𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝕿𝖗𝖊𝖟𝖊

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za

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za.hir {exp.} em árabe: algo ou alguém que uma vez tocado nunca é esquecido; situação que ocupa a mente e pode levar a loucura. 




— Rayna —


Aquela era a segunda vez que a velhinha corcunda passava por ela apenas naquele corredor. A capa grossa e preta cobria a metade superior do rosto, lançando sombras que escondiam seu olhar, mas o que mais a inquietava era a forma como a mulher se movia com dificuldade, como se a dor estivesse cravada em cada passo, como se a perna estivesse permanentemente danificada.

  Quando a velhinha passou pela terceira vez, mais perto, ela sentiu uma onda de coragem. Um impulso incontrolável a fez querer falar, mas o que realmente chamou sua atenção foi o brilho que reluziu no pescoço da mulher.

  Um colar de prata, com um amuleto adornado que parecia quase pulsar com uma energia familiar. A visão fez seu coração parar por um instante, a respiração entrecortada e o peito apertado. Ela precisava se lembrar de respirar, de manter a calma, ou correria o risco de desmaiar bem ali, em plena luz do dia.

  Onde aquela mulher teria encontrado aquele colar? A última vez que o viu, estava pendurado no pescoço da mãe, deitada em seu caixão, em um momento que parecia um pesadelo do qual nunca conseguira acordar. Ela fora enterrada com aquele colar, e nunca permitira que sua filha sequer encostasse nele. O amuleto tinha uma importância que ela não conseguia explicar, mas que agora parecia ecoar no fundo de sua memória.

  Era impossível estar vendo aquilo, mas a semelhança era inegável... até o padrão delicadamente gravado no metal parecia um eco do passado.

  — Com licença, moça! — a voz dela saiu com mais urgência do que pretendia, mas a velhinha parecia não ouvir e continuou seu caminho, como se estivesse em um transe.

  Rayna ouviu alguns xingamentos de pessoas que passavam, mandando-a ficar quieta enquanto corria atrás da mulher. Como aquela figura conseguia se mover tão rapidamente? Era um mistério que a deixava intrigada e um pouco assustada.

  Ela parecia, de fato, um fantasma.

  Quando a velhinha desceu as escadas e começou a sair do prédio, ela hesitou. Poderia ficar ali esperando Mor e sua namorada, mas aquela mulher poderia ser a pista que a levaria a respostas sobre o que a trouxera até ali. Não estava disposta a deixar escapar essa oportunidade.

  Explicaria tudo a elas depois. Se não acreditassem, bem, era problema delas. Já achavam que ela era um demônio de outro mundo enviado para destruir sua corte, então estava acostumada com a descrença.

𝕬 𝕮𝖔𝖚𝖗𝖙 𝖔𝖋 𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 𝖆𝖓𝖉 𝕾𝖍𝖆𝖉𝖔𝖜𝖘 | acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora