Capítulo Um

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ANY POV

Acordo pronta para enfrentar mais um dia de trabalho, pelo menos acho que estou pronta para aguentar os gritos e a mão boba do meu chefe, não posso denunciá-lo, ele com certeza daria um jeito de me culpar e eu acabaria demitida e infelizmente preciso do dinheiro para ajudar a pagar as contas de casa.
Viro para o lado e vejo que Jack ainda dorme, me aproximo do seu rosto e lhe dou um beijo em sua bochecha.

-Bom dia, amor- digo agora dando um selinho em sua boca

-Nossa, Any. Você tá com bafo, vai pra lá- vou fingir que isso não me machucou, é muito difícil ele demonstrar um pouco de carinho por mim, mas eu sei que ele me ama, ele sempre diz isso depois de... deixa pra lá.

-Vou acordar Alasca, não dorme de novo, você pode perder o horário.

-Tá tá tá, já entendi- diz se levantando e entrando no banheiro do nosso quarto.

Respiro fundo, levanto e caminho em direção ao banheiro do corredor, escovo os dentes, faço meu xixi matinal e vou em direção ao quarto da minha filha, ela é uma das poucas razões que ainda me fazem querer viver.

-Bom dia, minha pequena Alasca- acordo-a distribuindo beijinhos por todo o seu rosto.

-Bom dia, mamãe- ela me diz com um olho fechado e outro aberto.

-Você é tão linda, amorzinho- suspiro admirando seus olhinhos cor de mel e seu cabelo loiro completamente cacheado.

-Você me acha linda, mamãe?

-Claro que sim, Alasca. Eu te digo isso todos os dias.

-E o papai me acha linda?- ela pergunta e vejo que ela está se segurando para não chorar.

-Com certeza ele acha, você é a menina mais linda do mundo- respondo e a pego no colo.

-E por que ele nunca me diz isso?- Uma facada no meu peito doeria menos.

-Ele diz, só que você sempre está dormindo- falo a primeira coisa que me veio a mente, pelo que posso ver, ela não acreditou.

-Os papais das minhas amigas sempre dizem que elas são lindas, só o meu papai que nunca me diz isso, ele nem olha pra mim, mamãe. É porquê eu sou feia? É por isso que ele não me ama?- A abraço o mais forte que eu consigo, tentando ao máximo evitar que ela veja minhas lágrimas.

-Não, amor. O papai te ama muito, você é a garotinha dele e é a menina mais linda que ele já viu.

-Mesmo?

-Mesmo mesmo mesmo- começo a fazer cócegas, na tentativa de fazer com que ela esqueça esse assunto.

-Ai, mamãe. Para! Para! Para!- pede em meio a gargalhadas.

-Está bem, mas só vou parar porque a mocinha está muito fedida e precisa de um banho- tampando o nariz, coloco-a no chão.

-Eu não sou fedida- fala enquanto torce o nariz em uma careta muito linda.

-Ah, não?- finjo que vou fazer mais cócegas em sua barriga e ela sai correndo em direção ao banheiro.

-Tá bom! Tá bom! Eu sou fedida, eu sou fedida- ela gargalha enquanto fala.

Corro atrás dela e agarro-a antes que ela entre no banheiro

-Eu te amo, filha- digo distribuindo beijinhos por todo seu rosto.

-Eu também te amo, mamãe.

Depois de deixar Alasca na sua escola, sigo em direção ao meu local de trabalho e acabo tendo dificuldade para estacionar meu carro, as vagas já estão todas ocupadas e preciso andar por todo o estacionamento para encontrar um local para poder deixar meu veículo seguro. Sou só uma simples secretária do setor financeiro, não sou digna de uma vaga só minha.

Behind the mask Onde histórias criam vida. Descubra agora