Behind the mask

Capítulo Vinte

JOSH POV:

Logo após a saída de Any, retornei a ligação de Kyara, precisava resolver tudo hoje ou pelo menos grande parte do problema.

Kyara me falou que iria dar um jeito de conseguir uma procuração para congelar todos os bens que Hunter pudesse possuir, segundo minha advogada, ele não demoraria muito para tentar sair do país, talvez estivesse esperando algo para ir fugir, eu só me preocupo que esse "algo" possa estar relacionado com o ato de ferir alguém que eu gosto e me preocupo, já que eu o demiti e enxotei ele de uma maneira humilhante da minha empresa. Quem sabe ele esteja planejando uma vingança, tudo é possível, eu não sei o que se passa na cabeça daquele doente, preciso falar com Sina e com Noah para redobrarem os cuidados e também avisar a Gabrielly para ficar de olho e não permitir que Alasca fique sozinha.

Resolvi seguir o conselho da minha amiga e voltei para casa mais cedo, não quero que ela pense que não ligo para o que ela fala, então é por isso que estou em casa neste momento.

Com o notebook no colo, finalizo meu trabalho por hoje, imprimindo todos os documentos necessários para acusar Hunter de desvio de dinheiro, registro não autorizado da imagem sexual, assédio sexual e tentativa de estupro, já que vou conversar com Any e pedir que ela permita que minha advogada também defenda o caso dela.

Caminho até o banheiro para tomar um banho, tiro minhas vestes e entro embaixo do chuveiro, permitindo que a água leve todas as sujeiras do meu corpo. Permito que minha mente viaje um pouco enquanto espalho sabonete por minha pele. Lembro-me do sorriso que vi no rosto de Any quando a entreguei a rosa pela manhã, aquele sorriso sincero não teve preço, espero que Alasca também tenha gostado do presente que comprei pensando nela, vou ter que me segurar até sábado para saber se ela realmente gostou do urso de pelúcia.

Saio do banheiro e procuro uma roupa para que possa me vestir, acabo escolhendo uma calça de moletom e uma blusa branca de algodão, não gosto de deixar minha cicatriz amostra, por mais que só esteja eu em casa, essa marca me lembra todas as vezes que eu vou no banheiro dos dias sombrios que parecem não ter um fim, ela está no meu corpo para não permitir que eu esqueça do monstro que eu sou.
Vou em direção a cozinha para poder preparar algo para comer, já que todos estão falando de como ando me alimentando mal e blá blá blá. É só que eles não entendem como eu me sinto, é difícil me preocupar comigo mesmo depois de tudo que aconteceu, sinto como se fosse errado pensar só em mim, quando foi por minha culpa que elas morreram.

Será que Any irá continuar querendo se aproximar de mim quando descobrir que eu sou um monstro? Eu provavelmente vou perder a única amiga que eu tenho. Sinto meu peito doer um pouco com a probabilidade de perder Gabrielly, isso é tão louco dado o pouco tempo de convívio que temos, mas gosto de acreditar que a conexão não precisa do tempo para criar laços fortes entre as pessoas.

Afasto esses pensamentos e procuro algo rápido para que eu possa me alimentar, encontro macarrão com queijo em uma travessa de vidro, dentro do congelador. Acho que a Sra.Sullivan, a mulher gentil que trabalha cuidando da minha casa deixou pronto. Levo a travessa ao forno para poder esquentar e me dou conta de que não usava a cozinha há muito tempo e só consigo pensar em uma pessoa que vem me fazendo mudar ultimamente.

O temporizador apita e eu trato de retirar a travessa do forno, me servindo em seguida e deixando meu prato esfriar um pouco, enquanto vou até minha adega particular buscar uma garrafa de vinho, escolho um Pinot Noir e volto para cozinha, me servindo de uma taça e sentando para comer em seguida.

Me parece que macarrão com queijo é um ótimo companheiro para noites solitárias, ou talvez seja o vinho fazendo efeito, eu não sei. Após finalizar minha refeição, caminho em direção ao meu quarto e deito na minha cama, me permito pensar em sábado e gosto de imaginar que será um dia animado tanto para mim quanto para as duas garotas que estarão presentes, pela primeira vez em algum tempo, adormeço com um sorriso suave no rosto e com meu peito aquecido, não pela dor, mas por um sentimento que ainda não sei qual é, apenas sei que é bom.