Capítulo 31

20 3 0
                                    

- Pode me explicar o que exatamente você prometeu à ela? - Jonathan  perguntou depois que havíamos sido praticamente chutados para fora da tenda pelo sujeito de rosto marcado, após Alexia começar a traçar as novas atividades dos rebeldes. Tínhamos algum tempo antes dela resolver nos levar de volta e uma semana para conseguir os mapas de que eles precisavam para o próximo ataque. Ela não confiava em nós dois o suficiente para compartilhar todos os seus passos.

- Eu precisava ser convincente. - Dei de ombros, chutando uma pedra no caminho, embora soubesse que nem todas as palavras ditas naquele túnel foram mentiras. Jonathan me estudou por alguns segundos antes de dizer com clara desaprovação:

- O que acha que ela irá fazer quando descobrir que está mentindo?

- Que nós estamos mentindo. - O corrigir, encarando-o. - Você também faz parte disso ou esqueceu?

- Se ao menos o desgraçado nos dissesse exatamente o que temos que encontrar. - Resmungou a si mesmo.

- Pelo menos podemos dizer que estamos mais perto que antes. Esse lugar... - Olhei ligeiramente para o acampamento à nossa volta. - Como que ninguém sabe sobre esse lugar?

- Há diversos túneis e cavernas desativadas em Cirta. - Jonathan começou a dizer baixinho. - E mesmo assim o Noah só conseguiu coordenadas de alguns que interligam à fronteira para facilitar suas negociações com o continente. Não sabemos quase nada sobre todas as passagens e túneis que existem em Cirta. -  Jonathan passa a mão sobre seus fios castanhos, levando uma mecha sedosa para o arco da orelha, havia algo indecifrável passando pelos seus brilhantes olhos verdes. - O que farão à todas essas pessoas quando descobrirem que estão associadas aos rebeldes...? - Ele diz baixinho.

- Não podemos contar nada Jonathan, eles ligarão a informação diretamente a nós dois. - Digo. - Ela nos trouxe aqui para que víssemos o porquê que eles lutam mas também é um teste. - Começo a caminhar em direção a fogueira, e para aquela que agora sozinha recolhe os livros do chão, guardando-os em uma pequena caixa de ferro com duas rodinhas acopladas no suporte traseiro da caixa.

- Emery... - Ele adverte segurando meu pulso. - Não acho que isso seja uma boa ideia. - Suas palavras soaram baixas e incisivas. Me desvencilhei do seu aperto e segui em direção a fogueira. Jonathan emite um estalo com a língua contrariado mas se mantém próximo a mim.

- Sim Jonathan, porque não falamos com a simpática senhora? Claramente será uma ótima ideia. - Ele resmunga irônico, inclinando levemente a cabeça para o lado enquanto se mantinha à alguns passos atrás.

- Fique ai se quiser. - Disparo por cima do ombro. - Eu não vou ficar parada esperando as coisas acontecerem. - Jonathan revira os olhos.

- Você, Emery Rothawen. - Ele começa a dizer, sua voz adquirindo um exagerado tom de advertência. - É uma péssima parceira. - Eu paro e inclinando meus ombros ligeiramente para a frente o encarando com uma mão apoiada no peito e com uma voz aveludada e suave eu digo, antes de voltar a caminhar novamente:

- Isso é muito significativo da sua parte, obrigada, parceiro. - Jonathan  revira os olhos novamente. Eu continuo o resto do caminho. Ela de costas não nota quando nos aproximamos, enquanto recolhe os últimos livros de cima de um velho e fino tapete próximo ao fogo crepitante. Eu me inclino e recolho um deles estendendo a mão para que ela o pegasse. - Confesso que nunca poderia imaginar que a senhora faria parte disso. - Digo baixinho. A sra. Clark retira o livro da minha mão de forma suave depositando dentro da caixa de rodinhas junto com os outros, sem pressa.

- Que bom vê-la novamente, minha querida. - Diz, de costas organizando os livros em pilhas na caixa de ferro.

- Achei ter ouvido que não sabia de nada. - Eu a questiono. Ela volta a recolher os livros que ainda restam no chão.

OS RETALHADORESOnde histórias criam vida. Descubra agora