Capítulo 53

12 0 0
                                    

- O que você está fazendo?! Me deixe ir até ele... Noah... por favor, me deixe ir até ele! - Eu não  consigo manter o ar nos pulmões, tudo parece sufocante demais agora. Noah me arrasta para algum lugar escuro.

- Já o viu. - Ele diz perto demais do meu rosto, eu estava contra a fria parede da mina, já não controlava as lágrimas em meus olhos ou os olhares dos presos em suas celas ao espetáculo que certamente eu estava fazendo. - Não faça escândalo ou irá se arrepender.  Estamos indo embora. - Ele diz friamente em um comando letal enquanto me puxava em direção as celas escuras.

- O que foi que a garota disse? - Perguntou o sujeito baixinho entrando em meu campo visual, suas sobrancelhas escuras erguidas em confusão. - Que cena foi aquela?

- Nada. - Noah diz categórico. - Ela achou ter visto alguém conhecido. - O sujeito leva um tempo até dizer:

- Não estou entendendo. Quem ela viu? - Ele estava começando a se irritar.

- Só alguns minutos, por favor. - Estou implorando para ele. Noah expira profundamente e então diz ao sujeito, sem de fato olhá-lo:

- Quanto tempo dura o intervalo dos presos? - Ele pareceu não entender a pergunta, Noah abre a boca mas o sujeito é mais rápido quando finalmente responde enquanto rapidamente passava os olhos em seu relógio no pulso, seu rosto ainda demonstrava confusão:

- Acaba em quatro minutos. - A esperança acende em meus olhos quando o Noah o puxa para o lado oposto ao qual estávamos próximo aos corredores das celas e começa a conversar sério algo que eu não consigo ouvir.

                .......... ◢☼◣ .........

Foi preciso todo o meu alto controle para me manter aguardando na pequena e abafada sala de interrogatório, quando na realidade só queria irromper em cada cela até encontrá-lo, milhões de pensamentos inundavam a minha mente, milhões de pensamentos atordoados me sufocavam mais que essas paredes escuras forjadas em rocha. O lugar não havia nada além de uma mesa pequena e enferrujada e duas cadeiras que mais pareciam sucatas do que qualquer outra coisa. As paredes eram ainda mais frias e escuras que as dos corredores próximos as celas e a única luz vinda do teto não servia em nada para manter o cubículo iluminado, o lugar era pequeno e abafado. Três voltas eram mais que o suficiente para conhecer cada centímetro do quadrado que era essa sala, e eu, já tinha dado mais que três voltas, eu já tinha dado mais de 23 voltas. A sala tinha um desagradável cheiro de metal e vestígios de sangue podiam ser vistos já secos em alguns pontos no chão ou nas paredes de rocha. Não era uma simples sala de interrogatório ao que parecia. Eu esperava e esperava, podia jurar que uma eternidade havia se passado ou que meus sapatos criaram rastros no chão mal feito de concreto até o momento em que fui trazida até aqui, mas não tinha como ter certeza, não havia nada com que contar as horas e eu não podia mais esperar, então encurtei a distância até a porta de ferro ainda fechada e quase como se lesse meus pensamentos Noah adentra sozinho me parando com o braço ainda esticado em direção a porta.

- Indo embora sem mim? - Indagou em um tom de desapontamento fingido.

- Onde ele está, Noah? - Simbilei baixo. Noah encostou- se na porta, suas mãos indo aos bolsos antes de dizer sólido e nítido como uma rocha:

- O tempo está se esgotando, Emery. - Ele fez uma pausa e não havia  provocação ou sarcasmo quando disse: - E minha paciência também está. Então faça com que o tempo valha a pena.

- O que que dizer? - Perguntei. Noah corta a distância e para meio-metro em minha frente, suas mãos ainda nos bolsos da calsa.

- Eles podem ainda não ter certeza - ele começa baixo, como se as rochas pudessem nos ouvir -, mas nós dois sabemos quem troca informações com os rebeldes daqui de dentro.

OS RETALHADORESOnde histórias criam vida. Descubra agora