Capítulo 6

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- O mesmo que você, cumprindo ordens. - Respondeu Jonathan a voz seca como lixa.

- O que aconteceu com o "tome cuidado Emery e blá blá blá" ? - Quase cuspir as palavras que saíram abafadas por causa do lenço preso ao meu rosto.

- Acredite, eu gosto disso tanto quanto você. Então quanto mais rápido resolvermos isso melhor é para todo mundo. - Diz ele baixinho apesar de ter apenas nós dois no beco.

- Faça as honras. - Apontei uma das mãos em direção a saída do beco. Jonathan recolocou o lenço novamente no rosto, ligou a lanterna e saiu à frente a procura de algum lugar com um pouco mais de luminosidade ou que estivesse com  um cheiro minimamente suportável pelo menos.
Estávamos caminhando a quase 30 minutos e eu não sabia se era alguma espécie de teste psicológico para testar minha paciência ou se ele tinha de alguma forma se perdido, já que esses becos eram quase idênticos e aparentavam estarem abandonados a muito tempo.

- Você não está perdido, estar? - Minha  primeira frase desde que havíamos começado a caminhar.

- Deveríamos encontrar uma pessoa por aqui -, ele começou a olhar em volta como se estivesse procurando alguém - mas cumprir horários nunca foi uma de suas virtudes.

- Não tenho a noite toda, Jonathan. - Minha voz saiu áspera. Pelo sol! Sofia com toda certeza iria me matar.

- Há, finalmente Kayla. - A mulher de curtos cabelos lisos e brilhantes como a mais pura seda negra e andar sorrateiro se aproximou de onde estava sentada próximo a uma rocha. Jonathan deu um curto porém carinhoso abraço em Kayla, ele quase uma muralha em comparação a sua baixa estatura. Ela envolveu o braço fino envolta da cintura dele, o que indicava que eles tinham algum grau de intimidade e talvez fosse a luz bruxuleante da noite ou das nossas lanternas, mais podia jurar que algo brilhou nos olhos dela, iluminando seu rosto com traços selvagens.

- Se o casal já se reencontrou - pigarreei na tentativa de chamar a atenção deles -, podemos voltar ao assunto que me trouxe até aqui? Não pretendo congelar aqui em baixo. - Esfreguei as mãos na tentativa de fornecer algum resquício de calor ao corpo. Kayla me olhava de cima a baixo, como uma caçadora avaliando a presa antes de atacá-la, seus olhos puro desdém.

- Emery Rothawen, essa é Kayla Honesq minha... amiga. - Disse ele. Algo nos belos olhos caramelos de Kayla se apagou em menção ao título.

- Aqui está o que me pediu. - Disse ela estendendo um envelope marrom a Jonathan mas sem tirar a atenção do meu rosto. - Todas as movimentações dos Retalhadores nas duas últimas semanas, tive que esperar até os homens do Noah sairem da Alcova para não arriscar ser vista andando por ai com isso.

- Fez bem. - Disse ele enquanto avaliava o conteúdo do envelope, seu olhar cauteloso. - Ninguém além de nós precisa saber sobre isso.

- Por que? O que é tão importante que precisa ser mantido a sete chaves?- Perguntei.

- Além de estarmos literalmente arriscando nosso pescoço por uma coisa que nem ao menos sabemos direito para o que serve?- Respondeu Kayla em tom de ironia. Jonathan que agora estava encostado próximo a rocha que Kayla estava sentada minutos atrás, começou a espalhar o conteúdo do envelope sobre a rocha e lançou por cima do ombro um olhar de repreensão para Kayla que deu de ombros. E caminhou até ele direcionando toda sua atenção para o que estava espalhado na rocha.

- Não faz nenhum sentindo. - Disse Jonathan apontando um dos dedos em direção aos mapas. - Aqui diz que os Retalhadores vem conquistando aliados não só nos distritos próximos ao Cidra mais também além do limite da fronteira elétrica. Isso só pode significar que...

OS RETALHADORESOnde histórias criam vida. Descubra agora