Capítulo Três

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POV JOSH

Acordo sozinho mais uma vez nessa cama enorme, viro para o lado e observo novamente a foto que fica ao lado do meu travesseiro.
Essa foi a última foto que tiramos antes de tudo acontecer. Aquele foi o último sorriso verdadeiro que eu dei.
Fazem cinco anos que eu vivi o pior momento da minha vida e até hoje não consigo superar a dor que eu senti. A dor de saber que eu perdi as melhores coisas da minha vida.

Ainda não consigo lidar com o silêncio perturbador que essa casa emite sem a presença delas. Então é normal eu sempre ter algo que preencha o vazio, seja a tevê ligada, por mais que eu não me atente aos canais. A caixa de som tocando alguma música qualquer. O barulho das teclas do meu computador enquanto eu me afogo no trabalho mais uma vez.

É difícil lidar com essa merda toda, tem sido complicado há anos, ainda mais com os pesadelos que tenho pelo menos cinco vezes na semana, isso tudo é fodido demais.

Levanto e caminho em direção ao banheiro, tiro minha roupa e fico em frente ao espelho. Observo a cicatriz que começa no meu peito esquerdo, desce pelas minhas costelas e termina na base das minhas costas, ela é bem grande e espessa, serve para me lembrar de que tudo que eu toco e todos que me amam, acabam morrendo.

Eu sou fodidamente azarado, não posso me dar o luxo de amar alguém, porque no final eu sei que ela vai morrer e eu não quero sentir a dor da perda de novo.
Eu me recuso a ter mais um pedaço da minha alma arrancado à força.

Escovo os dentes, tomo um banho e termino de me arrumar, preciso chegar mais cedo na empresa hoje, tenho muitos relatórios para ler.

-Bom dia, Beauchamp- meu melhor amigo e vice-presidente da minha empresa diz entrando na minha sala como se fosse dele.

-Você é muito folgado, Noah- digo ao ver ele colocar os pés em cima da minha mesa.

-Hpfff. Calado, Joshua. Eu vim te contar as fofocas de hoje sobre você na empresa.

-Eu te pago para trabalhar, não pra ficar fofocando por aí, Urrea

-Meu Deus, você acordou mais chato que de costume, parece um velho rabugento, mas na verdade só tem vinte e oito anos.

Ele diz e automaticamente meu olhar vai em direção ao porta-retrato que tenho na minha mesa, eu me tornei um rabugento sem elas.

-Eu sei, amigo. Eu também sinto falta delas- Noah diz me dando um olhar de compaixão, é isso que eu gosto no meu amigo, ele não me olha com pena.

-Bem, o que estão falando sobre mim desta vez? Como é que eles me chamam mesmo?- pergunto na tentativa de mudar de assunto, não gosto de falar sobre elas.

-O Impiedoso. Eles temem muito você, todos se calam quando você está andando pela empresa, eles acham que você é mau, nem sabem que você é um dos ursinhos carinhosos.

-Vai se foder, Noah- digo jogando uma bolinha de papel no mesmo.

-Mas é verdade, eu sempre tenho que trancar meu quarto quando você dorme lá em casa, tenho medo de acordar com você agarradinho em mim.- ele diz e começa a gargalhar.

-Seu filho de uma...

-Tá, parei parei, enfim eles estão dizendo por aí que você demitiu um cara só porque ele esbarrou em você.

Behind the mask Onde histórias criam vida. Descubra agora