OS RETALHADORES

Capítulo 26

- O que faz aqui de pé na porta do meu quarto, Rothawen? - Perguntou Verona, sobrancelhas arqueadas olhando para minha pesada bolsa sob o meu ombro e com ligeira desconfiança traçando o seu rosto delicado.

- Dividiremos o quarto - disse adentrando o pequeno cômodo. O quarto acomodava uma cama de casal, um baú de madeira de carvalho próximo a cabeceira esquerda da cama servia para guardar os pertences, embora uma cômoda simples de madeira com três gavetas também ocupasse o espaço, à apenas um metro de distância do baú. Uma mesa de madeira simples com duas cadeiras e algumas latas vazias de proteínas ocupava o canto direito, havia adagas de diversos tamanhos e formatos decorando uma prateleira de ferro, dividindo espaço entre livros e frascos de perfume pela metade. Um pequeno banheiro de cerâmica branca e com uma banheira e um longo espelho que ia do chão até pouco mais de dois metros de altura, as paredes eram de pedra esculpida, o que deixava o quarto um pouco mais frio e escuro, embora houvesse um candelabro em metal contorcido com pontas afiadas o suficiente para causar perfurações permanentes e até fatais, a apenas poucos metros acima da cama, caso oussase despencar do teto... O quarto era rústico e aconchegante apesar de pequeno e nada feminino. -, estou tão satisfeita com a ideia quanto você. - Digo largando no chão de madeira a bolsa e puxando uma cadeira para sentar.

- Você não vai ficar aqui. - Diz ela em tom seco, ainda parada na porta aberta.

- Eu posso dormir no chão se esse é o problema. - Digo cruzando os braços em um gesto de dar de ombros. Verona fecha a porta irritada e caminha até ficar poucos centímetros de distância de pé na minha frente.

- O que aconteceu com o quarto do Kira? Não me diga que você tacou fogo nele? - Perguntou Ela, franzino as sobrancelhas em fingida curiosidade.

- Como você disse, o quarto é do Kira... E a escolha não foi minha. - Digo simplesmente.

- Pensei que voltaria para a sua casa, não lembro de ter visto você passar mais que uma hora aqui dentro. - Disse Verona. - Qual é, não me diga que foi expulsa de lá também?

- Você não sabe do que está falando. - Digo.

- Eu não sei o que diabos o Noah quer com isso - Ela cruza os braços -, mas se eu te ver mexendo nas minhas coisas, você está fora. Independente da ordem dele. - Indagou irritada e nada satisfeita. Apesar dela ter me ajudado enquanto eu estava me recuperando dos ferimentos nos últimos dias, nós duas nunca trocávamos mais que algumas palavras durante as missões.

- Combinado. - Digo simplesmente. Verona bufa e parte em direção ao banheiro, antes de entrar diz por cima do ombro claramente contrariada:

- Você dorme no lado direito da cama. - E com isso ela fechou a porta com tudo, trancando-se lá dentro.

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- Já estamos aqui a quase uma hora, e nada de anormal aconteceu. - Resmunga Thitos a poucos metros a frente, pesando o peso do corpo entre os pés, apoiado em um poste. Estávamos em um dos becos que ladeavam o Mercado do Peso, camuflados o suficiente para passarmos despercebidos e se não fosse pelo lenço encobrindo metade do seu rosto, podia apostar que o seu maxilar estaria contraído agora, de irritação. Depois que Verona saiu do banho e falou por incontáveis minutos todas as regras sobre o seu quarto, enfatizando bastante as duas últimas palavras, ela finalmente resolveu dormir me deixando em meus próprios pensamentos o resto da noite, e algumas horas mais tarde, estávamos nós, de pé expionando uma das barracas, após o Noah alegar que um dos mercadores não estava contribuíndo, adequadamente, com os tributos pelas vendas das peças interceptadas pela Alcova, alegando que estavam furtando algumas das peças durante a madrugada e que era necessário apurar essa informação, já que ele não acreditou em nada do que alegara o comerciante.