Capítulo 32

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- Eu não acredito que estamos mesmo fazendo isso. - Digo de pé na entrada da tenda.

- Só fique de olho enquanto eu procuro por alguma coisa que possa ser interessante. - Ele diz, vasculhando o enorme saco de dormir no chão e revirando os pertences próximos.

- Alguém vai notar que sumimos, Jonathan! - Sussuro em advertência mas ele me ignora e segue em direção a mesa de carvalho ao qual os mapas e papéis com anotações estão espalhados.

- Que droga! - Ele resmunga a si mesmo. - Não há nada aqui.

- Você já olhou ai a cinco minutos atrás e da primeira vez já não havia nada. - Digo.

- Talvez eu tenha deixado passar  alguma coisa. - Ele diz, sua atenção voltada para a mesa.

- Vamos embora antes que alguém apareça. - Eu insisto.

- Temos uma missão. - Jonathan Começa a dizer sua voz grave e decidida. - Achar um artefato antigo, só estou tentando adiantar as coisas, já que estamos aqui. - Jonathan recolhe algumas anotações de cima da mesa, escondendo os papéis no bolso da frente da sua jaqueta de couro.

- Não acha que irão perceber que as anotações sumiram? - Eu o alerto, ele me encara por nada mais que um batimento cardíaco antes de bagunçar levemente a mesa, espalhando ainda mais os mapas e anotações sobre ela.

- Eles haviam deixado uma bagunça aqui antes. Eu duvido que notem a diferença de uma ou duas folhas faltando. - Ele conclui, indo em direção a lateral pouco iluminada da tenda ao qual um pequeno baú de madeira está fechado em um canto escuro. Como se de fato estivesse sido camuflado ou afastado da vista de quem estivesse dentro da tenda.

- Isso aqui pode ser interessante... - Ele diz baixinho, agachando-se até o baú.

- O que achou? - Eu pergunto. Jonathan se vira ligeiramente antes de voltar sua atenção novamente ao baú fechado.

- Está trancado. - Ele se dá conta. - Isso significa que tem algo aqui dentro que não deve ser visto ou acessado por qualquer pessoa. - Sua mão passando pela pequena fechadura em aço. Eu deixo a entrada e vou até ele.
- Levando em consideração...
- Jonathan olha do baú até a entrada da tenda. - Que mesmo que alguém estivesse no centro da tenda, não daria para notar o baú aqui. - Ele conclui.

- Precisa de uma chave ou algo afiado o suficiente para destravar a abertura sem causar danos ou ser perceptível.
- Eu observo.

- E eles retiraram todas as nossas armas. - Jonathan resmunga, levantando em seguida e olhando ao redor da tenda no que parecia ser à procura de alguma coisa. - Precisamos achar qualquer coisa que possa ser útil para abrir isso.

- Jonathan já estamos aqui a muito tempo. Alguém pode aparecer.

- Você tem razão. - Ele diz baixinho, passando por mim e afastando parcialmente a lona e olhando ligeiramente para fora. - Se nos pegarem aqui - ele diz me encarando, sua mão na extensa lona que separa a tenda das vistas das pessoas do lado de fora -, será muito mais difícil conseguir achar o que o Noah tanto quer. Teremos que voltar e de preferência com a chave dessa coisa ou uma adaga muito bem afiada. - Eu assinto e depois de checar mais uma vez os arredores fora da tenda de guerra, nos certificando de que ninguém estava por perto, nós saímos.

- Vejo que já estão a vontade no acampamento. - A voz suave da sra. Clark se fez ouvir à nossas costas. Arrepiando cada pelo do meu corpo. Já estávamos à uma distância segura da tenda e ninguém parecia está por perto naquele momento, o acampamento estava silencioso e calmo, de modo que não havíamos notado sua aproximação ou ouvido seus passos. Eu tive a impressão de ter visto Jonathan engolir em seco antes de virarmos, seu rosto sendo preenchido por um sorriso envergonhado.

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