capítulo 6

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Às lágrimas escorriam como cachoeiras.

—Me...me perdoem, eu quero...quero prestar homenagem a minha irmã, a minha melhor amiga, eu tenho certeza que agora ela é um anjo e vive em um lugar melhor que esse que nós estamos, esse mundo não merecia, a pureza e a doçura da Giulia, eu queria tanto ter feito mais por você, meu amor, sinto muito, por não ter feito, me perdoe, eu não...não consigo.

Saio dali quase que correndo, e me sento no banco, desabando em lágrimas, Sofia me abraça e chora junto comigo, minha madrinha volta a falar e logo a missa acaba, eu já estava mais calma.

—Você está melhor querida?

Pergunta minha madrinha vindo até mim.

—Sim, desculpa por não ter terminado madrinha, eu disse que não ia conseguir.

—Não, meu amor, tudo bem, tudo bem, foi uma linda homenagem, tenho certeza que Giulia adorou.

Ela me abraça, depois de nos despedirmos de todos, vamos pra casa dela para o almoço.

Eu já estava mais calma, e conversava normal, agora, no momento, eles enchiam Sebastian de perguntas, sobre Portugal.

—Como vai seu trabalho de policial, Maggie?

Pergunta ele. fazendo com que todos voltassem a atenção para mim.

—Ah, tá super bem, ontem eu encontrei uma mulher enforcada na própria casa, com a filha do lado, chorando, porque não entendia porque a mãe estava daquele jeito.

—Meu Deus, que horror!

—Essa nem é a pior parte, a pior parte, é que foi o noivo que matou ela, mas como não tem provas contra ele, apenas 20 boletins de ocorrência, por assédio sexual e violência doméstica, ele assumiu que tiveram uma briga, mas ainda assim, não tem nenhuma prova contra ele, e ele vai ser solto hoje a noite.

—Meu Deus!

—Quando perguntarem o que é privilégio branco, falem sobre isso, sem ofensa tios!

Fala Sofia.

—Pois é, e aquele cara negro, que roubou um biscoito para dar para os filhos que estavam famintos, está preso, a justiça nesse país é uma merda, eu queria muito que alguém enforcasse aquele homem, do mesmo jeito que ele fez com a noiva, que para variar, estava grávida.

—Minha nossa, ela estava grávida?

—Estava, eu vi no relatório do IML.

—Você invadiu o sistema do IML, né?

—Não dá na mesma?

—Não, sabe que infringiu uma lei, não sabe, policial?

—Isso não é nada, perto das coisas que aqueles caras fazem, por que acha que aquele cara nunca foi preso, diz que o pai dele tem influência, e conhece os chefões de Polícia da cidade, esse negócio de influência é uma merda, nem com toda influência que temos, conseguimos deixar aquele desgraçado preso, e ele matou a Giulia, por outro lado, a influência do pai daquele outro desgraçado, conseguiu livrar ele dá cadeia, olha, sinceramente, não é fácil ser mulher, outra vida que deixei escapar pelos meus dedos.

—A culpa não é sua querida, você fez tudo o que pode, sabe como o patriarcado reina nesses lugares, principalmente em delegacias, eles protegem os homens, e tão pouco ligam, para as mulheres, nós que lutemos, para nos manter vivas.

Fala tia Grace, mãe de Sofia.

—Não tirando a dor de ninguém, mas experimenta ser mulher e negra, em um país racista e machista.

Infiltrada - Operação Máfia RussaOnde histórias criam vida. Descubra agora