Capítulo 25

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- O que fará agora, Mery? - Perguntou Lenora baixinho, bebericando de uma xícara de chá de ervas secas, que havia encontrado perdida em uma sacola de pano no armário da cozinha, estávamos agora sentadas e espremidas no pequeno sofá da minha sala de estar, minhas irmãs dormindo no quarto. Eu havia deixado o galpão hospitalar a quase uma hora e depois de vagar por alguns minutos, apenas para digerir tudo o que foi dito e não dito por Sofia, eu me vi pegando o caminho de casa e batendo na porta, as minhas chaves haviam ficado no quarto do Kira dentro da pequena bolsa de couro com os meus poucos pertences e roupas, trazidas por Lenora na sua primeira visita a Alcova, quando Kira e os outros haviam me encontrado ferida e delirante em um dos túneis subterrâneos próximos de uma das entradas. Por um momento pensei que encontraria a casa vazia, mas para a minha surpresa as gêmeas não tinham ido para o galpão estudantil e estava agora aos cuidados de Lenora, bem como Jonathan havia dito que estariam, Lenora havia faltado no galpão de costura para cuidar delas, que depois de chorarem e chorarem preocupadas quando ela havia dado a notícia da explosão do Covil e contando parcialmente onde Sofia estava, elas finalmente haviam pegado no sono já de madrugada, depois que Lenora havia lido um dos gibis do Capitão Futuro para elas, deitadas na cama. - Ela sabe da Alcova, que eu nunca dormir uma única noite na sua casa... ela despejou tudo na minha cara, Lenora. - Digo fitando a minha xícara de chá, quase pela metade, agora. Culpa preenchendo minhas palavras e atravessando o meu peito como uma lâmina atravessa um inimigo, de forma dolosa e brutal.

- Ela só está magoada Mery, dê tempo a ela. - Lenora apoia uma mão em minha perna direita. Um silêncio preenche por alguns instantes a sala e então eu levando, colocando a xícara de chá agora vazia dentro da pia da cozinha, antes de dizer por cima do ombro:

- Você pode cuidar delas até Sofia se recuperar? - Pergunto de forma hesitante ainda de costas para Lenora sentada no sofá. Ela se levanta cruzando a distância entre nós e apoia uma mão em meu ombro, me fazendo encara-lá, seus olhos amendoados gentis e preocupados.

- Claro que cuido, mas por que diz isso, para onde você vai? - Lenora pergunta preocupada, franzino suas sobrancelhas.

- Voltar para a Alcova. - Digo desviando meus olhos para a pia, evitando olha-lá diretamente.

- Você não precisa voltar, Mery... tenho certeza de que a Sofia...

- Sim, eu preciso voltar - Indago. Eu me afasto indo novamente até o sofá da sala e sentando, as mãos em conchas cobrindo meu rosto angustiado. - Você não entende...

- Por que não me conta, o que eu não entendo? - Lenora pergunta gentil se aproximando e sentando ao meu lado.

- Porque não é fácil de explicar. - Respondo depois de um tempo.

- Você pode tentar... eu prometo não dizer nada. - Lenora leva um dedo até seus lábios delicados, traçando uma linha horizontal como se fechando um zíper de uma bolsa. E então, depois de alguns segundos em silêncio digo simplesmente:

- Ele está vivo. - Lenora Franzi o cenho sem entender, mas não diz nada. - Meu pai... ele está vivo. - Digo mais firme dessa vez, meu peito arfando como se dizer, confessar para outra pessoa tirasse um peso que eu não sabia que estava carregando... aliviando mesmo que ligeiramente esse segredo, que estava sendo guardado e me sufocando desde que havia recebido a notícia pelo Noah. Lenora arregala os olhos e leva uma mão até a boca em total surpresa e choque.

- Como isso é possível? - Ela sussurra, mal acreditando no que acabara de ouvir.

- O continente o prendeu na noite em que o esquadrão resgate saiu para roubar um dos jatos e o jogou em uma mina de cobre... e por incrível que pareça só o Noah tem a localização. E só vai me dar quando eu resgatar o que lhe foi tomado pelos rebeldes e que eu não faço a mínima ideia do que seja. - Uma risada amarga escapa dos meus lábios, eu levo minhas mãos até o rosto, envolvendo-as e encolho meus ombros para a frente.

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