Capítulo 11

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- O que você irá fazer? - estávamos próximos aos distritos de trabalho, as ruas vazias e frias como a única companhia. Havia se passado poucos minutos desde que Jonathan tinha saído da Alcova e eu não fazia a menor ideia de para onde, exatamente, ele estava indo e nem o porquê eu estava o seguido. Ele não pareceu se incomodar muito de toda forma.

- Foi exatamente o que você ouviu minutos atrás, meu sol. - Respondeu ele sem nenhuma emoção em sua voz. Jonathan havia parado de caminhar e me dei conta de que agora estávamos a poucos metros de distância da torre de vigilância do continente, o prédio de dois andares bem iluminado de concreto batido, vigiado 24 horas por dia bem no centro do distrito de trabalho e que se destacava em relação aos galpões espalhados ordenadamente por toda a extensão do distrito. Era onde as informações eram recebidas do continente e transmitidas para as câmeras e transmissores televisivos espalhados entre os galpões de trabalho, e onde toda Cirta era monitorada através das câmeras espalhadas nos galpões e alojamentos comunitários. Os Duplicados ficavam aqui para a averiguação antes de serem espalhados entre os guardas e galpões, como sentinelas ou comandante de sistemas. O prédio era uma ponte direta entre o continente e sua nação de trabalho. As vezes me pergunto se o continente de fato sabe o que acontece em Cirta ou se é notificado apenas o que lhes convém saber.

- Já disse para não me chamar assim. - Minha voz afiada como as lâminas gêmeas que ainda estavam pressas em minhas botas. Achei de bom grado deixá-las mais um tempo ao meu alcance antes de devolve-las para a Alcova, para resguardar possíveis surpresas, já que Sofia tinha confiscado a minha faca que eu passei um dia inteiro tentando fazer dela quase uma boa lâmina. Jonathan estava parado agora me avaliando como se estivesse prestes a negociar uma peça importante, ignorando totalmente o que eu havia acabado de dizer, agradeci internamente por ainda está com o lenço preso no rosto escondendo com certeza o rubor que agora estava estampado nele pelo modo como ele me olhava, ele tinha largado para trás seu lenço em algum lugar na entrada do Covil, enquanto ajudava a descarregar o caixote de cobre. - O que você está olhando? - simbilei. Ele me lançou um sorriso arrogante antes de dizer:

- Talvez você não goste muito de saber.

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- Você só pode ter enlouquecido.

- Não vejo outra forma. - Respondeu ele baixinho.

- Não pode simplesmente perguntar?

- Que graça teria?

- Não é pra ser engraçado seu idiota! - Minha voz saiu quase um grito, como se de imediato olhei em volta checando se alguém mais havia nos escutado. Nada. Estávamos sozinhos ao que parecia.

- De todo modo eles não iriam nos responder e você tem saldo suficiente para barganhar a informação? Acho que não. - Enfatizou ele.

- Isso não vai dar certo.

- Está quase na hora da troca de turno é so entrar pegar o transmissor e sair, não tem como dar errado.

- Você esquece quem está la dentro?

- Você sabe se fazer invisível. - Enfatizou.

- Isso é loucura. - Disse mais para mim do que para ele, enquanto andava de um lado ao outro inquieta.

- Foi você que me seguiu. - Ele levantou os braços em um gesto de dar de ombro.

- É, e já me arrependo por isso, acredite. - Disse por cima do ombro, enquanto ainda andava de um lado para outro. Era uma loucura, uma tremenda e estúpida loucura entrar no prédio mais vigiado de Cirta e furtar um dos transmissores de comando... era mais loucura ainda, deve existir diversas salas e corredores lá dentro... - É melhor arrumar outra forma de obter a informação.

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