Capítulo 15

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Estava próxima do rall principal da Alcova quando trombei com Kayla apressada e ligeiramente preocupada no corredor.

- Mas o que... - Começou a dizer mas quando percebeu em quem havia trombado levantou uma sobrancelha em curiosidade e surpresa. - O que faz aqui, Rothawen? - Perguntou. Mas não me dei ao trabalho de parar e responder a sua pergunta. Ao invés disso havia deixado que ela mesma tirasse suas próprias conclusões sozinha. Tinha muito com o que me preocupar, de toda forma. De modo que, me apressei em chegar o mais rápido possível em casa. Rogando para encontrar uma Sofia um pouco menos propensa em arrancar minhas pernas e me trancafiar no quarto para sempre.

- Eu estava aqui, pela décima vez pensando numa forma de dizer as nossas irmãs como a irmã dela, havia sumido sem deixar pistas. Morta, talvez tenha sido uma palavra apropriada mas agora te vendo entrar como se tivesse saído para passear...

- Sofia, eu juro que...

- Você enlouqueceu, aonde esteve?! E não me diga que trabalhando... faz três dias que você mal aparece no galpão de costura, foi o primeiro lugar que eu verifiquei. - Sofia estava de pé próximo a porta com uma expressão em seu rosto tanto de raiva quanto de cansaço e preocupação. - Pelo sol, Emery. O que diabos está acontecendo com você. - Era mais uma exigência do que uma pergunta.

- Eu não posso te dizer. Não seria justo envolver você nisso. - Disse baixinho.

- Deixe que eu mesma decida se é ou não justo, Emery. - Sua voz estava firme e exigente.

- Eu não posso, Sofia. Desculpa. - Tentei passar por ela e me dirigir até o banheiro. Estava a quase dois dias sem um banho descente. Mas ela me conteve apertando de forma nada amigável meu braço, me mantendo parada no lugar.

- Você não vai usar meias palavras comigo e sair andando como se não tivesse feito nada de errado. - Disse ela entredentes. Seus olhos verdes salpicado de castanhos faiscando.

- O que você quer que eu te diga, Sofia? - Disse desvencilhando meu braço do seu aperto, que estava levemente vermelho, agora. - Que foi errado ter sumido sem dar notícias? - Minha voz tinha se alterado um pouco. - Não parece óbvio para você... - Eu senti mais do que vi o tapa. Minha bochecha já estava queimando e com certeza seus dedos deviam ter deixado marcas, pela força com que havia me batido.

- Emery... eu não... - Sofia tentava se aproximar, suas mãos estendidas como se não acreditando no que acabara de fazer. Minha irmã nunca havia levantado a mão para mim antes. Sofia havia acabado de me dar um tapa... Era difícil processar essa informação.

- Não me toque. - Disse enquanto me afastava com uma das mãos no rosto. Mal acreditando no que acabara de acontecer.

- Eu nunca machucaria você. - Ela disse mais para si mesma do que para mim.

- Desculpa se no momento eu não estou inclinada a acreditar nisso. - Disse sem olhar para ela. Mas era possível perceber o quanto Sofia estava perplexa pela própria atitude.

- Eu sinto muito, Emery. - Ela tentava se aproximar novamente mas fiz um ligeiro movimento de mãos que a fez parar no lugar.

- Agora não, Sofia. - Mal conseguia encarar seu rosto.

- O que você me fez fazer... - balbuciou ela para si mesma.

- Eu te fiz fazer?! - Gritei, finalmente encarando seus olhos. - Ahh, francamente. Foi a sua mão que me bateu não a minha, não se esqueça disso.

- Não desvie o foco da conversa, Emery. - Sua voz também se exaltando um pouco. Eu estava a meio caminho da porta quando Sofia sussurrou meu nome. - Você não me explicou aonde esteve esse tempo todo. Não a vi na distribuição das vitaminas.

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