Capítulo 74

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-Seu nome é mesmo Nikolai?

-Sim, não precisei mudar meu nome, nem inventar uma identidade falsa, tinha que ser o mais real possível, afinal, Ivan me conhece praticamente desde que nasci.

-Isso é, mas é sério mesmo, que é um agente?

Ele ri.

-Sou Maggie, e por que é tão difícil de acreditar?

-Talvez porque você se sente tão a vontade no papel de mafioso?

-Eu batalhei muito para ganhar a confiança do Ivan e para chegar onde cheguei, tinha que ser convincente.

-E você foi, bem convincente.

-Por isso eu digo que sou o melhor, no que eu faço.

-Tá legal, eu vou ser obrigada a concordar, mas sério que ninguém nunca suspeitou, nem o Dimitri, ele descobriu sobre mim.

-Ele já desconfiou de mim várias vezes, mas eu sempre dava um jeito de provar minha lealdade para Ivan, então, ele ignorava Dimitri, mas eu estou há tanto tempo fazendo isso, que já nem sei mais qual parte da minha vida é real.

-Você se arrepende de ter aceitado entrar para a KGB?

-Eu me arrependo todos os dias, já pensei várias vezes em deixar tudo, e sumir, mas pensei também, que se eu deixasse, Ivan, ficaria sem punição pelo que fez a minha família, talvez ele pagasse, talvez a KGB derrubasse ele, mesmo sem minha ajuda, mas iria demorar anos, mas não adiantou muito, já que faz anos que tô aqui e até agora nada.

-Mas já tem tantas coisas sobre ele, o que te impede de entregá-lo?

-Eu precisava encontrar as provas de que ele roubou a empresa do meu pai, os documentos dizendo que está tudo no meu nome, mas nunca havia conseguido, era basicamente impossível eu vasculhar o computador dele, sem ser descoberto, até já tentei, mas era muito criptografado, e roubar o computador dele, estava fora de cogitação, e eu não sou bom como você em hackear, você caiu do céu, por que pediu a Caterinna que me enviasse, e não me entregou pessoalmente?

-Você iria querer saber como consegui, e colocaria meu disfarce em risco.

-É, faz sentido, mas e você, se arrepende de ter entrado para a CIA?

-Em partes não, eu descobri a melhor versão de mim mesmo, me permiti coisas que antes eu jamais teria feito, descobri que sou boa em coisas que jamais pensei que seria, e eu te conheci, mesmo não sendo de uma forma, digamos convencional, mas eu não me arrependo, teria feito de novo, eu era feliz trabalhando na policia em Bolonha, sendo a justiceira, mas eu sentia que algo me faltava, e eu encontrei, e nem estou falando do emprego como agente.

-Está falando de mim?

-Com certeza eu estou falando de você.

-Realmente não foi um jogo pra você, foi real o que vivenciamos?

Pergunta ele segurando minha mão.

-Foi, pelo menos da minha parte, e eu já te disse, um milhão de vezes, eu sabia que algo me faltava, mas eu nem imaginava que era um amor, eu esperava me apaixonar pelo meu trabalho como agente, que isso iria trazer a satisfação e a empolgação que eu precisava, mas não foi assim, eu não esperava me apaixonar por você, isso nem me passou pela cabeça, a última coisa que eu queria, era me apaixonar por alguém, só queria focar em meu trabalho, ser boa, e esperar o reconhecimento, mas quando eu comecei a te conhecer melhor, soube que minha vida nunca mais seria a mesma, o jeito como me trata, me fez ficar totalmente rendida por você, e em nenhum momento eu me arrependo, só gostaria de poder ter te conhecido, em outras circunstâncias, mas acho que se não fosse isso, nossos caminhos jamais teriam se cruzado, mesmo que não acredite, saiba que foi real tudo o que vivenciamos, eu gostaria de poder repetir tudo, e aproveitar mais, me permitir mais, eu sempre fiquei com um pé atrás em relação a nós, porque sabia que jamais daria certo, eu não queria me entregar demais e depois sair magoada, ou magoar você, mesmo tendo feito isso.

-Você não me magoou, tá legal, só um pouquinho, mas agora estamos quites, já que eu também escondia algo de você.

-É, eu sei, mas você não me usou para conseguir algo.

-Eu te usei para matar o Dimitri, então, estamos quites.

-Eu teria matado ele, mesmo se não pedisse, não poderia arriscar meu disfarce.

-Você achou mesmo que eu iria te enterrar viva, né, ficou morrendo de medo.

Fala ele rindo.

-Seu palhaço, isso não tem graça.

Falo batendo nele com um travesseiro.

-Mas sim, por um momento, eu achei mesmo que faria aquilo, eu nem estava com medo de morrer, mas sim porque você é quem faria aquilo.

-Eu jamais te machucaria, só estava com um pouco de raiva e com medo, se Dimitri tivesse contado para Ivan, ele poderia mandar matar você, e se ninguém me dissesse nada, eu nem saberia do porquê foi morta, nunca me perdoaria por ter colocado você em risco, como hoje, que quase te perdi, foram momentos angustiantes, tentando trazer você de volta.

-Mas você conseguiu, me salvou, eu achei que seria o fim para mim, meu maior medo, era morrer, e não te pedir perdão, e dizer o quanto te amava.

-Amava?

-Você entendeu, bom, eu sei que não é um mafioso, e isso não muda muita coisa, mas o que nos impede de transarmos?

-Nesse momento, essa barreira de travesseiros.

-Que você colocou entre nós.

-Por que disse que não ia mais transar comigo, e sentir seu corpo próximo ao meu é uma tentação.

-Eu disse que não ia transar, se você me obrigasse, e não está me obrigando, eu que estou pedindo, mas, se você quiser, é claro.

-Tá perguntando pra mim, se eu quero transar?

-É, que pergunta a minha né, quando é que você não quer transar.

-Pois é, eu já estava me perguntando, quando é que íamos nos resolver e quebrar o jejum de sexo.

-Por Deus, não é pra tanto.

-É sim, tem um cinco ou seis dias.

-Contando os dias que você estava me evitando?

-É, contando os dias que eu estava te evitando.

-Pensei que já tinha enjoado de mim, e ido atrás das suas garotas do bordel.

-Eu nunca vou me enjoar de você, é melhor do que todas elas juntas.

Fala ele se aproximando e me beijando.

-Eu duvido.

-Ao invés de duvidar, por que não vem gemer aqui embaixo de mim?

-Com prazer.

Infiltrada - Operação Máfia RussaOnde histórias criam vida. Descubra agora