Capítulo 57

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Conto tudo a ela, evitando dar nome aos bois e ocultando o máximo que posso.

—E foi isso!

—Você é muito corajosa, tem que ter coragem para fazer isso, sabe que se descobrirem, vão te matar, né?

—É, eu sei, mas é um risco que estou disposta a correr.

—Mas acha que vale a pena esse risco todo, não estou te criticando, longe de mim, mas sei lá, é um enorme risco.

—Sim, é, e sim vale a pena, como eu já disse, não me importo com o tráfico de drogas, isso sempre existiu, e não vai acabar, é com as mulheres que me importo, eu jurei para minha amiga, que faria de tudo, para livrar o mundo de homens como o que a matou, sei que não é uma tarefa fácil, e eu sozinha não consigo, mas o que eu puder fazer, eu vou fazer, assim como quero acabar com isso de tráfico de mulheres, a máfia russa, lidera o tráfico de mulheres aqui nos Estados Unidos, e a filha do Ivan, é quem está á frente disso.

—Sério, eu não sabia disso.

—É, por pouco minha amiga não  foi mais uma vitima.

—É mesmo, o que aconteceu?

Conto a ela sobre Sofia quase ter sido traficada.

—Minha nossa, e você arriscou seu disfarce para resgatá-la?

—Não tive outra escolha, tinha no mínimo umas 30 mulheres lá, dentre elas, adolescentes de 15, 16 anos, era uma cenário lamentável.

—Foi corajoso o que fez, não se importou em ser descoberta, desde que salvasse sua amiga e as outras mulheres, admiro sua atitude.

—É, eu faria de novo, foi lá que conheci Natasha Egorov, mas na hora, nem caiu minha ficha de que era ela.

—Já sabia que ela mexia com tráfico de mulheres?

—Nikolai me falou sobre, mas eu nem me atentei aos fatos, uma pena que ela conseguiu fugir.

—Mas ela não te viu?

—Não, se tivesse me visto, eu estaria ferrada, conheci ela no outro dia, na casa de Ivan, é uma mulherzinha sem escrúpulos e estava furiosa por eu ter impedido o negócio dela, disse que quando me encontrar, eu estou ferrada.

—Então sabem que uma mulher, libertou as reféns?

—Sabem, só não sabem que sou eu, fiquei o tempo todo com o capuz cobrindo o rosto.

—É uma verdadeira justiceira, mas e essa Natasha, não tem medo dela?

—Não, eu acabo com ela em dois tempos, além do mais, tenho uma carta na manga.

—Que seria?

—Um vídeo dela transando com o próprio tio.

—Com o Dimitri, aquele velho nojento, asqueroso, barrigudo, que é a cara do pai dela?

Rio do jeito que ela fala.

—O próprio.

—O que, ah meu Deus, isso é nojento e repugnante de todas as formas possíveis, como ela tem coragem, ele é a cara do pai, qual é o problema dessa mulher?

—Não sei, mas eu acho, que ele abusava dela, quando ela era criança, e ela cresceu com o abuso, chegou uma hora, que já nem se importava mais.

—O que a faz pensar isso?

—A forma como ela olha pra ele, buscando aprovação em tudo, como se um passo em falso ele pudesse castiga-la, ela é toda manhosa com ele, quando quer algo, acho que Ivan não dava atenção pra ela, aí o tio deu atenção demais, e ela acabou desenvolvendo a síndrome de Estocolmo por ele.

—Nossa observou tudo isso, em pouco tempo que a conheceu?

—É eu sou muito observadora, essa é uma das minhas melhores qualidades.

—Só não observou  que Nikolai está bem atrás de você, escutando toda nossa conversa há um bom tempo.

—Eu consigo ver atrás de mim, através do espelho do armário, boa tentativa Cate.

—Ah merda, eu quase te peguei.

—Terá que se esforçar mais.

Ela ri.

—É horrível ter outra pessoa que é tão boa quanto eu.

—Você tem mais experiência, um dia eu chego lá.

Rimos.

—A você sabe o que, criou um monstro.

—Que nada, só tirou ele da jaula.

—Que modesta.

Rimos novamente, parecíamos amigas de longa data, colocando o papo em dia.

—Mas voltando, acha que Ivan sabe sobre isso?

—Acho que não, ele já teria matado o irmão, mas justificaria Natasha sempre tentando contrariá-lo, acho que sente raiva pelo pai não a ter protegido dos abusos do tio, eu conheci uma garota que sofria abusos dentro de casa, e quando ela contou para os pais, ninguém acreditou, ela acabou desenvolvendo algo pelo abusador, mas não aguentou quando ele tentou fazer o mesmo com a irmãzinha dela, hoje as duas praticamente moram no CAM, eu falo isso, porque já vi vários casos e Natasha, claramente tem todos os indícios.

—Mas isso não justifica o tráfico de mulheres.

—Não, não, justifica, de maneira nenhuma, nada justifica.

—Não mesmo, mas o que pensa em fazer?

—Primeiro juntar as provas, depois entrego ela para a CIA, e eles que cuidem dela, o que é dela, tá guardado, bem guardado.

—Se precisar de ajuda conte comigo, essa é uma causa por qual eu gostaria de lutar.

—Sua ajuda será muito bem vinda, conhece Nova York melhor do que eu, não sei dos possíveis lugares que podem manter mulheres reféns.

—Eu tenho amigos por toda parte, qualquer coisa estarão a sua disposição, eles sabem de tudo que acontece por lá, podem lhe ser uteis, desde que mantenha a... você sabe o que, longe deles.

—Um favor, por um favor, se me ajudarem, ajudo eles.

—Assim que se fala, nem parece que você é uma agente.

Sussurra ela, rio.

—Por que eu sou corrupta?

—Não, porque você acredita nos seus próprios valores, você é fiel a uma causa que acredita, mas tenta ver os dois lados da moeda.

—Se tem uma coisa que não conseguiram modificar, foram meus valores, desde cedo eu aprendi que nem sempre, podemos contar com a ajuda da policia, então, decidi que seria diferente, o que eu puder fazer, para que a justiça seja feita e para que as pessoas certas paguem por seus erros, eu farei, nem que isso vá contra tudo que me ensinaram.

—Pensamos muito igual, antes de entrar para essa vida, eu era contra tudo o que Giovanni fazia, achava que ele era um monstro, e olha onde eu vim parar, não vou dizer que me orgulho do que me tornei, mas já não me sinto tão culpada, pelas coisas que tenho feito, você me entende né?

—E como, eu sou uma versão um pouco ruim de você.

—Eu não diria isso, acho que não teria coragem de fazer isso que está fazendo.

—Eu acho que teria sim, só teria sido mais esperta e menos emocionada que eu, e não se apegaria tanto ao seu alvo.

—Eu não teria tanta certeza, prometi a mim mesma, que jamais me apaixonaria por um homem como Giovanni e olha só, paguei com a minha língua, demorei meses para me entregar a ele, mas, me entreguei.

—Eu já fui mais rápida, talvez mais para frente eu me arrependa? Sim, faria de novo? Sem dúvida.

—Faço das suas palavras, as minhas.

Rimos, era sem dúvida, a amizade mais improvável que eu poderia ter feito.

Infiltrada - Operação Máfia RussaOnde histórias criam vida. Descubra agora