Capítulo 49

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- Não foi sua culpa, Emery. - Ele assegura, mas é pouco eficaz para me convencer disso. Me pego dizendo então:

- Eu sei. - Minha voz está tão baixa e incerta que desconfio se de fato ele me ouviu ou se eu mesma acredito no que acabei de dizer.

- Conseguimos encontrar os mapas ontem no prédio enquanto vocês estavam em missão. - Jonathan me diz. Enquanto estávamos torturando possíveis rebeldes você quer dizer, quase o corrijo mas me mantenho de boca fechada, Jonathan continua quando percebe o meu silêncio: - Eles estavam escondidos em um compartimento dentro do assoalho próximo a um dos corredores. Assim que encontrarmos a caixa sairemos daqui, Emery. - Ele promete, sua voz está tão determinada e segura.

- Já olhamos em todos os lugares. - Começo a dizer. Minha atenção voltada para a cidade. Estávamos no telhado, Kira tinha ido atender a uma emergência culinária da Irene, algo como temperatura do forno. Quarenta minutos havia se passado em completo silêncio entre nós dois desde então. - Já se passou quase uma semana e mais ataques estão acontecendo... enquanto estou aqui...

- Não foi sua culpa. Ele insiste em dizer.

- Eu pedi para que ele acabasse com aquilo...

- Não entre nesse caminho, Emery. - Jonathan se aproxima, ficando centímetros de distância ao meu lado na sacada. - Não se pode fugir quando se está perdida nele. - Eu sinto seus olhos em mim, mas não consigo encará-lo. Ele faz uma pausa, então continua: - Não deixe o Noah manipular quem você é. Aquelas pessoas morreram lutando pelo que acreditam e não abririam mão disso. Eles sabiam dos riscos. - O silêncio preenche o espaço entre nós dois, Jonathan retoma:
- Está pensando nelas, não está? - Ele pergunta.

- Elas devem está me odiando por ter sumido sem dar notícias. - Digo.

- Não acredito que estejam. - Ele me diz. Um tímido sorriso aparece em seus lábios. - Lembra quando quase nos matou? - Jonathan indaga depois de um tempinho em silêncio. Notei que estava tentando mudar de assunto mas não me opus a isso.

- Aquilo não foi intencional. - Eu respondo.

- Então quer dizer que não teve nenhuma intenção em roubar o mercador bem na minha frente? - Jonathan diz em tom acusatório, sua testa franzida ao centro. - Enquanto deveríamos apenas inspecionar a carga e dá o fora?

- É.

- Sua não intenção - Jonathan começa -, me deu um olho roxo e uma semana inteira sem enxergar direito com o olho esquerdo, por tentar defendê-la. - Resmungou ele.

- Não seja dramático. - Eu provoco. - Eu estava lidando muito bem com aquilo até você resolver bancar o herói. - Digo. - E o olho roxo combinou com o seu tom de pele. - Brinco, Jonathan se limita a revirar os olhos, antes de dizer:

- O que não combina com o meu tom de pele? - Sua voz está rouca e sussurada. Ele se inclina levemente até mim, ficando perto demais agora. Seus olhos verdes abaixam até os meus lábios e paralisam alguns segundos ali. Ele se dá conta do quanto está perto e se afasta. - Desculpa. - Sua voz falha ao dizer, sua atenção se desvia para a cidade. Eu não sei o que deveria dizer para tapar o estranho silêncio entre nós dois agora.

- Kira está demorando. - me ouço dizer. - Vou descer lá... Talvez ele possa... - Jonathan segura meu antebraço, me parando no lugar. Jonathan engole em seco antes de soltar sua mão de mim e dizer:

- Se descer lá e estragar o momento vovó da Irene, ela expulsa-rá você a pontapés. - Ele assegura.

- Achei ter ouvido de você que eles não eram parentes. - Exponho.

- E não são. - Jonathan responde.

- Mas ela é tão...

- Afetuosa...? Maternal...? Ranzinza...? - Jonathan arqueia uma sobrancelha. - Eu até hoje não sei o que ele fez para merecer tamanho castigo. - Brinca.

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