Capítulo 28

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- Você não devia ter me puxado daquele jeito, eu não pretendia fazer nada com ela. - Eram as minhas primeiras palavras desde que começamos a voltar para a Alcova. Já estávamos quase no rall principal, agora silencioso e vazio. Nenhum de nós dois havia dito quase nada depois que Alexia e Ravi haviam ido embora, ainda estávamos tentando digerir tudo. Ela simplesmente queimou os papéis bem na nossa frente, como se não fossem nada...?

- Peço perdão por tentar evitar que você cometesse uma burrice. - Disse ele. - Você mal sabe acertar um disparo, Emery, achou mesmo que daria conta se começasse uma briga ali... com ela, sem o mínimo de preparo físico? - Indagou ele.

- Isso não é verdade e você sabe disso. E tenho certeza que os cavalheiros não iriam deixar que isso acontecesse. - Ironizo. - Além do mais, não era eu que estava rosnando feito um animal selvagem. - Replico me afastando dele, seguindo em direção ao corredor que levaria ao quarto da Verona.

- Emery... - Jonathan começou a dizer mas eu já havia sumido no corredor deixando-osozinho no rall.

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- Isso está horrível. - Disse Verona de pé encostada na porta, agora aberta do banheiro, com uma xícara de chá fumaçando em suas mãos enquanto eu retirava a minha jaqueta e avaliava o meu ferimento, agora sem os curativos e levemente vermelho, devido ao puxão que o Jonathan havia dado no meu braço, forçando alguns pontos que eu havia refeito com o kit de costura. Ela não estava no quarto a cinco minutos atrás e não lembro de ter ouvido nenhum barulho da porta sendo aberta, de toda forma. - Você devia passar alguma coisa nisso. - Disse ela, dando de ombros. - Ou irá causar outra infecção. - Observou ela.

- Não é por que o quarto é seu que precisa está em todos os lugares, Verona. - Digo irritada, mudando o foco da conversa, de frente para o enorme espelho do banheiro dava para perscrutar todos os seus movimentos, já era tarde de modo que Verona já estava vestida com pijamas de tom amarelado, pronta para dormir. Eu estava péssima e isso não se dava ao fato da cicatriz horrível está em meu braço esquerdo está começando a ficar vermelha, mas as olheiras escuras embaixo dos meus olhos, os meus ombros levemente escolhidos... era deplorável o modo como eu estava ultimamente, simplesmente deplorável.

- Se queria privacidade, Rothawen, devia ao menos ter trancado a porta. - Disse ela baixinho, tomando do seu chá, mas eu havia encostado a porta, não havia? - Eu acho que ainda tem algumas daquelas ervas em algum armário da cozinha. - Sugeriu Verona bebericando do líquido transparente.

- E por que você se importa? - As palavras escaparam da minha boca.

- Tem razão, eu não me importo. - Respondeu Verona, estampando um sorrisinho sem emoção em seus lábios delicados -, mas parece que há alguém por aqui que se importa, embora você esteja tão presa dentro de si mesma para notar qualquer coisa na sua frente. - Disse ela baixinho.

- Você não sabe nada sobre mim, Verona. - Rebato por por cima do ombro, tentando ignorar a sua presença a alguns metros de distância, encostada na porta aberta e me olhando de cima a baixo, enquanto dedilhava preguiçosamente seus fios ruivos soltos. - Não sabe do que está falando.

- Tem razão. - Verona começa a dizer, sua voz ficando mais incisiva e controlada. - As únicas coisas que sei sobre você são fragmentos que escapam da sua boca durante as noites, enquanto você se contorse feito um animal preso em uma jaula apertada, não me deixando dormir. -  As palavras são disparadas como lâminas recém polidas, prontas para ferir o adversário de modo letal. - Acha mesmo que eu não percebo você correndo para o banheiro e se trancando lá dentro? Eu escuto o barulho da água correndo pela banheira, Emery.

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