Capítulo 70

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—Não, ela não se foi.

—Os batimentos dela estão zerados, senhor.

—Maggie, volta, por favor.

Por que eu estava sentindo isso, essa angustia, o choro entalado, um medo tão grande, que a única vez que senti, foi quando perdi a minha família, eu não posso perder Maggie também, não me importo dela ter mentido, nem nada, eu só a quero de volta.

Mesmo Wolf dizendo que os batimentos dela estavam zerados, eu não desisto, e continuo com as técnicas de RCP(Reanimação Cardiopulmonar Padrão).

—Senhor, os batimentos dela voltaram, estão subindo.

Me empenho mais, até que ela volta, e solta toda a água que engoliu.

—Meu Deus, você voltou.

Digo abraçando ela.

—Nikolai?

—É, sou eu, nunca fiquei tão feliz em ouvir sua voz.

—Eu morri?

—Digamos que sim.

—Achei que o inferno fosse mais quente, tá muito frio.

Rio.

Neste momento Brad aparece com um casaco, pego e coloco sobre os ombros dela.

—Vou te levar para o hospital.

—Eu estou bem, não é como se fosse ter uma hipotermia.

—Mas eu prefiro que seja examinada.

—Eu não quero ir para o hospital, só me leva de volta para a prisão ok, lá eu estarei aquecida, ou me joga de volta no rio, já que você não se importa.

—Eu não me importo, eu te salvei, como pode dizer que não me importo?

—Só fez isso, pra não se sentir culpado, e porque te salvei três vezes, mais uma e estamos quites.

—Brad, veja se tem alguma fita adesiva no porta luvas, era melhor quando ela estava de boca fechada.

—Ei, o que houve com o, nunca fiquei tão feliz em ouvir sua voz?

—Eu já me arrependi de ter dito isso.

—Magoou.

—Vamos Maggie, antes que eu mude de ideia, de ter pulado nesse rio imundo para te salvar.

Maggie

Depois que Nikolai saiu do meu quarto naquela manhã, onde ele me tratou de uma forma fria e sem compaixão, decidi não ficar mais lá, eu só queria sumir, fugir daquele lugar, para bem longe, onde Nikolai não iria me encontrar e o último lugar que eu queria ir, era para a agência, teria que dar muitas explicações, e eu não estava afim, apesar de aquele ser meu trabalho, eu não estava pronta para entregar Nikolai, e talvez nunca estivesse.

Espero cair a noite, pois eu teria mais chance, de dia, era impossível fugir daquele lugar, os seguranças basicamente faziam uma barreira próximo ao muro, Nikolai realmente reforçou a segurança, enquanto espero, vou planejando um jeito de fugir, consigo passar pela rede de segurança e descubro os locais que ele colocou os sensores de movimentos, achei que ele iria ficar ali, mas vejo quando ele sai e isso facilita um pouco.

Quando escurece, e começa a troca de turnos, era a hora perfeita, então coloco meu plano em ação, Nikolai foi esperto, o gerador, não era mais manual, era computadorizado, mas havia uma criptografia bem complicada e que levaria tempo, então, apelo para o bom e velho truque, água, jogo água no servidor, desligo as luzes, e o show de tiros começa, todos os seguranças se agitam, e saem de seus postos, então, logo estou fora da casa.

A sensação de liberdade, dura bem pouco, quando percebo que estou sendo seguida, minha vã tentativa de despistar, só piora, quando vou parar basicamente em um beco sem saída, e agora não era mais apenas um carro me seguindo, mais sim cinco, ou o filho do Christoff queria mesmo me pegar, para chegar ao Nikolai ou eu irritei muito alguém, talvez Ivan, talvez ele já sabe minha verdadeira identidade e que matei o irmão dele, ou até mesmo Nikolai pode ter me entregado, não seria difícil acreditar nisso.

Quando vou tentar fugir, sou atingida, com um dardo tranquilizante, e antes de eu apagar, ouço uma voz feminina muito familiar.

—Amarrem-na e a joguem no rio Hudson, com uma pedra que a ajude a afundar mais rápido, não quero essa vadia no meu caminho.

Era ela, Natasha, eu reconheceria a voz daquela vaca, em qualquer lugar.

Apago e quando acordo, eu estava amarrada com algumas correntes, não eram cordas, da qual eu poderia facilmente me livrar, mas sim correntes, correntes grossas, junto da corrente, havia uma pedra, tento calcular meus próximos movimentos de como eu poderia me livrar daquilo, mas sem sucesso, eu estava apavorada, e pela primeira vez na vida, eu não tinha um plano, e eu realmente estava com medo de morrer.

Eu preferia mil vezes morrer com um tiro na cabeça, a morrer afogada ou queimada, principalmente naquele rio nojento que é o rio Hudson, mas isso não é o pior, o pior é que eu estava apavorada e não conseguia pensar direito. É acho que finalmente chegou a minha hora, não tinha mais o que ser feito, e quando dois homens me jogam na água, eu tive a certeza, era o fim pra mim, por um momento, eu tive a esperança que de alguma forma, Nikolai me encontraria e me salvaria, mas acho que ele não faria isso, mesmo se ele soubesse que eu estava ali, ele com certeza me deixaria morrer, e não teria que levar na consciência, a culpa de ter me matado.

Enquanto eu estava desesperada, tentando me livrar daquelas correntes, o que obviamente eu não conseguiria, me lembro do treinamento, tento me acalmar e segurar o folego por mais tempo, a morte só chegaria mais rápido se eu me desesperasse, seguro o quanto eu posso, era realmente o fim, eu só queria poder tem mais uma chance de pedir perdão ao Nikolai, e falar sobre meus sentimentos pra ele, mesmo que ele não fosse acreditar, dizer a meus pais uma última vez que os amava, mas era o fim, eu já não aguentava mais segurar, o choro toma conta de mim, enquanto meus pulmões se enchiam de água, um filme passa por minha cabeça, tudo o que eu vivi, e o que eu deixei de viver, e então, vejo uma luz no fim do túnel, tento ir até ela, mas ela que parecia vir até mim, e vai chegando mais perto, até que uma luz clareia o rosto dele.

Nikolai, era ele.

Mas eu já não sabia se aquilo era real, ou meu cérebro me pregando uma peça, e então, eu apago, quando acordo, solto praticamente toda a água que engoli, Nikolai me abraça, e eu ainda estava totalmente desorientada, eu morri ou não, fui para o inferno, impossível que o inferno fosse tão frio assim, Nikolai coloca um casaco em meus ombros, e diz que vai me levar ao hospital, mas me recuso, então vamos para o carro, eu ainda tremia de frio, aquele rio é muito gelado, talvez eu tenha uma hipotermia, confesso que ao vê-lo, eu quase o abracei e não o soltei mais, ele me salvou, por que fez isso, poderia ter me deixado morrer, mas ele pulou lá para me salvar, acho que realmente foi por eu ter salvo ele, só estava retribuindo o favor.

Vou o caminho todo olhando pela janela, me lembrando dos momentos horríveis que passei lá, o desespero pra tentar me livrar e o medo de morrer.

—Maggie, tudo bem, não quer mesmo ir ao hospital?

—Não, eu estou bem, depois eu me examino e vejo se está tudo funcionando.

Mas a verdade, é que eu não estava bem, eu queria chorar, e gritar, nunca me senti tão vulnerável, como me sinto agora, a última vez, foi quando Giulia morreu, a sensação de impotência, por não ter conseguido salvá-la, era a mesma sensação que eu sentia agora, medo, remorso, culpa.

Mas pelo que exatamente eu deveria me sentir culpada, por tentar fugir, é, talvez sim, se eu tivesse ficado na mansão, isso não teria acontecido, ou talvez sim, Natasha estava realmente disposta a me matar, mas já que ela não conseguiu, ela que se prepare, eu vou mostrar a ela do que sou capaz, ela vai se arrepender de ter se metido comigo, ela vai conhecer Maggie Lancelloti, e eu estou disposta a tudo, nem que eu tenha que jogar sujo, mas eu vou derrubar ela, Dimitri já foi e depois dela, vem Ivan, ele ficará mais vulnerável depois de tudo o que eu estou planejando para a filha dele, e agora, isso se tornou pessoal pra mim também, agora estou disposta a fazer o jogo de Nikolai, e depois cada um segue seu caminho.

Infiltrada - Operação Máfia RussaOnde histórias criam vida. Descubra agora