Capítulo Catorze

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JOSH POV:

Me surpreendi quando estava correndo pelo parque e encontrei Any junto da pequena Alasca, que aliás é um amor de menina.

Quando ela sorriu para mim, um sentimento que eu não consegui identificar se expandiu pelo meu peito e se alastrou por todo o meu corpo, mas foi algo bom, algo puro.  Lembro que só senti algo parecido quando estava com Alysson junto a mim. Minha doce Aly. O dia que eu segurei ela nos meus braços pela primeira vez foi sem dúvidas o mais feliz e incrível dia da minha vida.
Os sorrisos e as risadas da minha garotinha sempre me salvavam.

Desperto dos meus pensamentos quando Alasca briga comigo. Sim, ela me surpreendeu quando me chamou para brincar, fazem tantos anos que eu não interajo com uma criança.

-Tio Josh, você não está prestando atenção- ela cruza os braços e seu rosto possui um biquinho, sei que está zangada, porém essa é a coisa mais fofa que eu já vi.

-Oh, desculpe, prometo não fazer mais- ela assente para mim.

-Você quer descer no escorregador comigo?- ela pergunta e seus olhos brilham com a ideia.

Olho para frente e vejo alguns pais descendo ou encorajando seus filhos pequenos a descerem o brinquedo.
Por que o marido de Any não veio com as duas?

-Claro, princesa- estendo minha mão para ela, que a segura com um sorriso enorme.

Caminhamos até o escorregador que é cerca de um metro mais alto do que eu e esperamos na fila para podermos descer.

-Tio Josh?- me viro para Alasca.

-Sim, princesa?

-Você tem filha?- meu coração aperta com a pergunta.

-Tenho, mas ela não mora comigo, ela teve que fazer uma viagem para um lugar muito longe- explico e tento não chorar. Ainda dói. Dói muito.

-Ah e ela é linda?- sorrio com a lembrança da minha menina. Cabelos com pequenos cachos loiros, olhos azuis como os meus, minha boca, mas o nariz e o formato do rosto eram de Grace. Alysson era nossa mistura perfeita.

-Sim, ela era muito linda- Alasca franze o cenho e percebo que falei no tempo passado -É, ela é muito bonita.

-Você fala pra ela?- fico confuso.

-Falo o quê?

-Que ela é bonita- ela dá de ombros.

-Ah claro. Falo, falo muito- eu falava todas as manhãs e todas as noites para minha menina o quanto eu admirava a beleza dela -Por que a pergunta, princesa?

Vejo ela abaixar os olhos. Será que está com vergonha?

-Ei, pode falar comigo- dou um leve aperto em sua mão e quando ela levanta a cabeça, seus olhos estão repletos de lágrimas não derramadas. Sinto meu peito doer -O que houve, princesa?- pergunto me abaixando ao seu lado.

-Meu pai não fala que eu sou linda, ele também nunca me abraça e nem diz que me ama- ela diz baixinho, se esforçando para não chorar.

Meu coração se enche de ódio por esse homem, como ele faz a própria filha se sentir dessa maneira? Será que ele não vê que ela sente falta do carinho e do afeto do pai?
Sinto vontade de perguntar a Any se ela sabe como a filha se sente, mas lembro que nós não temos intimidade o suficiente para que eu possa opinar em algo da sua vida, ainda mais em uma coisa tão séria como o relacionamento de Alasca com o pai.

Isso tudo é tão frustrante. O papel mais importante que um pai precisa exercer, que é amar e cuidar do seu filho, ele não está fazendo.

Minha filha não está mais aqui, mas sei que eu a amei e deixei isso muito claro enquanto ela viveu. Lembro-me que era eu quem a acordava e a colocava na cama a noite e em todos esses momentos eu deixava nítido o quanto a amava e o quanto ela era importante para mim.

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