Capítulo 35

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- O que o Noah queria com você? - Perguntou Verona, em sua fracassada tentativa de soar indiferente enquanto escovava seus fios ruivos sentada na cama, seu pijama era uma combinação aconchegante de seda vermelha, enquanto eu, apenas usava uma camisa branca que era duas vezes o meu número.

- Iremos para Civiron amanhã a noite. - Eu digo, refazendo os curativos das minhas mãos, sentada do lado oposto ao seu.

- Eu detesto aquela cidade. - Há algo não dito em suas palavras, mas me abstenho eu não perguntar o que.

- Como foi no Mercado? - Eu pergunto baixinho, ainda de costas para ela.

- O de sempre. - Ela diz. - Tivemos que lidar com comerciantes irritadinhos e algumas brigas à serem controladas no processo. Em especial uma que envolvia o Thitos e suas mãos enforcando um comerciante de comida enlatada. - Ela concluiu como se estivesse contando sobre um bordado em ponto de cruz.

- Brigas e controle são contrastes totalmente diferentes para se referir ao Thitos. - Eu Ironizo, me virando para ela na cama.

- Assim como força e habilidades em alto defesa não faz parte da sua.
- Verona rebate. - Como pelo sol, você conseguiu ferir todos os dedos das suas mãos, em um único dia de treinamento, Rothawen?! - Ela exclama incrédula.

- Quando quiser algumas dicas de como acertar um disparo de primeira, Verona - eu começo a dizer, me acomodando nos travesseiros -, tenho certeza que minhas mãos farão brilhantemente o seu trabalho. Independentemente de quantos curativos eu esteja utilizando. - Eu digo baixinho, minha voz se perdendo entre o emaranhado de tecido e travesseiro.

- É o que veremos, Rothawen. - Ela diz, largando na cômoda sua escova de cabelo e deitando-se na cama.

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- DIREITA! ESQUERDA! DEFENDE!

- Pausa. - Kira diz, largando o saco de areia. - Você não está se concentrando, Emery. - Ele conclui, interrompendo meus golpes. Já estávamos a quase uma hora na caverna de treino em incontáveis exercícios de alongamento e postura para aplicar um bom gancho de direita.

- Estou sim. - Eu digo ofegante, minhas mãos apoiadas nas coxas, enquanto trazia ar aos pulmões.

- Já é a terceira vez que repetimos essa sequência e você ainda mantém seu corpo relaxado demais e seus braços parecem dois gravetos jogados ao vento toda vez que destina o golpe, Emery. - Ele indaga sério.

- O que?!

- É exatamente o que você ouviu. - Kira rebate. - Continue a sequência novamente. - Sua voz era puro comando, enquanto suas mãos apoiavam o saco de areia à minha frente. Eu assim o fiz, repetindo e repetindo a sequência que havia aprendido uma hora atrás: direita, esquerda, defende... direita, esquerda, defende. Minhas pernas em paralelo com os ombros, enquanto minha respiração queimava na garganta. Kira me permitia raros momentos de pausa, apenas para limpar o suor do rosto e beber um pouco de água do pequeno cantil que ele havia trazido para a caverna, "eu não quero ter que carrega-lá nos ombros até lá em cima se você resolver desmaiar aqui". Era o que dizia ele, todas as vezes que me oferecia seu cantil. Eu não havia comentado que não era pontualidade ou entusiasmo o que me fez está antes dele na caverna e por isso eu não tinha me preocupado em trazer meu próprio cantil com água ou cruzado com a Equipe no café da manhã, mas o tédio de encarar o candelabro no teto do quarto e decorar cada detalhe dos entalhes de ferro contorcido e afiado, na tentativa de pegar no sono, foi o que me fizeram descer à caverna horas atrás e descarregar os pensamentos que brigavam em minha mente antes mesmo das primeiras horas do dia. Verona imersa em seu sono profundo e quase invejável, sequer percebeu quando vesti a calça peguei minhas armas e lanterna e desci os túneis até a caverna, deixando-a sozinha no quarto.

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