capítulo 35

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Horas depois

As horas passaram voando, ajudei Anna na cozinha preparando o jantar, enquanto ríamos e conversávamos sobre coisas banais.

Depois do jantar, resolvemos ver um filme, mas é óbvio que não vimos o filme realmente.

Já estávamos deitados na cama.

—Por que nunca me disse que teve uma irmã?

Pergunto levantando a cabeça do peito dele e o olhando.

—Anna!

—Ela falou meio que sem pensar, não a xingue.

—Por que eu faria isso?

—É que você raramente fala sobre sua família e nunca falou da sua irmã, ai ela me fala sobre ela, talvez fique bravo.

—Não, não ligo, eu não gosto de falar sobre ela, são lembranças dolorosas.

—Desculpa, não deveria ter te perguntado.

—Tudo bem, você me contou sobre sua amiga, que morreu nos seus braços, também é doloroso pra você falar disso, mas é eu tinha uma irmãzinha, Anika.

—A tatuagem nas suas costas, fez em homenagem a ela?

—Sim, ela amava pássaros, e toda vez que eu perguntava o que ela queria ser quando crescesse, ela dizia que queria ser um pássaro, para voar como eles, aí ela abria os braços e corria pela casa, como se estivesse voando.

Fala ele sorrindo, sorrio também.

—Ela morreu no incêndio com meus pais, eu tentei salvá-la, mas já era tarde demais.

—Eu sinto muito!

Uma lágrimas escorre pelos olhos dele.

Passo meu dedo sobre seu rosto, limpando ela, ele sorri,

—Ela era a luz da minha vida, aprendi ser uma pessoa melhor com ela, depois que ela se foi, meu mundo desabou, num só dia, perdi ela e meus pais, ainda dói a saudade.

—Eu imagino que sim, era tudo o que você tinha.

—Naquele dia, eu havia brigado feio com meu pai, eu disse tantas coisas horríveis pra ele, consegui pedir perdão, antes dele morrer, mas isso me corrói por dentro, eu estou pagando com Ivan, tudo o que fiz com meu pai.

—Não, não diga isso!

—É a verdade, e eu odeio ele com todas as minhas forças!

Apesar de sempre passar a imagem de um homem forte, egocêntrico e arrogante, Nikolai é muito sensível, e tinha sentimentos, coisa que ele evitava o máximo de expor, mas naquele momento, o vendo tão vulnerável, meu coração se apertava, consegui fazer com que ele se abrisse comigo, mas era tão doloroso pra ele, falar sobre aquilo, que eu me sinto horrível.

—Por que não fugiu dele, por que não disse que não queria ficar com ele?

—Eu tentei, mas não consegui, eu precisava estar ao lado dele, e eu preciso.

—Por que?

—É mais forte que eu sabe, você não entenderia, ou talvez sim, por isso, não quero te dizer.

—Tá legal, me desculpe, não precisa me dizer mais nada, você tem fotos da sua irmã?

—Tenho, amanhã eu te mostro ela pra você.

—Eu a imagino assim, como você, cabelos castanhos, os olhos castanhos esverdeados e o sorriso angelical.

—Ela realmente se parecia muito comigo, quando saíamos juntos, as pessoas pensavam que ela era minha filha, eu era novo, mas tinha idade para ser pai, inclusive tinha um colega, da minha idade que já tinha um filho, na Rússia, os pais são muito rígidos, em todo lugar né, mas pelo menos onde eu morava, as garotas, se casavam ou engravidaram muito cedo, para ir embora dá casa dos pais, era comum, você ver meninas de 14, 15 anos, grávida, e hoje é mais comum ainda.

Infiltrada - Operação Máfia RussaOnde histórias criam vida. Descubra agora