Capítulo 12

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Eu não sabia ao certo como havia conseguido travar a grade do duto de ventilação sem ser ouvida, levando em consideração que a poucos metros abaixo de mim, havia três guardas armados e nada amigáveis apesar de parecerem não ter mais que 20 e poucos anos cada, dispostos agora entre as enormes telas de monitoramento da sala, tagarelando coisas que eu, sinceramente, não estava nem um pouco inclinada em saber. Ao menos tinha conseguido pegar o transmissor antes de ouvir o toque da trava de segurança e eles entrarem, enfim, então resolvi que não seria de todo mal tentar ouvir mais alguma coisa que pudesse ser interessante, afinal eu sairia antes do amanhecer de toda forma e não iria arriscar uma saída agora. Talvez poderiam ter algo a dizer sobre a tentativa de invasão à fronteira. Um dos guardas havia apoiado os braços sob a cabeça e recostando pela terceira vez em menos de dez minutos, ele fitava desinteressado a tela que transmitia o laboratório.

- Espero que ele consiga fazer alguma coisa, além de passar o tempo inteiro encarando essa tela. - Disse ele com um certo sarcasmo na voz, enquanto assistia as filmagens.

- Ah, ele vai. - Disse outro guarda enquanto mudava as imagens na tela disposta a sua frente para imagens dos distritos, que agora estavam praticamente vazios, sem se incomodar em olha-lo no rosto. Sua voz com total desinteresse. - Não vão bancar por muito tempo o senhor cientista ai - ele fez um gesto de mãos apontando a tela ao seu lado. Antes de concluir seu comentário -, se ele não mostrar nenhum resultado.

- Espero que ele possa se provar útil, afinal. E que esses malditos rebeldes sejam presos de vez. Chega de brincar de caçador e preza.

- Amanhã você vai brincar de caçador e preza. - Enfatizou o terceiro guarda em pé próximo da porta.

- E será a última vez se a informação que recebemos de fato for verdadeira. - Concluiu o segundo guarda sentado de frente para a tela que transmitia o laboratório.

- O que diabos ele tanto olha nessa tela? - Perguntou o guarda próximo a porta já caminhando para ver mais de perto.

- Acho que está checando os resultados, talvez. - Concluiu o segundo que estava sentado de frente para a tela que transmitia as imagens  do laboratório, enquanto o outro de pé franzia o cenho em dúvida e certa curiosidade.

- Quantos foram separados para a distribuição amanhã? - Perguntou o terceiro guarda de pé tirando a atenção da tela na sua frente.

- O suficiente, tendo em vista que metade desse contingente será de Duplicados, podemos dizer que será bem mais que o necessário sem dúvida para conter qualquer... insurgência que possa ser acometida durante a vacina. - Um meio sorriso arrogante saiu dos lábios dele.

- O que o espião disse? - O guarda que estava checando as imagens dos distritos perguntou por cima do ombro.

- Segundo a informação que nos foi transmitida a três noites atrás, eles estarão agrupados em um dos túneis que interligam a Caixa a uma das entradas da fronteira leste, onde geralmente há pouca vigilância. Tentarão abrir caminho enquanto a distribuição estiver acontecendo, tentando desviar a atenção do ataque. - Respondeu o guarda de pé.

- Que boas vindas e tanto irão receber. - Indagou o guarda que checava as imagens dos distritos, antes de tatiar sobre a bancada eletrônica em busca de alguma coisa, que provavelmente era o transmissor de rádio que estava agora em minhas mãos. - Embora eu tenha minhas dúvidas sobre a origem dessa informação ter vinda dos próprios rebeldes se até agora não conseguimos pegá-los. - Concluiu ele com certa relutância.

- As vezes me faço essa mesma pergunta. Economizaria muito mais tempo e moedas se alguém resolvesse seguir o sujeito até onde os rebeldes se escondem. - Disse o guarda sentado ao seu lado de forma impaciente.

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