Capítulo 33

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- Você o que?!

- Eu consegui um modo de encontrá-lo. De saber quem é meu pai. - Ela diz animada.

- Você sabe que será a única machucada nessa história, não sabe?

- Você não tem como ter certeza disso. - Ela rebate envergonhada.

- Lenora...

- Talvez ela não tenha contado sobre mim. - Ela se explica. - Talvez ele não saiba...

- Ou talvez saiba e não ligue. - Disparei para ela, me arrependendo logo em seguida. - Lenora, eu não quis dizer...

- Você tem razão. - Ela diz baixo demais, seu olhar recai sobre as mãos entrelaçadas em seu colo. - Eu sou uma tola.

- Isso não é verdade. - Eu digo. - Mas talvez haja um motivo para a sua tia nunca ter dito quem ele é. Talvez seja melhor assim, Lenora.

- Talvez. - ela diz passando os dedos nas pequenas e brilhantes miçangas em sua pulseira. - Mas eu preciso ao menos saber o seu nome.

- E como pretende fazer isso? - Eu pergunto com cautela.

- Uma pessoa está me ajudando nisso. - Ela diz um pouco envergonhada. Encarando suas mãos.

- E que pessoa seria essa?

- Um guarda da torre de vigilância. - Lenora responde simplesmente.

- E ele aceitou ajuda-lá, sem mais nem menos?

- Você sabe como isso funciona, Mery. - Ela rebate me encarando, seus olhos amendoados como lâminas afiadas.
- Nada é sem mais nem menos.

- A quanto tempo? - Eu pergunto.

- Já fazem alguns dias. - Ela diz. Eu levanto da cama, uma mão sobre a cabeça.

- Você tem noção da loucura que é tudo isso, não tem? - Digo de costas para ela.

- Assim que conseguir os registros dos guardas que trabalharam no galpão de costura quando minha mãe ainda estava viva, eu juro que acabo com isso. - Ela garante.

- E se ele só a estiver usando? - Eu indago. - Você já parou para pensar nisso?

- Não, não parei. - Ela responde hesitante.

- Pelo sol, Lenora! O que tem na cabeça?!

- Não haja como se soubesse o que está fazendo. - Ela rebate, levantando-se da cama.

- Eu asseguro que são coisas totalmente diferentes. - Digo furiosa.

- Por que não incluie dormir com estranhos? - Ela dispara, seu cenho se franzino.

- Eu não quero discutir isso com você.

- Talvez esse seja o problema, Mery. Você nunca discute nada comigo, sou sempre a única a falar.

- Talvez se você parasse de ouvir alguma coisa além de si mesma. - Eu disparo, me dando conta do erro e do modo como disse as palavras. Uma sombra de tristeza e mágoa estava agora visível e quase palpável em seu lindo e delicado rosto. Um soco no estômago com certeza doeria bem menos do que vê-lá assim, de ser a responsável pela tristeza estampada em seus olhos de amêndoas.

- Eu não devia ter vindo até aqui. - Ela diz a si mesma. Cabeça baixa. Já caminhando em direção a porta.

- Lenora. Por favor... - Lenora para, uma mão na maçaneta da porta fechada.

- Sofia já está quase recuperada dos ferimentos da explosão. - Começa a dizer de costas. Ela encara sua mão ainda sobre a maçaneta. - Eu me ofereci para ajuda-lá como você me pediu, mas ela assegurou que dava conta e recusou minha ajuda, mas sempre que eu posso faço uma visita para ver como estão. As gêmeas... elas perguntam o tempo todo por você. Sofia diz que você está trabalhando em um novo galpão, em um distrito um pouco distante e por isso elas não percebem quando você chega tarde da noite e sai antes delas acordarem. Elas estão com saudades. - Ela faz uma pausa antes de concluir baixinho. - Na verdade todas nós estamos, mas você parece não se importar muito com isso.

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