Capítulo Trinta e Cinco

4.6K 389 543
                                    

JOSH POV:

-Agora eu quero uma explicação. O que aconteceu?- Gabrielly pergunta e eu respiro fundo uma, duas, três vezes.

Eu sabia que o momento dessa conversa iria chegar, já me imaginei contando minha história para ela várias vezes e de várias maneiras diferentes, porém em todas elas ela me chamava de monstro e dizia que a culpa de tudo era minha.

-Eu vou te contar agora a história da minha vida e porque eu era fechado para o mundo quando você me conheceu, mas eu também vou te contar o motivo de não ter respondido nenhuma das suas mensagens e ligações hoje.

-Estou ouvindo.- conto até cinco mentalmente e vejo que não tem mais como voltar atrás.

-Eu e minha irmã somos órfãos de pai e mãe, nossa mãe morreu no parto, logo depois que eu nasci e acho que criar um bebê recém-nascido e uma criança de cinco anos sozinho, foi demais para o nosso pai, já que ele se suicidou quando Sina tinha dezoito anos e eu apenas doze.- engulo em seco e vejo Any me olhar com os olhos arregalados. Ainda nem comecei, querida.

-Ele não suportou perder Úrsula- nossa mãe, tanto que durante toda a minha infância ele me evitou, nem consiguia olhar na minha cara, eu sei bem como é que a Alasca se sentia ao ser evitata pelo pai.
Acho que ele me culpava pela morte dela, afinal se eu não tivesse nascido, ela ainda estaria viva.- sinto Any pular em meus braços e me abraçar apertado.

-Não, você não tem culpa dela ter morrido. O seu nascimento e a morte dela não tem nada a ver um com o outro- sua voz sai abafada no meu ombro.

-Queria poder pensar como você, linda- afago suas costas.

-Joshua Beauchamp, olhe para mim- ela desgruda seu corpo do meu e segura meu rosto entre suas mãos -Você era apenas um bebê, não pediu para que nada daquilo acontecesse, foram apenas circunstâncias muito dolorosas, mas nada do que aconteceu é sua culpa e nunca será. Eu tenho certeza que seu pai te amava muito, mas acho que você o lembrava muito de sua mãe, estou certa?

-Sina sempre disse que eu puxei muito nossa mãe, mas como você sabe disso?- pergunto realmente curioso.

-Esse é a única explicação plausível para o seu pai evitar você na infância, mas isso não quer dizer que ele não te amasse, porque é impossível conhecer seu coração, conhecer sua alma por inteiro e não amar você- sinto seus lábios sob os meus e por incrível que pareça, meu coração está um pouco mais leve do que nunca esteve.

-Muito obrigado por estar aqui por mim, você não tem noção de como é importante ter o seu apoio e ouvir suas palavras doces nesse momento, mas agora me deixe continuar. Na carta que ele deixou, que eu encontrei dentro do banheiro, junto com seu corpo pendurado por uma corda, dizia que ele queria ter feito isso já há muito tempo, mas foi paciente e esperou que Sina atingisse sua maior idade, para que pudesse cuidar de mim e nós não precisássemos ir para um orfanato.

-Sinto muito por isso, meu bem. Nem consigo imaginar o quão difícil foi a sua vida desde pequeno- ela beija minhas mãos e se deita sob minha barriga, mas com o rosto voltado para mim.

-Quando tive a idade certa, entrei na faculdade de administração e aos poucos fui construindo meu negócio, não quero parecer arrogante, mas hoje em dia se eu sou dono de uma das maiores empresas da América do Norte, é porque eu batalhei muito para chegar até aqui, por isso que eu odeio quando me chamam de riquinho mimado.

-Shh, não se estresse, querido, apenas continue contando- um beijo é depositado em meu abdômen por cima da minha roupa. Sorrio para ela.

-Eu não digo que fiz tudo por conta própria, sempre tive o apoio da minha esposa.

Behind the mask Onde histórias criam vida. Descubra agora