Capítulo 7

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- Você ouviu o que eu disse, Mery?- Perguntou Lenora pela terceira vez enquanto dedilhava a ponta do seu longo rabo de cabelo castanho, amarrado com um pedaço de tecido aveludado roxo.

- Ah, claro. - Disse entediada. Na verdade parei de ouvi-la quando ela começou a relatar como fora a fabulosa noite no Lagartos e como o Lian parecia está disposto a derreter os céus se assim ela quisesse. - Eu acho que se os guardas te virem longe do bloco por muito tempo...

- Entendi... entendi. - Disse ela, se preparando para voltar ao seu bloco. - Ah, você não sabe o que eu ouvi ontem. - Seu rosto agora um pouco mais cauteloso. - Parece que os Retalhadores invadiram o Mercado do Peso e parece... que estavam atrás de alguma coisa específica.

- Como você soube disso? - Perguntei baixinho.

- Ouvi os rumores no Lagartos, os boatos diziam que aconteceu umas duas horas depois que terminamos o turno extra. - Lenora franziu o cenho, como se tivesse lembrando de alguma coisa -, fiquei de te encontrar ontem no final do turno, te procurei na saída...

- Ah, não te encontrei e acabei indo embora.

- Tudo bem. - disse ela estalando a língua.

- Eles levaram alguma coisa do Mercado em especial?

- Isso eu não conseguir ouvir, só espero que não sobre para a gente, estamos a quatro dias da reposição das vitaminas do sol e se o continente resolver suspender...

- O mercado do Peso não está na jurisdição do continente, acho difícil eles se importarem com o que foi levado de lá. - Disse baixinho. Mesmo levando em consideração que o continente talvez utilize esse fato para aspergir as consequências em Cirta.

- Talvez eu acampe no Mercado da próxima vez, imagine a recompensa se eu entregasse os rebeldes ao continente? - Disse ela, com um meio sorriso no rosto.

- Não se meta nisso, Lenora. - lhe lancei um olhar de repreensão que foi retribuído com um revirar de olhos.

- Foi só uma ideia, ok?

- Uma ideia bem idiota.

- Conversas fora do horário de intervalo não são permitidas. - Disse uma voz grave e masculina as nossas costas, fitando Lenora encostada sobre a bancada de costura, sua expressão afiada como uma faca.

- Só estava tirando uma dúvida sobre... - As palavras de Lenora foram cortadas pelo olhar de repreensão e rigidez do guarda.

- Desculpa... irei voltar agora ao meu posto. - Lenora abaixou os olhos, o guarda alto e musculoso quase uma muralha em comparação a sua média estatura a olhava com total desprezo.

- Saia. - Disse ele. - Ela rapidamente começou a andar em direção ao seu bloco me lançando um breve aceno de cabeça. O guarda voltou a circular pelo galpão, cada passo treinado e silencioso. Se os relatórios do Jonathan sobre os Retalhadores estiverem de fato corretos, eles realmente estão a procura de alguma coisa e isso de alguma forma pode afetar o continente, só me resta descobrir de que forma eu chegaria aos rebeldes, para ter de volta o que os Retalhadores tiraram do Noah. Tirando o fato de não saber exatamente o que é... o tempo não está correndo muito ao meu favor.

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- A sra. não ouviu nada sobre o que eles levaram? - Perguntei. Minha voz tentando sair casual e desinteressada mesmo com o som abafado devido ao lenço no rosto e ao barulho a nossa volta. Assim que terminei o expediente no galpão de costura resolvi que não seria de todo mau passar em algumas bancas no Mercado do Peso para vender minhas peças, levando em um dos ombros a sacola de couro com as sucatas não vendidas de dias atrás, embora o movimento no Mercado à noite fosse pouco proveitoso. Claro que era na tentativa de ouvir direto da fonte sobre a visita dos Retalhadores na noite passada e o que eles poderiam está tão dispostos a levar, mas... sem grandes resultados, já que ninguém estava muito propenso a dizer nada que valesse a pena.

OS RETALHADORESOnde histórias criam vida. Descubra agora