*ALERTA GATILHO. ESSA CENA CONTÉM VIOLÊNCIA FÍSICA E PSICOLÓGICA*
-Any, cadê você?- merda, essa é a voz de Jack e pelo que posso perceber, ele está bêbado mais uma vez.
-Aqui no quarto- grito e escuto seus passos pesados vindo na direção do cômodo.
-O que você está fazendo, trabalhando de novo? E quem está olhando Alasca?
-Ela está assistindo tevê, não precisa se preocupar, eu só estou terminando de fazer uma planilha que meu chefe pediu de última hora.
-Você é uma péssima mãe! Deixa sua filha com fome e sozinha, enquanto fica o tempo inteiro nesse computador.
-NOSSA filha e ela não está com fome e nem soz- sou interrompida por um tapa que acerta o meu rosto.
-Cala a porra da boca! Você tem que ficar calada enquanto eu falo, eu sou o homem aqui, entendeu?- ele diz e vem caminhando em minha direção.
Mais um tapa
-Entendeu, vadia?- agora um soco e me sinto ser arremessada para algum lugar -Responde!
-Entend...- não consigo terminar a frase pois sou interrompida por uma sequência de golpes na barriga
-Você me faz fazer isso, Any. Se você me respeitasse, nada disso seria necessário.
Vejo ele desafivelar o cinto que estava preso em sua calça e vir para cima de mim novamente.
-Espero que dessa vez você aprenda a ser uma esposa e uma mãe melhor!
Ouço gritos que ecoam em minha mente e se reverberam por todo o quarto, esses gritos, eles são tão conhecidos por mim... Ah claro, eles são meus.
Grunhidos e gemidos que cortam minha garganta, pedidos de socorro que meus vizinhos nunca escutam ou pelo menos fingem que não.
Como pude me esquecer que a sociedade se cala para o pedido de ajuda de uma mulher?
"Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher" é assim que diz o ditado, não é?-Por favor, p-para- imploro chorando- Tá doendo, Jack.
-Por que eu estou fazendo isso, Any?- mais um golpe -Fala, sua puta!
-P-porque eu mereço!- respondo soluçando
-E de quem é a culpa?
-Minha, a c-ulpa é minha- posso sentir o gosto de sangue na minha boca, mas não me assusto, isso já é comum para mim.
*PODEM RETORMAR A LEITURA*
Encolhida no canto do quarto, abraçando meus joelhos, enquanto ele anda de um lado para o outro com um cinto na mão, esse foi o objeto da vez, porém eles sempre mudam. Meu marido costuma usar suas mãos e seus pés, me dando murros e até mesmo chutes, mas já apanhei com livros, um pedaço de madeira que temos no quintal, o cabo da caixa de som que mantemos em nosso quarto, uma corda que serviria para fazer um balanço para nossa filha(balanço esse que nunca foi terminado) enfim, a lista é longa e os hematomas que carrego em meu corpo servem como lembrete de que não devo estressá-lo.
As marcas no meu corpo somem com o passar dos dias, pelo menos deveriam sumir, mas ele sempre faz marcas novas antes que eu me recupere das anteriores, infelizmente nenhuma delas se comparam aos danos que causa na minha alma.
Eu sempre o perdôo, no dia seguinte ele me trás flores e bombons dizendo que me ama e que agiu por impulso. Eu acabo acreditando, porque ele diz que eu mereci e pedi que isso acontecesse, acho que a culpa é minha não é mesmo? A culpa sempre é minha, ele deixa isso claro todos os dias, e acho que eu acredito nisso também.
Ele desfere mais um soco no meu estômago e sai do quarto, me deixando provavelmente uma ou duas costelas quebradas, minha boca e nariz sangrando e uma alma fodida.
-Mamãe- levanto os olhos e vejo Alasca, minha menininha de três anos -Você tá machucada de novo.
-Está tudo bem, meu amor, a mamãe vai ficar bem.- respondo reprimindo um gemido de dor.
-Vou buscar a caixinha do dodói- ela diz e sai correndo do quarto.
Ah, eu sinto tanto pela minha filha, mal cresceu e já tem que lidar com tanta merda na vida, sempre é ela que me ajuda a fazer os curativos e passar pomada nos roxos que ficam espalhados pelo meu corpo, graças a Deus Jack nunca tocou nela, na verdade ele mal olha para nossa filha, age como se ela não existisse, eu tento ao máximo dar todo o amor que ela precisa, mas eu sei que ela sente falta de um pai presente.
Talvez ele culpe nossa filha por ter "acabado" com a vida dele, meses depois que descobri que estava grávida, meu pai nos forçou a casar, se meu minha família soubesse de como tudo aconteceu, talvez não vissem as coisas assim, pobre papai, não sabe o que sua filha passa nas mãos do marido, mas eu o amo e ele também me ama, é o que importa.
O amor cura todas as dores, não é mesmo?
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Behind the mask
Fanfiction• Às vezes um sorriso bonito serve como máscara, para esconder da sociedade todas as lágrimas que são derramadas e como silenciador, para abafar o mais angustiante grito de socorro que uma vítima possa dar. É assim que Any Gabrielly esconde as dores...