Cap 1- Eu Nunca Desejei Isso (REVISADO)

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{Ariele}

- Criança petulante está atrasada- Ouço o barulho da porta ranger alguns passos a distantes.

Me viro lentamente e logo em seguida levanto ao notar a presença da diretora em meu quarto e de mais algumas colegas.

Arrumo meu uniforme, no qual as rendas pretas estavam todas dobradas por cima do tecido cinza de minha gravata, completamente torta. Eu infelizmente, perdia a hora e por esse motivo me encontro nesta situação.

Ao ve-lá se aproximar em passos firmes, sentindo o som dos saltos rangerem sobre as tábuas do chão, logo abaixo a cabeça imediatamente e esperando com que o sermão comece.

- Aonde foi que a senhorita se meteu?- Sinto sua mão apertar meu braço assim me sacudindo. Ela estava zangada e eu sei que mereço isso, estou atrasada e toda desleixada eu poderia ter evitado sua irá com toda certeza.- Eu te fiz uma pergunta Ariele!- Sinto os respingos de sua saliva caírem e meu rosto. Aquilo quase soou como um grito, garanto que não chegou a ser, pois quando a mesma gritava parecia um animal sendo estrangulado. Bem, eu ainda sim tinha medo.

- Me desculpe senhorita Marie, eu acabei me distraindo no meio do caminho da escola e assim perdendo a completa noção do horário- Eu estava me segurando para não chorar o que com certeza seria pior. Eu sabia que poderia vim um castigo muito, mais muito pior caso eu faça isso.

- Pela sua falta de responsabilidade, passará a noite no quartinho do pensamento. Assim em que o casal da fila de adoação, que está logo abaixo de nós for embora. Você irá limpar cada banheiro desta casa Ariele- Me empurra para atrás, assim me fazendo cair contra uma das camas- Desça logo, quem sabe não tenha sorte em de se interessarem por você? O que eu acho muito difícil com a sua idade- Vejo a porta ser fechada novamente e aguarro o travesseiro, enterrando meu rosto contra para abafar o som do meu choro que necessitava em sair.

Desde que completei doze anos, venho me perguntando diversas vezes por qual motivo eu mereci essa vida? Uma vida miserável como essa. Estranho uma criança falar dessa forma, mas é assim que aprendi a descrever mesmo tão cedo. Por que eu não fui como todas as outras crianças? Com um lar, amigos, pais, uma família. Não é pedir demais?

Dizem que com a minha idade dificilmente conseguirei ser adotada por algum casal. A senhorita Marie fala sempre que a preferência são crianças até oito anos. Recém nascidos muito raramente ficam or tanto tempo aqui, são a maior procura.

Mas de qualquer forma é necessário passar novamente pela aquela rotina. Aonde as crianças e adolescentes, todos se vestem com os uniforme do orfanato. O único que nós temos e que usamos apenas nessas ocasiões, quando alguém da fila de adoação vem nos conhecer e assim encontrar seu filho ou filha.

Deixei de ter esperanças nisso e me acostumei a ser uma das últimas opções, claro eu talvez compreenda o porquê da maior parte dos casais, preferirem adotar crianças menores e bebês. Eles conseguirão presenciar cada momento de suas fases de crescimentos. Agora alguém como eu, já não se há tantas chances de ser adotada por algum casal. Não tenho mais graça de ser acompanhada, ninguém quer ver uma criança que está se desenvolvendo e em breve chegará a adolescência.

Mas, não vou mentir eu queria muito saber como é ser amada e receber carinho. Quer dizer, do tipo que dorme juntos com os pais, que recebe abraços e beijos de boa noite.

Isso me parece mágico...

- Senhores, essa é a Ariele...- fico ao lado das outras crianças sorrindo para manter a aparência.- Nossa menina aqui estava com problemas, mas agora está tudo bem. Não é mesmo?- Concordo e vejo que a senhorita Marie, esbolsava um sorriso completamente falso ao casal com um planejamento lindo de seus futuros. Eu podia ver isso, assim como vi em todos que já vieram aqui. Os sorrisos, os olhos brilhando de tanta esperança.

- Algum problema sério?- Um dos homens presentes perguntou direcionando seu olhar em minha direção. Logo desvio com medo de falar algo errado

- Ah, não senhores, não se preocupem em questão a isso. Ariele é muito desastrada, estava com dificuldades para colocar seu uniforme- Ambos deram risadas discretas e prosseguiram com as apresentações.

No meu caso, aquilo se tornou uma completa chatice. Talvez, por eu aceitar que não terei chances de ter uma família, esse privilégio infelizmente não será me oferecido. Eu não sinto absolutamente nada nesses dias de visitas.

Após a diretora do orfanato nos liberar, os dois homens que se encontravm nesta casa, acompanharam a mesma até sua sala. Provavelmente esclarecer algumas dúvidas sobre os documentos e a escolha da próxima criança a ir embora.

Eles pareciam muito felizes e importantes. A freira de meu colégio, diz que não se pode julgar alguém pelo o que vestes, mas nesse caso é praticamente impossível. Eu sempre reparo nisso, uma mania muito feia compreendo.

Sento sobre o balanço de madeira, que ficava nos fundos da casa, próximo as altas grades de ferro que cercavam o local, era o lugar que eu mais passava o tempo, isso é quando eu não estava de castigo por alguma razão incompreensível que a senhorita Marie encontrará.

- Olha só quem está aqui...-fecho meus olhos e respiro fundo, após ouvir aquela voz- a garotinha carente- sua voz se tornou chorosa, prosseguindo de altas gargalhadas.

- Sebastian.- Falo sem ânimo algum.

O garoto covarde da escola, ele só tem esta condutas quando está com seus amigos, se é que podemos chamá-los de amigos.

- O que vocês querem?- Pergunto começando a perder a paciência.- Já não bastou o que fizeram hoje mais cedo?- Caminho até às grades parando em frente aos mesmoes.

- Você vai me bater? Vai orfãzinha?- Pergunta irônico e o mesmo se aproxima assim cuspindo em meu rosto.- É isso que você merece, todos vocês, meus pais mesmo já disseram que são todas crianças sujas e imundas.

- Vamos embora pessoal...- Um de seus amigos sugere enquanto me olhava firme, parecia que aquilo o havia incomodado eu sabia que ele era novo na cidade, pois chegará recentemente em nossa escola.

- Orfãzinha de merda!

Limpo meu rosto com a manga da blusa bruscamente, segurando as lágrimas. Hoje está sendo um dia péssimo como podemos ver.

Eles eram o motivo pelo o qual eu havia chegado atrasada depois do colégio. Ambos me cercaram na rua e começaram a puxar meu cabelo e até alguns socos me deram. Consegui escapar após um garoto que também estuda no mesmo colégio que todos nós apareceu. Dylan, ele só foi respeitado por ser sobrinho do prefeito desta cidade, caso ao contrário apanhariamos nós dois.

Dou alguns passos para atrás, vendo ambos caminharem dando risadas. Fecho meus punhos. Eu estava nervosa com o que havia acontecido e chateada por não conseguir revidar. Como poderia também?

Por um breve segundo me esforço para esquecer tudo aquilo, mas pelo ao contrário com o silêncio em minha mente o ódio se fazia presente e só aumentava a cada instante. Toda fúria misturada. Faziam meu corpo estremece e fora de si, meu coração acelerado e minha cabeça explodindo, como se houvesse um coração bombeando dentro dele.

- Corre Sebastian!

Ouço um grito e abro meus olhos me demorando com Sebastian e seus amigos do outro lado da rua em meio ao fogo que os prendiam. Todos assustados e desperados correndo. Como aquilo havia acabado de acontecer mesmo?

Quanto mais eu olhava para aquele fogo se alastrando, mais minha visão se tornava embaçada, meu coro perdendo a força e se tornando cada vez mais leve até que tudo desapareceu ao meu redor...

Brotherhood: Os Filhos de Elijah MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora