, ficando de frente para mim, que já estou entre suas pernas.
_ Estou te devendo um desses.
E assim, com ela ainda confusa, a puxo para um abraço. Assim, de modo quase automático quando enlaço sua cintura com o braço, ela se aconchega e relaxa em meus braços.
_ Sei que está com medo. - Digo em seu ouvido. _ E acredite, eu também estou. Mas vai dar tudo certo.
_ Não pode ter certeza. -Retruca se separando de mim.. _ Você ouviu o doutor. Mesmo que a haste seja retirada, ele não pode saber a extensão dos danos causados por ela nos meus ossos e na minha circulação. Nem se haverá chance de reparação. Eu posso não andar mais de andador amor. Isso é assustador.
Eu, então, faço a única coisa que poderia fazer naquele momento, a abraço novamente e digo.
_ Eu sei. Eu imagino. Mas temos que ter fé. -Responde.
_ Tem razão. Mas é tão difícil.
_ Com certeza. Mas se fosse fácil, não teria graça.
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Saga William & Julie. -Contratado Para Amar. I. Concluído.
Romance''Quando fui coagido para assinar um contrato de casamento com alguém que não amava, meu plano era claro: cumprir os quatro anos dele sem me deixar envolver por minha intensa, apaixonada e igualmente enganada esposa, levando isso como um trabalho. A...