Capítulo 47

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- Achei que não conhecesse a cidade. - Sua voz reverbera em cada osso do meu corpo. Eu me viro devagar e o encontro de pé em sua porta entreaberta, seus braços cruzados e olhos como duas armas apontadas diretamente para mim.

- Seja lá o que sua mente doentia queira a essa hora da manhã, Noah - começo a dizer enquanto destrancava a porta e adentrava no quarto escuro. Eu retiro a jaqueta e jogo em uma das camas -, acho que pode esperar alguns minutos até que eu esteja um pouquinho mais apresentável. - Ouço seus passos atrás de mim, enquanto ascendia o interruptor.

- Irar com o pessoal inspecionar uma carga que sairá para as minas essa manhã. - Ele começa. - Esteja lá embaixo em vinte minutos. - Conclui indo em direção a porta.

- Iremos...

- Não se anime. - Noah me interrompe friamente. - Ainda não pensei a respeito. - Diz por cima dos ombros.

- Você disse que eu o veria. - Expus.

- Não lembro de ter feito nenhuma promessa, querida - Ele confessa à voz fria e rosto indiferente, caminhando rumo ao corredor. - Esteja pronta em vinte minutos. - Diz novamente. Ele para e volta sua atenção ao caixote aberto e as roupas em menor quantidade do que havia antes, algumas peças até estavam jogadas no chão.

- O que houve com todas as roupas que havia nesse caixote? - Noah pergunta.

- Doei algumas. - Digo simplesmente.

- Se eu quisesse que fossem doadas eu mesmo faria isso. - Ele diz áspero.

- Eu disse que não as queria. Não havia motivos para deixá-las aqui.

- A qual maltrapilha você deu as roupas que custaram quase trezentas moedas, Emery? - Sua voz era letal e controlada.

- Se foram dadas a mim - eu começo a dizer em voz baixa -, o que eu faço com elas já não lhe diz respeito. - Noah absorve minhas palavras em silêncio, ele ajusta o botão do pulso da camisa de algodão de tom acinzentada, ele vestia uma combinação de calças pretas e camisa de mangas longas em algodão, seus cabelos negros impecavelmente alinhados, exceto por um ou dois fios soltos na testa coberta por sardas marrons.
Noah me olha uma última vez antes de sumir pelo corredor.

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Tínhamos uma estratégia.
Na verdade o Kira tinha um palpite. Segundo ele, depois de horas mais tarde descer menos ranzinza do telhado e com um copo de chá quente em mãos, ele achava que a caixa não estava no prédio, o Isaque seria esperto demais para isso. Se de fato essa caixa possuía algo que lhe poderia ser útil no futuro, alguma coisa relacionada a morte dos pais do Jonathan e do Noah, ele não seria idiota de deixá-la no escritório, quando qualquer pessoa poderia facilmente ter acesso se vasculha-se o pequeno cômodo por alguns minutos, então o Kira tinha um palpite. A caixa estava em outro lugar, o que nos leva ao problema de número um: onde seria esse lugar? Jonathan nada havia dito sobre o que havia de tão precioso na caixa, só que o Noah não teria acesso ao seu conteúdo, Kira mantinha um ar de condescendência para ele, eu era a única perdida nessa história toda, pelo visto. Então após o rápido café da manhã, envolto em chá quente e pãezinhos passados, servido pela senhora de rosto ranzinza e enrugado, tínhamos nos separado e eu estava voltando ao prédio sozinha. Jonathan daria um jeito de me contactar se descobrisse alguma coisa e eu faria o mesmo, apesar de não saber bem como.

- Você verifica a carga. - Ethan joga a prancheta contra o meu peito e segue à frente. Estávamos em uma área desértica e isolada da cidade, a poucos metros de onde seguiamos agora à pé, estavam estacionadas uma vã preta, dois homens de rostos irritados estavam de frente a porta traseira trancada do veículo, ao qual Carter e Arthur trocavam palavras, enquanto eu, Jasper e Ethan caminhávamos até eles.
Aparentemente era alguma espécie de jogo idiota o que eles faziam sempre que eu tinha que me juntar a eles e mais uma vez o Ethan tinha levado a pior ao tirar o menor palito, mas ele deu logo um jeito de arrastar o Jasper com ele, e durante quase duas horas fui obrigada a ouvir Ethan resmungar sem parar enquanto dirigia até o local da missão.

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